Capítulo 18

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"A pior sensação do mundo é  a de que alguém está estranho com você, sem motivo aparente algum. Por mais que Caroline tenha me obrigado a conviver com Enzo, sinto que não dará certo, pois ele ainda está estranho comigo, sem eu ter lhe feito nada. Desde da festa do Halloween que ele me trata com frieza e isso não deveria me atingir, mas me atinge como uma flecha em meu peito."

Ela refletia em silêncio enquanto cochilava na sala. Bonnie nunca foi de dormir durante as de Historiografia mitológica I porque  era uma de suas disciplinas favoritas, mas por incrível que pareça ela estava entediada demais, talvez desejasse que o tempo passasse mais rápido  para se reunir logo com Enzo, ele disse que no fim da tarde a encontraria para resolver como eles iriam se organizar para aprisionar Rayna, e ela como tinha espírito de heroína, queria realizar tal  missão com urgência. 
Bonnie mentia para si  dizendo que só topou participar da caçada porque  amava Caroline, caso contrário manteria 100km de distância dele... argumento que nem ela acreditava ser verdade.
A bruxinha fazia registros da aula em seu caderno quando de repente um homem alto, vestido todo de preto com aquele cabelo mais iluminado que sol que cobria o céu, caminhou entre as cadeiras do auditório indo em sua direção. Ela coçou os olhos para ter certeza que não estava tendo uma alucinação, porém era real, até a professora notou a presença dele.
– Você é dessa turma, rapaz? – a docente indagou. Ele que estava de costas para lousa virou-se e  a encarou
– Sim amor, sou aluno novo. –disse sério e com naturalidade. Até a professora perdeu o norte ao ser chamada de amor. 
Enzo irritava Bonnie com essa mania idiota de chamar todas de "amor" ela achava desnecessário na verdade.
– Tudo bem... seja bem-vindo, então. – ela deu de ombros e voltou  sua atenção à lousa onde fazia um esquema. 
Bonnie ajeitou-se na carteira, estava confusa e incomodada, ela captou tantos sussurros sobre a presença de Enzo, todos vindos de meninas elogiando-o. Odiava sentir-se enciumada por alguém que só a menosprezava.
– Linda, olha para mim.– os olhos de Enzo fixaram-se nos da garota que estava sentada ao lado da bruxa.
– Sente-se naquela cadeira. – ele apontou para o lugar vazio na primeira fileira.– seja gentil com o seu novo colega. – conforme Enzo mandou Elizabeth  fez em instantes.
 Todos obviamente iriam comentar, logo Eliza, na primeira fileira, ela odiava sentar na frente.
– O que está fazendo?– a bruxa  disse exacerbada o encarando enquanto ele sentava ao seu lado, com sua postura altiva de sempre.
– Cadê as congratulações? Sou aluno novo.
– Que congratulações seu idiota?– ela sussurrou
– Só você não gostou da minha presença, Bonnie. Suas colegas  pelo visto adoraram, ouvir até que vão  me convidar  para festa no armazém.– um meio sorriso curvou os lábios dele.
– Você é patético.– ela desviou os olhos dele e dividiu sua atenção entre o vampiro e a professora.
– Que horas acaba essa aula?
– Em 30 minutos. – responde sem fitá-lo. –Agora me espera lá fora.– ordenou.
– Não.– ele foi direto
– Você é idiota? Qual é o seu problema? – Bonnie virou-se para Enzo de olhos arregalados e exaltada demais, a ponto da professora que discursava, notar a conversa paralela deles e os adverti-los.
– Bonnie e o aluno novo.... cujo nome eu não sei...
– Lorenzo,  amor, mas pode me chamar só de Enzo. – a voz firme dele ressoou pela sala chamando atenção de todos.
– Pois bem, Lorenzo, para alguém que chegou atrasado e matriculou-se no meio do semestre você conversa demais.– ela  repreendeu intercalando seus olhos entre ambos. 
A bruxa corou de vergonha.
– Eu estava falando sobre os mitos da criação, – a professora retomou a fala– o mito do Gênesis, mais popular no ocidente cuja teoria afirma que Deus criou a terra e tudo que nela há em seis dias e no sétimo descansou, mas há variadas mitologias quanto a criação do mundo não tão populares, mas tão interessantes quanto, como o mito mesopotâmico que glorificava a vitória de Marduk, o único deus bastante forte para derrotar o dragão Tiamat Tiamat que produziu o céu, de que nasceu Ea, que engendrou Marduk. Este derrotou os outros deuses e dividiu o corpo de Tiamat, separando assim o céu da Terra.
– Bom, – ele pigarreou assim que ela completou seu pensamento.– meu mito da criação favorito é o grego.– argumentou.
– Pois bem, me conte mais o que sabe sobre Lorenzo.– ela parecia bastante interessada no que ele  tinha a dizer.
– O enredo mais criativo sobre o surgimento do mundo é o grego porque segundo eles, o mundo foi feito pelo Caos. Um deus que vivia num ambiente de trevas, vazio, sem nada, então resolveu criar Gaia, a Mãe Terra, Eros, o amor,  Nyx, a noite, e o Tártaro, profundezas da terra.  E como todos tinham poder, Gaia, por sua vez, criou Urano, que representava o céu.  Acontece que –ele ponderou animado, quando notou que toda atenção da turma estava presa a si. Principalmente a de Bonnie. – o Céu  era mais faminto de amor.– seus olhos pousaram sobre os Bonnie como quem a confessasse algo por alguns segundos, mas logo voltou a professora. 
