02.

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- Eu estou indo aí agora. - Dante parou na frente do espelho e prendeu seus fios loiros e longos em um rabo de cavalo apertado atrás da cabeça, deixando alguns deles escaparem propositalmente, caindo no seu rosto.

Eram dez e meia da manhã e Dante já estava saindo de sua casa mal arrumada até a mansão dos Leone. Ele sabia onde era, mas como exatamente chegaria até lá? Na ligação com Carina, onde ela tagarelava quando o rapaz mal tinha aberto seus olhos direito, disse que daria um jeito de seguir o caminho, mas teria essa habilidade?

Itália nunca foi o país que mais queria viajar na sua vida. Até mesmo tinha uma prioridade de onde queria ir antes de qualquer lugar: A Irlanda. Lá era cercado pelo frio; Dante gostava do frio. Lá era quieto, vazio, poucas pessoas; Dante gostava parcialmente da solidão. Lá existe o próprio café irlandês, o orginal. É óbvio que existe essa bebida em algum outro lugar, já até tinha tomado, mas Dante não podia morrer sem tomar a mistura de café com uísque irlandês, açúcar e chantilly da própria Irlanda.

Mas Itália nunca tinha o cativado tanto. Considerava vir para visitar, mas morar? Achava isso loucura no fundo. Mas se esse fosse o preço para ficar mais calmo ele aceitava.

Estava saindo pela sua porta quando percebeu que o homem da noite anterior também saía de sua casa. Ele ficou surpreso em um primeiro momento, suspendendo as sobrancelhas.

Dante ajeitou os óculos de grau retangulares do seu rosto. Não sabia o que dizer. Não sabia nem mesmo porquê ainda estava sem palavras. Podia apenas dizer bom dia e seguir seu rumo, mas permaneceu parado, esperando que alguém disesse algo.

- Oi! - O homem falou, abrindo um grande sorriso e acenando com a mão. Ele tinha um sorriso largo, daqueles que mostrava todos os dentes, alguns levemente tortos. Era bonito. - Queria te pedir desculpas por ontem de novo, huh... Nós passamos um pouco do ponto mesmo. - Coçou a sua nuca, claramente sem graça.

Dante continuou sem dizer nada.

- A Propósito, me chamo Arthur.

Ele estendeu sua mão direita, e só então Dante percebeu que o lugar onde teria seu braço esquerdo era ocupado pela manga do sobretudo grosso e abatido com um nó.

- Arthur?

- Arthur Cervero.

Dante estendeu sua mão finalmente.

Sentiu como um choque ao levar seus dedos frios e finos a tocarem a superfície da mão quente e quase úmida do moreno.

- Me chamo Dante.

Arthur esboçou.

- Dante?

Suas mãos se afastaram depois de uma leve balançada.

- Não costumo dar meu sobrenome pra pessoas que eu não conheço.

- Ah, isso pode mudar agora. Tá afim de sair pra tomar um café? - Disse em um tom simpático, simplório, como se não estivesse convidando Dante descaradamente para sair e como se não tivesse com um sorriso sugestivo no rosto.

- Talvez uma outra hora.

- Eu pago. É o meu pedido de desculpas por ontem a noite.

- Fechado.

....

Em um lugar bem perto dali, bem perto mesmo, na primeira esquina que viraram e mais alguns prédios depois, os dois chegaram em uma lanchonete nomeada:

Mo'ogli

Estava escrito enorme na fachada escrita a fonte Montic, o fundo era branco, em contraste com a letra preta, e o estabelecimento seguia o mesmo padrão vitoriano das outras casas. E a julgar pela aparência que tinha de dentro, através das janelas grandes e largas, era definitivamente aconchegante.

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