Dante esperava continuar andando em linha reta e passar seus dias sem muitas curvas, mas até que estava gostando das nuances entre a linha reta a qual chamava de vida.
Trabalhar com aqueles adolescentes o fazia enxergar outras realidades além da sua, e a cada dia ele aprendia e descobria coisas que nem imaginava. Como por exemplo, que baleias orcas não eram tão agressivas como sempre espalhavam por aí, e que inclusive nenhum caso foi registrado de que uma delas atacou um humano na natureza. Mas mesmo assim, Dante enquanto assistia o vídeo que um aluno lhe mostrava sobre tais baleias, não conseguiu deixar de se arrepiar de medo.
Ou então a fofoca que estava rolando pelos corredores de que todo dia no final da tarde tinha dois funcionários importantes do colégio que se pegavam nos fundos, perto do porão. Nunca dizem quem é por ser "um escândalo", mas sempre que ouve alguém falando sobre, existem risinhos maliciosos.
Além disso, toda Terça e Quinta Arthur aparecia no pátio a tarde para ajudar o grupo de Agatha, e Dante não podia negar que seu coração palpitava com a presença dele ali. Mas não como antes, que o deixava nervoso e fazia as bochechas explodirem e assim ficar mais desajeitado do que já é. Agora era de forma que o fazia ter vontade de se aproximar, de conversar, e não era por por sua curiosidade, pois estava interessado.
Quando o professor deixava os alunos por conta própria, porque precisavam, e só ia nas mesas quando o chamavam, ficava de longe os observando enquanto trocava uma ideia com o moreno. Arthur contou que em uma das conversas que rolava na mesa de Agatha, Eduarda contou que consegue ouvir espíritos e de vez enquando até consegue vê-los. Arthur se arrepiou por inteiro e ficou pálido, falando que começou até a sentir um frio vindo da esquerda. Dante ao ouvir isso negou com a cabeça, batendo no ombro de Arthur com um sorriso pequeno nos lábios. O loiro disse que a criatividade da menina era surpreendente.
No final da última semana antes daquela que teria o Festival Cultural, o projeto de Agatha já estava praticamente completo, aliás, parecia pronto para Dante, até porque eles continuaram trabalhando nisso fora da escola, juntos, se encontrando em um local que combinaram, - informação essa que só ficou sabendo pois Agatha falou sobre cada dia da semana na hora do intervalo com Dante, dizendo como era divertido e das besteiras que faziam, mas isso porque ela pouco ligava pros três - mas por que eles pareciam tão desmotivados na mesa?
- Tá faltando alguma coisa... - A menina de cabelos pretos disse com a mão apoiada no queixo.
- O que por exemplo? Já tá tudo mais que perfeito! Vocês tão procurando pêlo em ovo! - Cassiano disse apontando pra maquete realmente bonita deles.
- Não é isso, Cassiano! Olha só pro terceiro ano... Eles estão se maquiando pra ensaiar a peça que eles mesmos vão atuar. - Eduarda apontou discretamente para a mesa distante onde estavam os alunos da outra série.
- O tema deles é teatro e eles vão até apresentar algo no palco! Eu fiquei sabendo que outras turmas vão fazer coisa desse tipo, e a gente? Só temos uma maquete. - E Hugo murmurou, com um biquinho chateado.
- Talvez esse seja o diferencial de vocês. - Dante tentou ser positivo, porém eles só suspiraram.
- E nós nem sabemos tocar nenhum instrumento pra nos apresentar também! Eu pelo menos não sei. Você sabe, Agatha? - Ela negou. - Eduarda?
- Hm-hm.
- Cassiano?
- Prefiro não responder essa pergunta.
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Home - danthur
RomanceOnde Dante, um jovem reservado e com pouca esperança, está em busca de um lugar tranquilo o qual pode chamar de lar e o acaso o leva a ser vizinho de um guitarrista feliz (até demais) de uma banda de rock, Arthur Cervero.