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Emily Jones
- Emily? - Chamou Isaac assim que ouviu a irmã chegar em casa.
- Bom dia - murmurou ela, atordoada.
- O que houve?! - Seu irmão a olhava, desesperado. - Onde esteve a noite toda? Não sabia que ia levar a sério o "quero você em casa amanhã cedo".
Emily suspirou.
- Na casa dos Shelby.
- Como é?
E ali se foi uma manhã inteira de explicações. Emily teve que lhe contar tudo, desde como havia ficado bêbada, até Thomas a ter salvo antes de ter sido sequestrada - ou seja lá o que pior poderia ter acontecido - para finalmente acordar naquela casa.
- Mas que diabos, hum? - Murmurou Isaac com tom de riso. - Prometo que na próxima não te deixo sozinha em um bar.
- Feito - murmurou Emily, exausta, se despejando no sofá de sua casa, finalmente podendo suspirar.
- Você parece péssima. Vá se banhar, e coma alguma coisa.
- Invertemos os papéis desde quando? - Emily deu risada e ouviu o seu irmão rir junto, enquanto caminhava até o banheiro.
Assim que passou pelo espelho do corredor, reparou como sua aparência estava realmente péssima. Os fios de cabelos estavam bagunçados, seu vestido amassado e sua maquiagem desfeita. Parecia que um trem havia passado por cima de seu corpo.
- Meu Deus - murmurou, enfastiada, querendo fingir que a noite anterior simplesmente não tivesse acontecido.
A água da banheiro já encostava em sua pele a tempos, mas Emily ainda tinha a mente nas nuvens. Se sentia até mesmo idiota, mas simplesmente não tirava o olhar de Thomas da cabeça. A memória do que viu estava como uma fotografia em sua mente. Ele, encostado naquele batente da porta, a observando silenciosamente, com aqueles olhos curisos, claros, como cristal lapidado.
- Oh, não. Eu posso apenas não olhar para os olhos dele? É tão difícil assim? - Reclamou a jovem Jones, enquanto jogava a água em seus braços.
Que assim seja então. Minutos depois, sua mente começou a rolar. As mãos, tão fortes... Os dedos longos e...
- Já chega.
***
Thomas Shelby
Tommy exatamente sabia o que deveria dizer, para que Emily pudesse começar a odiar sua família desde já. Mais tarde seria pior, sabia disso; mas, pela primeira vez na vida, Thomas não tinha coragem. Sabia em que estado o assunto a deixaria.
Não deveria se preocupar, de fato, mas se preocupava. Aqueles olhos iriam se encher de lágrimas por minha causa, pensou.
Ainda encarava o teto deitado na cama quando soltou um sorriso, assim que se lembrou do que viu ao encostar na porta do quarto, onde Emily e Polly conversavam.
Jones estava tão bonita quanto na noite anterior. Os cabelos escuros estavam bagunçados, o vestido azul turquesa, amassado. O olhar exausto, a boca tensionada, ainda esperando a próxima pontada de dor de cabeça. Mas, acima de tudo, estava linda.
Definitivamente a mulher mais bonita que já teve o privilégio de pôr os olhos. Imaginava quando iria se cansar de fazer aquilo. Talvez nunca. Desde garoto gostava de a olhar e poder ver seu reflexo em seus olhos, verdes
brilhantes.- Há coisas que simplesmente não mudam, não é?
Desta vez, quem estava na porta era tia Polly.
- O que quer dizer?
- Este olhar - Polly sorriu. - Exatamente como quando era criança. Não mudou nada.
Thomas se levantou e franziu o cenho.
- Como depois de tanto tempo eu teria o mesmo olhar? - Perguntou em tom de riso.
- Por estar pensando na mesma mulher - devolveu-lhe, como se aquilo fosse a resposta de tudo, e era.
- Polly, por favor, talvez eu nem a veja mais.
A mais velha abriu um sorriso esperto.
- Com o irmão dela querendo trabalhar conosco? Eu duvido bastante.
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𝙊𝙨 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤𝙨 𝙎𝙝𝙚𝙡𝙗𝙮
أدب الهواةEmily Jones era apenas uma criança quando ouviu sobre os jovens irmãos Shelby. Após esbarrar com um deles, o aviso de sua mãe a fez repensar. Eles seriam maus? Tinham quase sua idade... Devia temê-los tanto assim? Bom, uma amizade - ou não - lhe tra...