–Enlouquecido pelo poder de Eros, Urano deitou-se sobre as curvas deliciosas de Gaia, numa febre sexual insaciável. – Bonnie não controlou a excitação que se alastrou por seu corpo como fogo quando Enzo disse aquilo em um sorriso de canto, cínico e provocativo.–  Ele começou a fecundá-la sem descanso. Não queria ser apenas o amante de Gaia: queria dominá-la totalmente. Gemendo sob as arremetidas do Céu desvairado, Gaia sentiu o ventre inchar e, em seguida, deu à luz seis filhos e seis filhas...
– Muito bem, Lorenzo...– a professora interrompeu engolindo em seco, o que era para ser uma provocação quanto aos conhecimentos do homem se tornou uma narrativa erótica literária.
Pela atitude da professora Bonnie julgou que ela sentiu o mesmo arrepio no ventre que ela.
– Você não é americano, presumo.
– Não, não sou, querida.– Bonnie deu uma cotovelada nele, como se o mandasse calar a boca com seu olhar estreitado.
– Sou britânico. – completou.
– Ah sim... então, bem-vindo novamente. Pena que nossa aula se encerrou, mas seguiremos discutindo mitologia grega na próxima aula, a parte da criação sem fecundação.– ela frisou arrumando seus materiais.
Em instantes a sala se esvaziou deixando apenas Enzo,  Bonnie  e algumas outras colegas.
– Bem-vindo, Enzo – uma loira acompanhada por outras duas morenas saudaram ele risonhas.
– Obrigado. – Bonnie fingiu não ver o flerte deles enquanto fechava a bolsa.
– Aqui está o convite para a festa do armazém, você é nosso convidado de honra.– disse a loira.
– Obrigado. Se dê, eu apareço. Qual o seu nome?
– Suzy, Madalena e Mary. – ela fez as devidas apresentações.
– Ok.– ele pegou o convite e guardou no bolso da calça.
– Vamos.  – Bonnie segurava desajeitadamente os livros no braço e saiu andando na frente sozinha e deixando-o para trás, se queria flertar que ficasse lá, ela não precisava testemunhar, mas em instantes ele alcançou ela.
Maldita velocidade vampira.
 Ela estava irritada.
– Quer ajuda? – ele se ofereceu dando a ela um sorriso ladino.
– Não.– ríspida, rápida e precisa a bruxa negou.
– Você me chama de vampiro bipolar, mas quem vive oscilando de humor é você.– ele provocou.
–O que deseja que faça? Que eu abra um sorriso largo  e diga: "Bem-vindo, Enzo" como todas as  pobres coitadas que você ludibriou?– eles andavam lado a lado pelo corredor.
–Ah, e o que foi aquilo, ein? Todo aquele discurso retórico sobre  mitologia grega. Foi pra impressionar quem? Patético! Nunca mais invada minha sala e minta descaradamente sobre quem é.
– Não gostou?
– Onde aprendeu sobre mitologia, Enzo? Até onde eu sei você passou a vida preso.
– Eu tive vida antes de morrer Bonnie, não era perfeita... mas tive. Eu sempre gostei de ler, gosto dos clássicos, minhas disciplinas favoritas no colegial eram as de linguagem e história geral.  Desculpa se te frustrei por não ser um boçal ignorante...
– É, só é fútil mesmo. – ela alfinetou por está grandemente irritada com ele.
– Você é tão  exagerada. Elas foram solícitas e eu retribuí.
– Me poupe. Não me importo com sua vida pessoal. Acorde.
– Então, você vai a essa tal festa?
– Não é do seu interesse.– respondeu rude
– Okay.
– Vamos ao que interessa, Enzo.– ela parou e o encarou. 
Ficar cara-a-cara com Enzo era uma tarefa difícil, pois ela o achava tão atraente que corria o risco de beijá-lo a qualquer instante.
– O que veio fazer  aqui, afinal?– Enzo encarou os lábios delas, por breves segundos, até focar no verde do seu olhar.
– Eu tenho informações sobre um dos xamãs que participou do ritual que tornou Rayna um ser de múltiplas vidas.
– Como assim?
–Rayna é uma super caçadora porque outros caçadores  e xamãs  se sacrificaram para a tornar imbatível, existem sete eternos que representam as sete vidas que possui.
– Então está dizendo  que devemos  matá-los?
– Não. A morte deles leva a de todos os que foram marcados. Precisamos encontrar esse xamã e descobrimos  uma forma de rastreá-la. Depois veremos como destruir com ela de uma vez por todas, mas sem pôr a vida do Stefan em risco.
– Okay, isso ainda me parece confuso, mas tudo bem. Estou dentro.
– E quando acharmos ela, o que faremos?
– Agora é  com você e seus amigos, já que não confia em mim nem no Arsenal. – ele deu de ombros. Ela pensou em corrigi-lo mas se poupou de ter que dizer que no fundo confiava um pouco nele.
– Perfeito.– ela assentiu.
– Amanhã eu te pego aqui?
– Não. – respondeu  abruptamente. Enzo pelo campus com suas colegas em cima dele como predadoras diante da presa? Não mesmo.
– Na casa da minha vó, eu estarei lá. Fim de semana vou para Mystic Falls.
– Tudo bem. Então até amanhã. – ele disse simplesmente. Sem um tchau amor? Ou nada do tipo, ele realmente a odiava, por qual razão? Ela jamais saberia e não se importava também.
– Até. – ela respondeu friamente. Precisava chegar logo no dormitório e enfiar a cabeça nos estudos. Não permitiria ele ter mais poderes sobre ela, não mesmo.
 
 
 
 

My True Love (Bonenzo) Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora