— Como que eu faço? — Dante pegou o controle de video game que o garoto do 5° ano entregava e se sentou na cadeira frágil de plástico.
— É só você clicar nesse botão pra iniciar o jogo, o objetivo é você encontrar uma chave no final. Se conseguir, claro. — Ele disse com um tom convencido e ficou ao lado do professor que nunca tinha visto antes.
Dante tinha comparecido ao festival do ensino fundamental I. Não avaliaria ninguém do segundo ao nono ano por não dar aula pra nenhum deles, mas mesmo assim era necessário todos os professores estarem presentes nos três dias, de acordo com o Fritz.
E agora, quase no fim da manhã, Dante está na barraca do quinto ano cujo o tema é sobre jogos eletrônicos. O grupo de três garotos e duas garotas especificamente ficaram cerca de 15 minutos falando o que entendiam sobre os jogos mais antigos, do início dos anos 2000, e toda a decoração era baseada nisso. Tinham instalado uma televisão ali dentro e um aparelho de video-game, e o professor se perguntou se era tão incopetente assim de não ter conseguido instalar na sua casa enquanto crianças conseguiram fazer isso num pátio.
Uns símbolos roxos formavam o nome do jogo, que Dante não entendia, logo em cima do botão para iniciar:
Jogar?
E Dante deu start.
De acordo com Henri, o garoto com o cabelo castanho e penteado de topete, era um jogo de terror. A tela do menu tinha um fundo distorcido e estranho e assim que iniciou o jogo percebeu os gráficos antigos bem característicos.
O jogo era de primeira pessoa e começava só com um corredor que seguia em frente, onde as paredes tinham uma resolução baixa. Dante então começou a andar pelo corredor escuro, mas apesar da ambientação macabra, o loiro não se abalava tanto quanto Henri esperava, deixando-o desapontado. O personagem de Dante chegou em uns blocos que bloqueavam o caminho, e chegou até a se assustar pelo barulho alto e esganiçado, mas disfarçou bem, seguindo pelo caminho a esquerda.
Ao chegar em uma sala com dois blocos texturizados como madeira, o aluno narrou aquela cena como se fosse a coisa mais legal que tinha feito na sua vida, possivelmente era, explicando que tinha três saídas para o professor, o caminho a esquerda, seguir em frente ou a direita. Como acreditava que a direita era sempre a melhor escolha, Dante seguiu por ali. Porém, não esperava levar um susto de uma criatura vermelha e gosmenta saltando na tela, fazendo-o dar um salto e consequentemente levando Henri a gargalhar.
Game Over apareceu na tela e Dante se levantou ainda tentando disfarçar, ajeitando sua roupa e rasgando elogios para o grupo antes de ir embora dali, tentando esquecer daquele bicho esquisito do jogo.
No dia seguinte, Dante ficou impressionado com o cuidado e a admiração que os alunos do sétimo ano tiveram com o tema sobre desenho. Em praticamente todas as barracas que foi viu desenhos feito pelos alunos, de traços diferentes, jeitos diferentes, essências diferentes. Alguns em telas digitais, outros no papel e até com aquarela. Outro que chamou a atenção de Dante e não o fez apenas passar em frente e observar de longe foi o nono ano com os HQ's. As barracas todas eram bem coloridas e tinham muitas pessoas dentro afim de ouvir as explicações e de ver os quadrinhos. O professor não entraria ali dentro por causa da quantidade de pessoas, mas fez isso para conseguir os brindes que ali distribuíam para quem assistisse a apresentação. Eram chaveirosinhos de mini mangás. Poderiam facilmente ter feito algo mais simples, mas investiram em algo minucioso e fizeram o brinde ser literalmente um mangá, só que minúsculo, era possível de se ver os quadrinhos entre as folhas pequenas. Dante levou quatro.
Na hora do almoço, quando o festival acabava, Elizabeth e Alexsander o convidaram para almoçar. Na verdade, nem precisaram ouvir de Dante se ele aceitava ou não, em dado momento já estavam a caminho do restaurante e o loiro, bem, estava com fome. Estava se acostumando com a presença dos dois, das curiosidades aleatórias jogadas no ar e das fofocas sempre contadas por Elizabeth e sempre seguidas de alguma reclamação. Dante agora fazia alguns comentários vez ou outra, concordando com Alex e os mil fatos que não sabia de onde ele tinha tirado ou ficando curioso com as teorias da Webber.
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Home - danthur
RomanceOnde Dante, um jovem reservado e com pouca esperança, está em busca de um lugar tranquilo o qual pode chamar de lar e o acaso o leva a ser vizinho de um guitarrista feliz (até demais) de uma banda de rock, Arthur Cervero.