Capítulo XIV

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Emily Jones

- Emily? - Chamou Isaac assim que ouviu a irmã chegar em casa.

- Bom dia - murmurou ela, atordoada.

- O que houve?! - Seu irmão a olhava, desesperado. - Onde esteve a noite toda? Não sabia que ia levar a sério o "quero você em casa amanhã cedo".

Emily suspirou.

- Na casa dos Shelby.

- Como é?

E ali se foi uma manhã inteira de explicações. Emily teve que lhe contar tudo, desde como havia ficado bêbada, até Thomas a ter salvo antes de ter sido sequestrada - ou seja lá o que pior poderia ter acontecido - para finalmente acordar naquela casa.

- Mas que diabos, hum? - Murmurou Isaac com tom de riso. - Prometo que na próxima não te deixo sozinha em um bar.

- Feito - murmurou Emily, exausta, se despejando no sofá de sua casa, finalmente podendo suspirar.

- Você parece péssima. Vá se banhar, e coma alguma coisa.

- Invertemos os papéis desde quando? - Emily deu risada e ouviu o seu irmão rir junto, enquanto caminhava até o banheiro.

Assim que passou pelo espelho do corredor, reparou como sua aparência estava realmente péssima. Os fios de cabelos estavam bagunçados, seu vestido amassado e sua maquiagem desfeita. Parecia que um trem havia passado por cima de seu corpo.

- Meu Deus - murmurou, enfastiada, querendo fingir que a noite anterior simplesmente não tivesse acontecido.

A água da banheiro já encostava em sua pele a tempos, mas Emily ainda tinha a mente nas nuvens. Se sentia até mesmo idiota, mas simplesmente não tirava o olhar de Thomas da cabeça. A memória do que viu estava como uma fotografia em sua mente. Ele, encostado naquele batente da porta, a observando silenciosamente, com aqueles olhos curisos, claros, como cristal lapidado.

- Oh, não. Eu posso apenas não olhar para os olhos dele? É tão difícil assim? - Reclamou a jovem Jones, enquanto jogava a água em seus braços.

Que assim seja então. Minutos depois, sua mente começou a rolar. As mãos, tão fortes... Os dedos longos e...

- Já chega.

***

Thomas Shelby

Tommy exatamente sabia o que deveria dizer, para que Emily pudesse começar a odiar sua família desde já. Mais tarde seria pior, sabia disso; mas, pela primeira vez na vida, Thomas não tinha coragem. Sabia em que estado o assunto a deixaria.

Não deveria se preocupar, de fato, mas se preocupava. Aqueles olhos iriam se encher de lágrimas por minha causa, pensou.

Ainda encarava o teto deitado na cama quando soltou um sorriso, assim que se lembrou do que viu ao encostar na porta do quarto, onde Emily e Polly conversavam.

Jones estava tão bonita quanto na noite anterior. Os cabelos escuros estavam bagunçados, o vestido azul turquesa, amassado. O olhar exausto, a boca tensionada, ainda esperando a próxima pontada de dor de cabeça. Mas, acima de tudo, estava linda.

Definitivamente a mulher mais bonita que já teve o privilégio de pôr os olhos. Imaginava quando iria se cansar de fazer aquilo. Talvez nunca. Desde garoto gostava de a olhar e poder ver seu reflexo em seus olhos, verdes
brilhantes.

- Há coisas que simplesmente não mudam, não é?

Desta vez, quem estava na porta era tia Polly.

- O que quer dizer?

- Este olhar - Polly sorriu. - Exatamente como quando era criança. Não mudou nada.

Thomas se levantou e franziu o cenho.

- Como depois de tanto tempo eu teria o mesmo olhar? - Perguntou em tom de riso.

- Por estar pensando na mesma mulher - devolveu-lhe, como se aquilo fosse a resposta de tudo, e era.

- Polly, por favor, talvez eu nem a veja mais.

A mais velha abriu um sorriso esperto.

- Com o irmão dela querendo trabalhar conosco? Eu duvido bastante.

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𝙊𝙨 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤𝙨 𝙎𝙝𝙚𝙡𝙗𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora