Emily Jones era apenas uma criança quando ouviu sobre os jovens irmãos Shelby.
Após esbarrar com um deles, o aviso de sua mãe a fez repensar. Eles seriam maus? Tinham quase sua idade... Devia temê-los tanto assim?
Bom, uma amizade - ou não - lhe tra...
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***
Emily Jones
- Entenda que é um cliente importante, Emily - senhora Thompson lhe avisou, enquanto caminhavam até a recepção.
- Que tipo de cliente, madame? - Ela arriscou perguntar.
- Ele é de uma família que deve ser respeitada - respondeu Grace, simplesmente. - E quero que a imagem desta loja seja boa. Ótima de preferência, por isso a chamei. Está aqui a mais tempo, e sabe como devemos fazer. Atenda-o com calma e gentileza, entendeu?
- Sim, senhora - respondeu a jovem antes de entrar para o hall da loja, onde um homem lhe esperava.
Antes de caminhar, Emy respirou fundo. Sentia que a qualquer momento algo poderia dar errado e cairia de vez da corda-bamba.
Tudo dará certo, pensou ela. Apenas aja com naturalidade.
- Bom dia, senhor - falou de cabeça baixa assim que viu o homem entrar.
Atenda-o com gentileza, se lembrou da senhora Thompson chamando sua atenção. Foi assim que Emily finalmente levantou a cabeça, afinal não iria doer se fizesse.
E naquele momento, teve de fitar os olhos mais bonitos que já havia visto. Aqueles olhos... Eram familiares, não havia mais ninguém que tivesse um par daqueles. Algo havia estalado em sua cabeça naquele instante e por algum motivo seu coração estava tão rápido quanto uma flecha que acaba de ser disparada.
- Vim, pois preciso de um remendo neste terno - o homem, de expressão séria e voz grave, pôs a peça de roupa sobre o balcão.
Apenas pela maneira de falar, Emy já sabia que não era uma pessoa de rodeios e conversas longas, então teve o cuidado de responder da mesma maneira.
- Sim, senhor - tentou manter a calma. Pegou a roupa da mesa e se virou de costas para anotar em uma das etiquetas ao seu lado. - Qual nome devo colocar no pedido?
Depois de poucos segundos, o homem lhe respondeu, em alto e bom som:
- Thomas Shelby.
O tilintar do sino da porta da loja se sincronizou com o susto de Emily ao ouvir aquele nome. Ela se virou rapidamente, mas o dono dos lindos olhos azuis já havia ido embora.
Meu Deus, esse nome, aqueles olhos...
Depois de tanto tempo...?
- Foi muito bom - Thompson entrou no hall batendo palmas. Mas a jovem mal conseguiu agradecer ou dizer qualquer coisa. Estava paralisada.
- Ele é um Shelby? - Sua voz ficou aguda ao pronunciar.
- Sim, vem de uma família rica desta cidade. Ele é dono de uma gangue que...
Naquela altura, Emy já havia parado de prestar atenção na voz de Grace havia tempos. Apenas por ter ouvido uma confirmação de que aquele era o nome do garoto que ela havia conhecido há dez anos, já lhe dava motivo de ficar sem reação alguma. Foi estranho, pois no segundo que encarou aqueles olhos, a visão de Tommy voltou em sua mente.
Nunca imaginaria vê-lo de novo, afinal fazia tanto tempo... E Tommy havia mudado - se é que era ainda chamado por aquele apelido. Líder de uma gangue, e Emy já imaginava qual poderia ser. Os famosos Peaky Blinders. O nome mais dito na cidade depois de "Rei George VI".
Os mais temidos homens de toda a região, liderados pela família Shelby. A jovem imaginava como aquele menino que havia conhecido, poderia ter se tornado o homem que viu a poucos minutos. Havia algo gélido naqueles olhos, nos quais Jones havia se acostumado em ver brilhantes e espertos.
Thomas havia se tornado um homem feito, afinal. Por mais que houvesse mudado, sua beleza ainda era incontestável. Sua elegância e charme se ressaltaram, o que não era visto nele enquanto menino. Mas seus olhos azuis ainda eram...
- Emily, está me ouvindo?
Mais um estalo foi dado em sua cabeça a fazendo voltar ao mundo real.
- O quê?
- Deixe para lá - Grace bateu o leque em sua mão. - Vamos, volte ao trabalho. A senhora Green não irá parar de telefonar até ter seu vestido em mãos.
Emily ainda não havia se despertado do transe. Tudo começou e terminou rápido demais, algo incrivelmente difícil para digerir de uma vez.
- De qualquer maneira, ainda precisamos entregar esse terno em perfeito estado para o Sr. Shelby, sim? - Falou a madame.
Aquilo fez Emily querer sorrir. Poderia vê-lo mais uma vez.
- Sim, senhora - concordou, antes de ver a mulher sair da recepção. Finalmente pode sorrir livremente.
Depois de tanto tempo... Como é possível?, Jones se questionava, caminhando até a ala das costureiras. Voltou à sua máquina, com o objetivo de se concentrar ainda mais no vestido em que fazia. Queria acabar o mais rápido possível, e partir para o terno de Thomas.
- Ei, o que a bruxa quis falar com você? - Patrice sussurrou assim que Emily se sentou.
- Nada de importante, - a morena sentiu o coração disparar - só mais um cliente no balcão...
- Hum... Parece distraída, você está bem?
- Estou - Emily sorriu, ansiosa para poder pensar sozinha nos olhos de Thomas. - Estou bem...
Com medo que sua amiga a estranhasse, Jones quis fingir normalidade. Estava estranhamente feliz, mas ainda estava no trabalho.
- Bom - ela suspirou se apressando - mas só poderia atender esse cliente quando eu acabar bendito vestido da senhora Green.
- Boa sorte com isso - Patrice deu risada, antes de voltar a atenção ao seu trabalho.