Capítulo XVI

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***

Thomas Shelby

Não havia mulher mais bonita que Emily Jones naquele salão, mesmo entre tantas outras.

- Só um segundo - Thomas pediu antes de sair do meio das pessoas que estava.

Seguiu caminho, tentando o máximo possível não tirar os olhos do que tanto lhe tirava o fôlego.

O vestido caia em seu corpo perfeitamente, como uma luva. Thomas prometeu a si mesmo prestar mais atenção nos cetins cor verde escuro, dali para frente. Definitivamente aquela era a cor de Emily.

Seus cabelos caiam como uma cascata em suas costas. A pele morena parecia tão suave que Thomas teve a súbita vontade de tocar. Os olhos verdes eram como lindíssimas esmeraldas lapidadas, brilhantes pela luz ambiente. Nunca iria se cansar de observá-los.

- Boa noite, Isaac - Thomas comprimentou, tentando manter a melhor postura que podia.

- Boa noite, senhor Shelby - respondeu o rapaz, sorridente.

- Posso roubar sua irmã por alguns instantes?

- É claro - respondeu ele, sorrindo.

Um dia irei promover esse cara, pensou Thomas consigo.

Emily lhe mirou nos olhos, timidamente e Thomas se alegrou. Lhe ofereceu o braço e quis sorrir quando sentiu os seus se entrelaçarem, mas não fez. Seria chamado de idiota pelos irmãos no mesmo segundo se o vissem.

- Cuidado com as bebidas daqui, são fortes - falou ele, se aproximando do ouvido da mulher ao seu lado, em pura provocação.

Emily o olhou e Thomas teve receio de receber um soco do meio do rosto, mas não aconteceu. Na verdade, ganhou um sorriso envergonhado.

- Nem me lembre deste dia - murmurou. - Tenho medo de que a senhora Polly tenha sido apenas educada, mas me achado detestável.

- Polly? Ela adorou você - Thomas a viu sorrir novamente. Tinha um rosto encantador, o que combinava com o sorriso bonito e alinhado que tinha.

De repente, uma música lenta ecoou pelo salão e Thomas reparou nos homens que tiravam suas parceiras para dançar. Ele estendeu a mão.

- Senhorita Jones?

Emily pareceu paralisar ao olhar sua palma. Piscou, piscou mais uma vez e por fim aceitou. Thomas sentiu todos os músculos de seu braço se relaxarem, assim que suas mãos e as de Emily se encontraram. Enquanto a dela lhe tocava um dos ombros, Thomas percorreu educadamente até sua cintura. Definitivamente, trocá-la naquele cetim fora uma das melhores sensações que já experimentara.

- Não sabia que trabalhava na costureira - tentou puxar conversa em quanto dançavam.

Ficou feliz por aquilo ter levantado o olhar de Emily.

- Ah, sim - ela deu um pequeno sorriso. - Comecei por causa da minha mãe - de repente, o que já era pequeno em seus lábios, diminuiu.

- O terno ficou perfeito, aliás - Thomas amaciou a voz. Emily levantou a cabeça no mesmo segundo.

- Verdade?

- Acredite, - ele sorriu - tanto que quis usar hoje.

Jones olhou para seus ombros como se os vissem pela primeira vez. Esfregou o polegar que estava apoiado no tecido e pareceu satisfeita.

- Obrigada - disse. - Me desculpe pela demora, falando nisso. Uma mulher simplesmente não parava de pedir mudanças em um vestido.

Thomas quase riu.

- Sei como é. Quando várias pessoas querem várias coisas, tudo se torna complicado.

- Exatamente - Emily assentiu.

Por um segundo, Thomas sentiu o corpo que segurava se enrijecer e o lindo olhar que admirava se desviar. Estranhou, pois quando garoto, agia da mesma forma antes de questionar alguma coisa.

- Quer me perguntar algo?

- Como sabe? - ela o olhou, surpresa.

- Palpite - deu de ombros. - E então?

- Eu... me lembro que você tem irmãos. É que não cheguei a os ver pessoalmente.

Thomas sorriu.

- Acredito que vá se arrepender, mas se insiste... Imagino que sei onde estão.

***

Passando pelas pessoas do salão, em uma mesa rodeada de mulheres, John e Arthur pareciam ótimos. Copos de bebida se encontravam vazios e John terminava um cigarro, calmamente.

- Tommy! - Arthur se alegrou assim que viu o irmão. - Ora, veja se não é a irmã de Isaac Jones, hum?

Emily se retraiu, sorrindo, enquanto desentrelaçava seu braço com o de Thomas. Ele reparou como as moças que adornavam a mesa olharam para a mulher ao seu lado com inveja. Um pequeno sorriso de satisfação surgiu em seu rosto quando viu todas irem embora, frustradas.

- Perdão, - a voz de Emily foi ouvida - já nos conhecemos?

- Ah, minha querida, eu já lhe conheço, é você quem ainda não me conhece - Arthur sorriu abertamente estendendo a mão e depositando um beijo sobre a da jovem. - Arthur Shelby.

- Emily Jones - ela sorriu.

- John - o mais novo dos irmãos se aprontou a dizer, a cumprimentando em um gesto cortês com a cabeça, quando Emily lhe pôs os olhos.

- O prazer é todo meu, senhores. - Ela sorriu e se virou para Thomas. - Irei procurar meu irmão, sim?

Ele assentiu e sorriu antes de vê-la desaparecer entre os convidados.

- Thomas, sabe que é um sortudo dos infernos, não é? - Arthur falou.

John riu concordando.

- Ela é mais bonita do que todas as mulheres que estavam aqui juntas. Como consegue?

Thomas deu de ombros.

- Conseguir? Não consegui nada com Emily...

- Ainda - John interrompeu.

- ...mas, - Thomas continuou - de fato, ela é bonita.

- Oh, por favor, Tommy - Arthur franziu o rosto. - Bonito sou eu. Aquela mulher é linda.

Thomas riu alto.

- Desculpe, me perdi quando disse que era bonito.

- Está fugindo do assunto - o irmão o olhou com tédio. - Agora, vire isto - ele lhe deu um copo de whisky. - Não te vi tomando nada esta noite.

- Ele estava ocupado demais esperando Emily - John provocou, tirando risadas dos dois irmãos.

***

𝙊𝙨 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤𝙨 𝙎𝙝𝙚𝙡𝙗𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora