Sobrenatural 2 - Solo Consagrado

Sorvete de casquinha quadrado

Ângela está praticando seu violino quando entramos. Ela gosta de fazê-lo no palco do Pink Garter, sob as luzes, deixando a música preencher o teatro vazio. Não é uma canção que reconheço, mas um tipo de melodia bonita, assombrosa que sopra o seu caminho acima até meu pai e eu enquanto estamos de pé na entrada. Quando a última nota desvanece, nós aplaudimos. Ângela abaixa o violino e faz sombra sobre os olhos para nos espiar, incapaz de ver além das luzes do palco.

— Música impressionante, Ange — grito para ela.

— Oh, C, é você. Deus, você me assustou. Eu pensei que você estava sob prisão domiciliar. Não que eu não esteja contente de te ver. Tenho estudado algumas teorias selvagens esta semana - este historiador que analisou o Livro de Enoque de volta na virada do século. Material fascinante.

— Tenho algumas notícias. Você pode descer?

Ela começa a descer as escadas. Nada motiva Ângela como notícias. Tão logo seus olhos se ajustam a pouca luz na seção de audiência, ela vê Papai.

— Santa merda!

— Não exatamente. — Tenho que admitir, eu aprecio surpreender Ângela.

— Você é um Intangere — ela deixa escapar.

— Olá— Papai diz. — Eu sou Michael. O pai de Clara.

O gato está realmente fora do saco agora. Parece estranho, já que ele e mamãe trabalharam tão duro para manter tudo isso em segredo, e agora ele anda por aí se apresentando como o meu pai como se fosse a coisa mais natural do mundo. Mas isso é quem ele é, eu percebo. Ele é simplesmente incapaz de esconder o que ele é.

— O pai de Clara... — Os olhos de Ângela estão como pires. — O pai de...

— Sim.

— Mas isso significaria...

— Estamos colocando uma grande dose de confiança em você, Ângela — ele diz. — Você deve guardar esta informação de todos.

Ela acena solenemente. 

— Certo. Claro que vou. — Sorri. —Wow. Não vi essa vindo. — Ela olha para mim. — Não me diga que você sabia sobre isso o tempo todo.

— Descobri ontem. Quando ele se mostrou.

— Wow.

— Você está me dizendo. — Ela se vira para Papai toda eficiente. — Então. O que você acha de Enoque?

Ele pensa por um minuto. 

— Ele era um homem bom. Eu gostava dele. Embora ele se permitiu ser usado de maneiras terríveis.

Ela obviamente quis dizer o livro.

Ele quis dizer o homem.

— Então você não é uma Quartarius — ela diz. 

Algo sobre o tom de sua voz me faz olhar para ela. Seu rosto está branco, como se estivesse tentando realmente esconder o que sente.

Ciúme. Wow, ciúme. Eu sinto isso, sem sequer tentar. Todo esse tempo ela achou que era a poderosa de nós duas. Ela era Dimidius, eu era Quartarius, e ela gostava dessa maneira. Agora... Ela não tem sequer um nome para o que eu sou. E meu pai está aqui, belo e poderoso e bom, e ele se importa comigo, ele é um link para mais informação do que todos os velhos livros empoeirados do mundo. Porque meu pai é mais velho do que todos os velhos livros empoeirados do mundo.

Seu ciúme é como algo maldoso em minha mente.

— Okay, não vamos ficar totalmente melodramáticos ou qualquer coisa — eu digo. — Não é um negócio tão grande.