Capítulo XXI

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Quando acordei, o sol ainda não se tinha levantado sequer. A noite estrelada ainda era dominante, num dia repleto de eventos e acontecimentos maus, que ficariam marcados para a história. Tinha tido um terrível pesadelo com o Presidente Cha, um pesadelo que envolvia uma cena macabra na sala de audiências do tribunal. Com frio, vesti o robe e fui até à cozinha, eu precisava de beber uma bebida bem quentinha para aquecer a alma magoada. Estava a preparar um chá, quando ouvi duas vozes bem familiares: a do Taehyung e do Jin-young. Antes que fosse apanhado, escondi-me atrás da ilha da cozinha.

- O Jimin já está a dormir? - Aquela era a voz do Taehyung. O que é que ele fazia ali? Não tinha ido embora? Vendo pelo canto da ilha, os dois sentaram-se nos sofás a beber whisky, sendo evidente que o Taehyung estava sentado no cadeirão e o Jin-young num dos sofás, nervoso e a tremelicar. Dava para perceber a ansiedade, pela forma como o copo tremia nas suas mãos, o líquido dourado quase a ser virado. Desde quando é que eram amigos? - Ele está a dormir?

- Que nem uma pedra, não se preocupe senhor Kim. - Ok, agora a minha cabeça estava mais confusa do que se tivesse andado numa montanha russa. Por que é que o Jin-young tratava o Taehyung de uma forma tão formal? Nada parecia fazer sentido, era como se os papéis estivessem invertidos. - Durante quanto tempo vamos conseguir manter esta farsa?

- Durante o tempo necessário. - Farsa? Qual farsa? - Como é que está a situação com o Jungkook?

- Ele não desconfia de nada, continua a achar que eu é que sou o líder e cabecilha. - E não era? - Eu não sei se consigo fingir mais o meu interesse romântico pelo Jimin, sabe como o Ji Sung é ciumento.

- Só preciso de mais uns dias.

Aquela conversa deixou-me sem dormir o resto da noite

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Aquela conversa deixou-me sem dormir o resto da noite. Como é que eu podia ser tão ingénuo? O cabecilha da máfia rival à do senhor Jeon era o Taehyung. A questão era: o que é que o Taehyung tinha contra ele em concreto? Eles pareciam não se conhecer até ao dia em que se encontraram por minha causa, na casa do senhor Jeon. Os meus pensamentos foram interrompidos por uma governanta a trazer-me o pequeno-almoço à cama, num tabuleiro requintado e cheio de coisas aparentemente deliciosas. Ainda de pijama vestido, deliciei-me com a minha primeira refeição do dia. No final, pousei o tabuleiro em cima de uma das mesas de cabeceira e fui-me vestir. 

Vários dias se passaram comigo trancado naquele quarto, o Jin-young cada vez mais ausente. Mas tudo mudou numa noite em que estava a ver Netflix no sofá, a deliciar-me com umas pipocas doces caramelizadas. O Taehyung simplesmente apareceu, desligou a televisão e sentou-se no cadeirão, fazendo com que me sentasse hirto e a morrer de ansiedade. Engoli em seco perante o seu olhar e expressão séria, a forma como me olhou de cima a baixo foi atemorizante. 

- Boa noite, Jimin. - O sorriso torto fez-me arrepiar, tal como a sua voz de barítono. Nem parecia que tinhamos sido melhores amigos durante tanto tempo... Se calhar a amizade nunca tinha sido verdadeira, pelo menos da sua parte. - Como é que estás?

- Não vamos fingir que te preocupas comigo. Aliás, mais vale pôr tudo em pratos limpos e começares por admitir que o verdadeiro cabecilha da máfia não é o Jin-young mas antes tu.

- Desde quando é que sabes?

- Não importa. O que importa é o que quer de mim agora, caso contrário não estaria aqui. Mais vale ser brutalmente honesto comigo.

