16.

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Dante achava que Arthur estava evitando-o.

E como tinha chegado a essa conclusão?

Tinha aparecido na varanda no final da tarde, como de costume, e ficou ali esperando o moreno enquanto fitava o cinzeiro acabado, imaginando como poderia reconstrui-lo com as tintas que tinha em casa. Mas alguns minutos se passaram e nada de Arthur. Dante pegou então o celular e visualizou a mensagem dele que dizia não ter tempo para aparecer ali naquele dia. Até aí tudo bem, não tinha estranhado, mas momentos como aquele foram acontecendo com mais frequência durante a semana, quando o chamava pra jantar na sua casa ou para simplesmente passar a noite lá porém continuou dizendo estar ocupado.

Era inevitável não pensar que essas atitudes eram consequências do que tinha falado na Segunda-feira, quando contou sobre seu passado e chorou em seu colo. Nunca tinha dito algo como aquele a ninguém. Ele estava com vergonha? Constrangido? Dante estava mesmo certo quando pensava que jamais deveria falar sobre seu passado a alguém?

— Acha que é exagero? — Dante se deitou de bruços na cama, segurando o celular com uma mão e com a outra ponderava sua cabeça.

Quer a sinceridade? — Carina Leone respondeu do outro lado da linha.

— Claro.

Mas a sinceridade verdadeira ou a sinceridade mentirosa? Existe essa diferença.

— Anda logo!

Olha... É assim mesmo. Ainda mais que vocês são só ficantes. Vai ver ele enjoou de você.

Dante parou de respirar por alguns segundos.

— Você acha?

Acontece. — Foi possível ouvir ela mastigando alguma coisa enquanto deitava, possivelmente um daqueles biscoitos  gostosos para comer a qualquer hora, sabor vento. — Ah não ser que ele goste de você... Ou você esteja gostando dele. Aí é diferente.

— Por que? — Perguntou depois de um tempo olhando a parede. — Por que é diferente?

Porque envolve sentimento, Dante. É sempre mais intenso. É mais difícil de quebrar, mais difícil de enjoar um do outro. É claro, isso sou eu quem tá dizendo a partir do que eu já vivi, existem casos que são bem diferentes. Enfim...

— Já viveu?

Uhum.

— Quem é ela?

Como?

— Sua nova namorada. Qual o nome dela.

Tá ficando louco?

— Você falou como se estivesse apaixonada.

Está querendo reverter a história aqui? Você é quem está apaixonado!

— Eu não estou apaixonado!

Nem eu!

— Eu vou desligar!

Tchau! — E desligaram ao mesmo tempo.

Dante deitou sua cabeça no colchão, achando aquela situação divertida. Pouco tempo depois, se lembrou das palavras de Carina e elas não saíram de sua cabeça desde então. O loiro reconhecia aquele sentimento que nutria por Arthur, não tinha grande conflitos em aceitar isso e também não se incomodava com a relação sem compromisso que tinham. Mas e Arthur? Sentia o mesmo por ele?

Como se tivesse lido sua mente, Dante recebeu uma mensagem do guitarrista, que agora tinha o nome de contato como: Coração Verde. Depois de Arthur reclamar que não tinha nenhum emoji no nome de contato dele, Dante colocou literalmente um coração no nome.

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