Capítulo IX

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Antes que tivesse sequer a hipótese de pensar no que seria viver para si, os seus lábios aproximaram-se do meu ouvido até ficarem bem rentes ao meu lóbulo. Depois, uma voz mais grave e rouca fez-me estremecer.

- Jimin, amor, até onde já foste com alguém? Já beijaste alguém? - Hipnotizado respondi que não, sem a noção que estava a admitir algo que só o Taehyung sabia. - Hm... E eu poderia ser o primeiro e o último? 

- Jungkook... - Falei numa voz falha, mil e um arrepios a percorrer o meu corpo bem mais pequeno e frágil. Tentei não me mexer, mas tinha uma parte específica do meu corpo que despertou pela primeira vez com o toque de alguém. Quase que entrei naqueles segundos em pânico. - Isso não vale.

- Claro que vale. Eu vou-te beijar, Jimin. - Foi o seu único aviso antes de juntar os seus lábios aos meus. Eram suaves e conduziam os meus inexperientes numa dança lenta e romântica, o contrário do que esperava de si. As suas mãos estavam no meu rosto, o seu toque íntimo e quente das suas mãos a deixar num canto o meu receio de não saber beijar. Quando já não conseguíamos respirar os seus lábios afastaram-se dos meus, com os seus dentes a morderem o meu lábio inferior, sem realmente morder. - O nosso primeiro beijo, não te esqueças. Fala comigo, amor. 

- Desculpa se foi um beijo mau, eu não sei beijar, deve ter sido horrível... - Falei já em pânico, a tentar escapar do seu agarrar cada vez mais insistente. As suas mãos agarraram firme os meus pulsos, as suas coxas musculadas a imobilizarem o meu tronco e pernas. Noutra altura tinha sido incómodo, provavelmente teria dado um estalo, contudo o meu corpo reagia de uma forma oposta, a minha mente a voar com a minha imaginação. 

- Nada disso. - Com o seu dedo grande acariciou a minha face direita, alisando a pele com carinho, o mesmo carinho que via nos olhos agora mais claros devido à luz natural  ainda fraca de uma madrugada, misturada com a luz dos candeeiros. Tinham passado assim tantas horas? - Não te diminuas. Foi perfeito. Anda, vamos tomar o pequeno-almoço, neste momento estás com um ar extremamente sensual e sexual.

- E aquele problema? - Ignorei a sua fala, ele tinha-se apercebido... - De ontem.

- Tenho uma reunião daqui a uma hora. Podes convidar o teu amigo Taehyung se quiseres, hoje é a sua folga.

- Vou ignorar esse detalhe e simplesmente agradecer a flexibilidade. 

Tomámos o pequeno-almoço em conjunto, um pequeno-almoço completo com direito a panquecas com xarope de mel e sumos naturais. Desde as panquecas ao mel e sumos, tudo era caseiro e notava-se a cada dentada dada. Àquele andar ficaria uma bola. 

- Vou ter de ir, Jimin. Estás aqui protegido, com segurança cerrada à volta da casa. Podes circular pelo jardim e nadar na piscina, quero que te sintas à vontade, eu prometo que tudo vai voltar ao normal. Depois da reunião, vamos jantar com o Yoongi, com o Hoseok e o Jin. Seria um prazer o Taehyung ficar e jantar connosco. Ainda não sei se um parceiro de negócios e aliado chamado Namjoon vem. Ainda é cedo, sei que gostas de ler. Tenho uma biblioteca. 

- Jungkook tem cuidado, por favor. 

- Eu terei. - Aproximou-se de mim e deu um beijo na minha testa. - Vou-te ligar ao longo do dia, portanto tem sempre o telemóvel contigo. Qualquer coisa, tens a minha cozinheira e empregadas para qualquer pedido. Algo fora do comum que notes é só chamar a segurança ou ligar-me. Adeus, Jimin.

- Adeus, Jungkook.

Foi assim que nos despedimos. Tal como me sugerira, fui explorando a casa até chegar às inconfundível biblioteca. Tinha de ser sincero, era uma pessoa que gostava das bibliotecas daquelas com um aspecto mais antigo. Era só imaginar a biblioteca de Hogwarts que se obtinha o meu arquétipo, como era o caso da do Jungkook. A luz mal entrava pelas duas janelas, devido às cortinas de cor mais escura e extraordinariamente compridas, a acompanhar os janelões. As prateleiras eram de uma madeira escura e maciça, cheias de livros organizados por temas e autores. Havia tanta diversidade que os meus olhos brilharam. Perguntava-me quantos livros tinha lido o Jungkook. Foi inevitável ir ao encontro de grandes clássicos da literatura inglesa, chamem-me de romântico. Usei o cadeirão para ficar confortável. Antes, mandei uma mensagem ao Tae.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora