A Primeira regra do Clube dos Anjos

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O Sr. Phibbs, meu professor de inglês avançado, que por acaso é (graças a Deus) a última aula do dia, logo nos passa nosso primeiro exercício de "inglês para a faculdade": uma redação sobre onde visualizamos o que cada um de nós espera estar fazendo daqui a dez anos.

Pego o caderno e clico a caneta para a posição de escrever. E fico olhando para a página em branco. E olhando. E olhando.

Onde acho que estarei daqui a dez anos?

– Tente visualizar a si mesma - diz o Sr. Phibbs, como se tivesse olhando para mim e adivinhado que estou marcando passo.

Eu sempre gostei do Sr. Phibbs; ele é uma espécie de nosso Gandalf, ou Dumbledore, ou alguém legal assim, tem até óculos sem aro e cabelos brancos, presos em um longo rabo de cavalo pendurado sobre o colarinho.

Mas no momento ele está me matando.

Visualizar a mim mesma, ele disse. Fecho os olhos. Lentamente, um quadro começa a se materializar em minha mente. Um bosque sob um céu alaranjado. Um morro. Christian esperando.

Abro os olhos. De repente me sinto furiosa.

Não, penso eu, dirigindo-me a ninguém em especial. Esse não é meu futuro. É o passado. Meu futuro é com Tucker.

Não é difícil imaginar esse futuro.

Fecho os olhos novamente e, com um pouco de esforço, consigo divisar o contorno da grande estrebaria vermelha do Lazy Dog sob um céu limpo e azul. Um homem conduz um cavalo no pasto. O cavalo lembra Midas, com sua linda e reluzente pelagem marrom. De repente, minha respiração engasga na garganta: há um garotinho sobre o cavalo, um garotinho bem pequeno, de cabelos escuros, que ri enquanto Tucker (é Tucker com certeza, eu reconheceria seu traseiro em qualquer lugar) o conduz pelo pasto. O menino me vê e acena.

Aceno de volta. Tucker leva o cavalo até a cerca.

– Olhe pra mim, olhe pra mim - diz o garoto.

– Estou vendo você! Olá, bonitão - digo a Tucker.

Tucker se debruça sobre a cerca para me beijar, segurando meu rosto entre as mãos. É quando vejo o reflexo da aliança de ouro em seu dedo.

Estamos casados.

É o melhor sonho acordada que já tive.

Em algum lugar profundo do meu
íntimo, sei que é apenas um sonho, a mescla de minha imaginação com uma expectativa otimista. Não é uma visão. Não é o futuro que está reservado para mim. Mas é o futuro que eu desejo.
Abro os olhos, posiciono a caneta e
escrevo: "Daqui a dez anos, estarei casada. Terei um filho. Serei feliz".

Clico o botão da caneta para recolher a ponteira e olhos as palavras. Elas me surpreendem. Nunca fui dessas garotas que sonham em casar, nunca obriguei nenhum menino a prometer de casar comigo enquanto brincávamos no playground, nem me cobri com lençóis e fingi que estava entrando na igreja. Quando eu era criança, confeccionava espadas com galhos de árvores. Jeffrey e eu perseguíamos um ao outro no quintal gritando "Renda-se ou morra!". Não que eu fosse masculinizada. Tanto quanto qualquer outra menina, eu gostava da cor lilás, de pintar as unhas, de dormir na casa das amigas e de escrever o nome dos garotos por quem eu me apaixonava nas margens dos cadernos da escola. Mas nunca pensei seriamente em me casar. Em ser a Sra. Fulana. Talvez achasse que acabaria me casando algum dia. Mas parecia uma coisa distante demais para que eu me preocupasse com ela.

Mas talvez eu seja uma dessas garotas.

Olho para o caderno de novo. Escrevi três frases. Wendy está obviamente escrevendo um livro sobre como vai ser sua vida, e eu só consegui alinhar três frases no papel. Algo me diz que não são o tipo de frases que o Sr. Phibbs irá apreciar.

Sobrenatural 2 - Solo ConsagradoOnde histórias criam vida. Descubra agora