- O que eu quero é ver o Jungkook patinar sem a pessoa que mais gosta, o seu verdadeiro rival sempre fui eu, o Jin-young é o filho de um dos funcionários mais leais dos meus pais. - Claro que toda a sua história de vida também era uma grande mentira. Onde é que estava a admiração? - Acontece que eu me aproximei de ti há mais tempo, porque tu eras o secretário do Presidente Cha, que tem grandes dívidas comigo. Quem é que achas que o denunciou às autoridades? Fui eu, queria vê-lo no lodo, já que não me pagava o que devia. O homem teve um ataque cardíaco antes que fosse parar atrás das grades, onde iria morrer num ajuste de contas. Mais recentemente descobri que eras a pessoa pela qual o Jungkook nutria sentimentos mais profundos, como é óbvio que não esquecerei o que ele fez ao companheiro do Jin-young. Num momento em que não tinhas mais utilidade, passaste a ser o centro de tudo.

- E vais manter-me aqui fechado para sempre?

- Eu não punha as coisas dessa forma. Tu és um meio para atingir um fim. Acontece que eu agora olho para ti de outra forma e consigo entender o fascínio do Jungkook.

- Eu não tenho interesse nenhum em ti. - Sem que eu estivesse à espera, levantou-se do caldeirão e encurralou-me entre os seus braços, baixando o rosto na mesma altura do que o meu. - Afasta-te.

- Ainda não percebeste, pois não? - Com uma das suas mãos, puxou o meu queixo para cima, fazendo com que tivesse de ver o seu maldito rosto perfeito ao pormenor. Engoli em seco, o seu perfume cítrico teve um impacto maior do que esperava e agora as minhas faces estavam coradas e as orelhas vermelhas. - Eu vou fazer de tudo ao meu alcance para te fazer mudar de ideias. 

- Nada...

- Sh... - Colocou o seu dedo indicador à frente dos meus lábios, aproximando-se o suficiente para que os seus lábios estivessem rentes ao meu ouvido. - Com calma iremos lá chegar.

POV Jungkook (🤗)
Eu não sabia o que fazer mais... Tinha tentado aceder às câmaras de vigilância da cidade, mas algumas das gravações tinham sido apagadas, fazendo com o não desconfiasse o Jimin pudesse estar. O próprio melhor amigo, o Taehyung, não desconfiava onde ele pudesse estar, até porque não o tinham tentado contactar. Fazia cinco dias que o procurava em todos os espaços do Jin-young, porém todos eles estavam vazios e apenas tinham recados a incitar a minha raiva. 

- Jungkook... Tens de comer alguma coisa. - Era a voz preocupada do Jin hyung. Eu já nem tinha energia para despir o pijama, fazer a barba ou pentear. O desleixe era total. - Trouxe algumas coisas para tu comeres.

Em cima do tabuleiro estava uma soupa e alguns dumplings. Numa outra ocasião, ficaria super satisfeito com os dumplings, no entanto não existiam motivos para sorrir. Tentei comer um pouco, mas não conseguia manter muita comida no estômago, por causa dos nervos.

- O Taehyung continua sem notícias. Ele está igualmente devastado, fui até à sua casa e o seu aspecto diz tudo. O Yoongi e o Hoseok estão a tentar descobrir o paradeiro das gravações perdidas. Recebeste mais algum recado do Jin-young?

- Não, esse desgraçado vai pagar muito caro pelo que está a fazer. No início, pensei que o Jimin tivesse fugido.

- E ele teria motivos para fugir, Jungkook?

- Claro que não!

- Temos notícias! - O Hoseok adentrou o meu quarto com um grande sorriso vitorioso. - Conseguimos recuperar parte das gravações. A última vez que a carrinha do Jin-young foi vista foi nas imediações do condomínio onde o Jimin costumava morar.

Com apoio a um tablet, mostrou-nos todo o caminho percorrido pela carrinha do Jin-young. Qual era a probabilidade de o ter encontrado, logo num sítio tão óbvio? Estava para me preparar para ir procurar pelo Jimin, porém o Hoseok voltar a falar.

- Eles apenas fizeram uma pausa de dez minutos, depois continuaram em direcção a Busan. Foi lá que a carrinha foi vista pela última vez.  - Os pais do Jimin eram de Busan! Nada fazia sentido... - O que devemos fazer, chefe?

- Porem-se a caminho de Busan.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora