Capítulo XX

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POV Jungkook (😅)

Lidar com pessoas incompetentes estava no topo das coisas que eu mais odiava, simplesmente perdia a cabeça e a paciência. Os meus subordinados decidiram esconder de mim uma situação com um devedor, apenas porque era pai solteiro e tinha uma filha bebé. Por quem eu sentia mais empatia era pela pequena recém nascida, que tinha um pai metido no jogo e mantinha dívidas de milhares de dólares. Como era óbvio que eu iria tratar primeiro de arranjar uma pessoa para ficar com a menina, como a avó que tinha em Busan, mas depois disso iria ter uma conversinha pouco simpática com o desgraçado viciado no jogo.

- Jungkook... - Por favor, que o Jin hyung não fosse dar uma aula de moral, eu estava cansado e ansioso para chegar a casa, para estar mais tempo com o Jimin. Aquelas quatro paredes do meu escritório já me davam ânsias.

- Hyung, sabes perfeitamente que esta é a melhor solução para todos. A menina crescerá muito melhor num lar estável e longe de confusões com a minha máfia.

- Eu apenas ia dizer que estás mais sensível do que o costume, se fosse o Jungkook de antigamente irias resolver tudo de uma forma bruta. Estou realmente impressionado e contente com a mudança. O Jimin anda a fazer milagres. - Confesso que corei um pouco, não era novidade nenhuma que eu estava apaixonado por aquele homem tão bondoso, bonito e de língua afiada. - Como vão as coisas entre vocês?

Não tive tempo para responder, porque o meu secretário entrou sem bater no meu escritório, mais branco do que as paredes. Alguma merda tinham feito e não cheirava que fosse da pequena. Eu estava sem paciência para mais dramas, só queria afogar o nariz no pescoço cheiroso do Jimin... Aliás, a minha mente só pensava em beijar aquela pele sempre tão imaculada e cheirosa.

- O Jimin desapareceu!

- O quê? - Levantei-me logo da cadeira, onde estava sentado comodamente, mandando um murro na mesa ao ver que não tinha ouvido mal. O Jin hyung também se levantou, visivelmente preocupado. - Estás a gozar comigo, certo?

- Não! Nada disso, senhor, eu jamais iria gozar com um assunto tão sério. A senhora Min disse que deixou de o ver depois de ele ter ido com um estudante à área restrita.

- O que me estás a dizer é que um estudante o raptou?

- Nós pensamos que possa ser o Jin-young disfarçado de estudante, uma vez que vimos nas câmaras de vigilância do lado exterior uma das carrinhas onde costuma andar. - Claro que o Taemin ter aparecido era um mau presságio, claro que estava já a mando daquele desgraçado. A nossa história remontava há algum tempo atrás, desde que éramos crianças e os nossos pais eram inimigos mortais. - Nós cometemos um grave erro. Desculpe...

- As desculpas não se pedem, evitam! - Sem qualquer auto controlo, fui até ao pobre do meu secretário e comecei a apertar o seu pescoço. O Jin hyung ainda tentou interferir, porém não havia nada que pudesse fazer. - Vocês tinham uma tarefa: proteger o Jimin!

Antes que matasse o meu secretário ali mesmo, sem dó ou piedade, larguei o seu pescoço, vesti o casaco e arranquei em direção a uma das sedes da máfia do Jin-young. O que encontrei foi um armazém vazio, sem nada... Irritado por me ter deixado enganar e ser ultrapassado por aquela mente, destruí uma cadeira já meio partida e soltei um berro forte de desespero. Era mais do que óbvia a jugada de tentar tirar o que mais eu gostava e amava na vida, no entanto eu tinha caído que nem um patinho. O Jin-young era uma pessoa matreira, manipuladora, perspicaz e muito esperta. Quando pensava que nada podia piorar, encontro um bilhete deixado em cima da secretária velha disposta ao pé da cadeira partida.

"O Jimin agora é meu. A vingança é um parto que se serve frio, Jungkook. Jamais me irei esquecer de quem raptaste, torturaste e mataste."

Foi assim que tive a certeza de que o autor de tudo aquilo fora Jin-young, não existia ninguém que tivesse mais contas a ajustar comigo do que ele.

