Para que pudesse passar suas duas semanas restantes antes do Festival Cultural, Dante fez uma nota mental para que não cometesse mais acidentes constrangedores.
Passo 1: Não se distrair demais.
Dante tinha a impressão de que quando pensava demais ficava avoado e não prestava atenção no que fazia ou no que falava. Ou seja, estava suscetível a ser estranho. Ficar com a boca aberta alheiamente, falar pelos cotovelos, fechar os olhos por tempo demais, dentre outros.
Passo 2: Se concentrar nos grupos dos outros alunos.
Gostaria de ficar o tempo todo guiando o grupo de Agatha? Sim. Mas tinha que dar prioridade aos outros também, até porque eram tão interessantes quanto.
Por exemplo: Na 2-B, um grupo de 4 alunos pegaram K-pop para representar no trabalho, e não sabia que podia ver pessoas ficarem tão felizes com um projeto escolar. Dante foi até lá perguntar qual era a ideia delas e uma falava por cima da outra, com tantas ideias acumuladas. Uma delas era sobre colocar BTS como "maiores da geração", mas a outra metade achava que esse título deveria ser dado ao BLACKPINK. Quase brigaram na frente do professor, e aquele encontro era apenas para discutirem sobre o que fariam com o tema. Dante sugeriu que, sendo assim, por que não colocavam os dois nesse nome? Mas ao receber um "NÃO" dos 4 alunos, acabou apenas dizendo "sigam seus corações" e se afastou.
Passo 3: Parar de olhar para Arthur.
Quase que o tempo todo seus olhos se voltavam a ele, como um imã. Dante só queria checar o que estava fazendo, por pura curiosidade, ele jurava.
Mas se perdia ao observa-lo de longe. Em como ele não se continha em falar o que queria, em como ele gesticulava, em como ele ria com algum comentário que os meninos faziam ou no jeito que não deixava de sorrir quando não entendiam a ideia que ele propôs. Mas nada disso era como a mania que ele tinha de mexer no cabelo e jogar os fios castanhos para trás. Talvez ele nem percebesse quando fazia, mas Dante percebia, e se sentia idiota por achar aquilo atraente.
Aliás, isso anulava todos os seus três passos.
— O que cê tá fazendo? — Agatha balançou o seu braço, o despertando de seus pensamentos.
— Hã? — Ele olhou pros lados, meio confuso, os alunos arrumando os materias. — Ué, cadê o... Rapaz? — Ele entreolhou o lugar onde o moreno estava, junto do grupo de Agatha que também já se preparava para ir embora.
— Que rapaz? O Arthur? — Ela arregalou os olhos e estralou os dedos na frente do rosto de Dante. — Pelo amor de Deus! Ele já foi embora faz tempo, só semana que vem agora que ele vai dar uma passadinha aqui. Cê tá dormindo? — Agatha começou a andar em direção a saída.
— E... só uma perguntinha... — Ele a seguiu, apressando seus passos. — De onde você conhece ele?
— Ah eu conheço o Tutu há um tempinho já. — Ela sorri. — Eu era fã dele quando, quer dizer, no caso eu ainda sou, mas quando os Dragões Metálicos começaram, eu tinha 14 e eu era tipo a primeira fã que eles tiveram. Eu estive lá no primeiro show deles. — Ela disse com orgulho, colocando a mão no peito. — E aí eles até me davam alguns privilégios que outros fãs depois não tiveram. Como por exemplo, ser amiga deles. — Agatha começou a andar de um jeito engraçado, super alegre, até parar subtamente, fazendo Dante quase atropela-la. — Por que você tá tão interessado?
— Fiquei curioso. Só isso. — Respondeu, mas ela se virou e semicerrou os olhos para ele.
— Você acha que engana quem? — Acusou antes de se virar devagar e continuar andando.
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Home - danthur
RomanceOnde Dante, um jovem reservado e com pouca esperança, está em busca de um lugar tranquilo o qual pode chamar de lar e o acaso o leva a ser vizinho de um guitarrista feliz (até demais) de uma banda de rock, Arthur Cervero.