03.

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Como Arthur conseguia sorrir tanto?

Tudo bem que ele podia saber que seu sorriso era simplesmente bonito e sair sorrindo para todos o verem era merecido.

Mas mesmo assim, como?

Dante era difícil de sorrir. No máximo, o seu singelo sorriso de canto de boca, nada mais. Sequer se lembrava qual foi a última vez que deu uma boa gargalhada ou que deu um sorriso genuíno para algo ou alguém. E achava que estava bem com isso. Sua vida não era uma montanha russa de emoções, era uma linha longa e reta, poderia viver pra sempre assim, certo?

Mas talvez, só talvez, essa constância estava o deixando entediado.

Sua casa agora estava devidamente arrumada, tirando algumas caixas que iria desembrulhar com o tempo. Todas as sagas do livro de Harry Potter estavam bem enfileiradas na estante ao lado da sua poltrona. Um belo quadro de um campo inteiro cheio de Flores de Jasmim estava pendurado na sua sala. Dante estava orgulho. Era confortável, silencioso, só de sentar na sua poltrona já sentia o bem estar.

Mas novamente os minutos se passaram, e seu pé batucafa no piso de madeira. Ponderou a sua cabeça para o lado, pensando se não tinha nenhuma vizinha que estava o observando em segredo do outro lado da sua varanda com um telescópio, se a rede elétrica não iria cair dentre alguns minutos e sua casa ficaria sem luz o dia inteiro, ou se no momento que pegasse seu celular recebesse a notificação de que acabava de nascer uma nova espécie de macacos mutantes. Muitas ideias que o fizeram viajar para longe, mas ele continuava sentado, sem nada pra fazer.

Mais tarde iria ao show do seu vizinho, cujo local não sabia a não ser que visse em seu celular. Iria encontrar um homem nervoso ou animado? Até mesmo prestes a apresentar um show, naquele momento que bate o nervosismo, ele continuaria sorrindo?

Não se conformava em como alguém poderia ser gentil com outra que acabou de conhecer. Foi assim que Arthur agiu com Dante. Até o jeito dele falar, quando tomaram café da manhã juntos, era gentil depois da interrupção grosseira da noite anterior à aquele dia.

Dante gosta de buscar respostas. Dante acredita que nada é por acaso e por isso queria descobrir porquê aquele rapaz era tão gentil sem estar esperando nada em troca.

Arthur não poderia ser chato porque ele trazia um dos piores lados de Dante: Sua curiosidade, tal como sua irmã.

Sábado, quatro e meia da tarde, o loiro se levantou e foi até seu quarto, abrindo a caixa de presente dado por Carina.

...

Carina Leone, que roupa era aquela?!

Dante se olhava no espelho, meio incrédulo.

Vestiu uma calça social preta extremamente bem passada e a cor era viva. Logo depois, vestiu a camisa também social branca por dentro da calça, a abotoando até chegar em seu peitoral. Ali, os botões sumiram. Na verdade, nunca estiveram lá. A peça era justamente para deixar aquela parte do corpo exposta e Dante nunca tinha experimentado nada do tipo. Não com a intenção de sair, pelo menos. E por fim, um paletó branco com detalhes em preto, como listras fibas e a borda onde tinha os botões.

Quando achou que estava perfeitamente arrumado, enxergou um colar no fundo da caixa, seguido de um bilhete:

"Vê se não quebra um dos meus melhores colares igual você fez daquela vez.

Benvenuto in Italia!
Ti amo.

Carina."

Dante sorriu, lisonjeado.

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