POV Jimin

O ambiente não podia ser de mais constrangimento, durante o jantar todo fiz questão de responder às perguntas do senhor Park apenas com monossílabos ou acenares de cabeça. Sabia que estava a irritá-lo e a testar demasiado as águas, mas não podia estar a reagir como se estivesse a adorar ser chantageado e coagido. A dada altura desistiu de fazer perguntas, foi quando foi buscar as sobremesas à cozinha e, ao entregar a minha, me prendeu entre os seus braços. Engoli em seco, sabia ter posado um risco e um limite.

- Nada disso me afecta, meu querido. Se era assim que fazias o Jungkook perder a cabeça, comigo será preciso muito mais. Eu vejo as coisas de outra maneira: todas as ações têm consequências e esta tua ação vai fazer com que não te deixe falar com o Taehyung. Tenho a certeza que tinham muito sobre o que conversar...

Sem dizer mais nada, regressou ao seu lugar, agora com um grande e rasgado sorriso nos lábios. Não consegui mexer um músculo durante uns segundos. Depois da refeição, que embora deliciosa não pude aproveitar, pude ir para o meu antigo quarto. Durante o duche que tomei, tive tempo para pensar em tudo o que tinha acontecido e podia acontecer no futuro. A água quente permitiu que relaxasse um pouco e todos os meus pensamentos negativos fossem pelo role abaixo junto com a água e sabão. De uma coisa tinha a certeza: o senhor Park não era nada parecido com o senhor Jeon. Se isso era bom ou mau, ainda tinha de descobrir. Já de banho tomado, vesti um pijama confortável e fui para a cama... Ou pelo menos pretendia.

- Surpreso? - Deitado, com as costas encostadas à cabeceira da cama, estava o senhor Park, totalmente à vontade. - Anda aqui.

- Estou bem aqui.

- Jimin, eu não fiz uma pergunta ou um pedido. - Sem outra opção, fui até ao pé de si, honestamente a tremer de cima a baixo com as possibilidades do que poderia acontecer. Ele sorriu travesso e bateu no lugar ao seu lado, fazendo sinal para que me deitasse ao seu lado. Ainda pensei em voltar atrás, mas agarrou-me logo pelo pulso. - Não gosto de me repetir, faz o que te peço sem discussões ou cenas.

Nem eu estava à espera, mas irritado com toda a situação, soltei o meu pulso do seu agarrar forte e dei um grande passo para trás.

- E eu não gosto de pessoas que não sabem aceitar as decisões e o que é a liberdade dos outros. Mas não é como se estivesse à espera de muito, vindo de alguém a tentar chantagear e manipular com o meu melhor amigo. Deve estar mesmo vidrado nesta sua busca pela vingança.

- O Jungkook devia de se divertir imenso com essa sua língua afiada. Ele a esta hora já deve saber do seu rapto e descoberto o pequeno recado que lhe deixei. - Ainda com um maldito sorriso no rosto, aproximou-se de mim. Tentou acariciar as minhas faces sem cor, mas eu afastei uma vez mais a sua mão. Eu precisava de colocar em prática o que aprendera no Taekwondo, quando era mais novo. - Amanhã falamos, talvez precise de dormir sobre o assunto. O Taehyung chegou há poucos minutos, vou pedir para que entre.

Poucos minutos após se ausentar, entrou o meu melhor amigo, pelo menos eu achava que podia continuar a considerar como tal... Isto é, se tivesse uma boa justificação para dar. A forma como de apresentou diante de mim foi muito diferente da habitual, calorosa e animada, ele estava a agir como um robô sem sentimentos. Desde a postura rígida ao desdém no olhar, consegui perceber que ali morria a nossa amizade. Tudo não passava de uma missão bem sucedida.

- Tae...

- Não vamos tornar nisto num grande drama. Eu cumpri com sucesso uma missão que me foi atribuída: usar a nossa proximidade e amizade para saber algumas coisas sobre a máfia do Jungkook. Missão cumprida.

- A nossa amizade é menos importante do que uma máfia?

- Não foste tu que me deste o investimento para eu poder ter a minha empresa, pois não? O Jin-young não hesitou em investir no meu projecto e agora eu estou a crescer como nunca e a tornar-me num empresário de sucesso. O sucesso é tudo na vida.

- Ainda bem que pensas assim... Podes ir embora e nunca mais voltar, porque a nossa amizade acabou no momento em que preferiste o sucesso e poder a nós. Que sejas feliz.

- Oh, eu serei.

E aquela conversa com o Taehyung destruiu a minha pessoa toda por dentro. Todo o meu coração se partiu, restando apenas cacos. Como é que era possível nunca ter visto o verdadeiro Taehyung? Eu tinha sido mesmo cego...

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora