Capítulo VIII

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Thomas Shelby

Depois de Emily, o tempo para Thomas se tornou galopante. O problema é que havia deixado de ser o pequeno e jovem Tommy fazia muito tempo...

Tudo começou quando teve idade suficiente para ingressar no exército britânico, e ter a honra de batalhar na guerra. A maldita Batalha de Somme, era como chamava ao pensar lembrar.

A luta foi travada no norte da França, em um dos combates mais sangrentos já vistos, onde mais de três milhões de homens participaram e cerca de um milhão deles acabaram mortos ou feridos. Os gritos, sons de tiro, o terror no olhar de seus amigos; aquilo ainda atormentava seus sonhos, como uma assombração, uma maldição. Havia perdido pessoas demais e muito pouco tempo...

Quando voltou à Birmingham, a rigidez em seu rosto se tornou nítida. O olhar frio começou a brotar como ervas daninhas no jardim mais bonito. Assim que a gangue de sua família começou a crescer, seu caráter e personalidade apenas se acentuaram.

Thomas foi ocupando espaço dentro daquele mundo que estava envolvido, e entre crimes e apostas, rapidamente, chegou ao topo; e pelo fato de ter um gênio especial para a coisa, se tornou nada mais nada menos que o líder.

Era extremamente inteligente, e tinha uma maneira de pensar e criar estratégias únicas contra gangues rivais. Um pensamento rápido e aguçado, que lhe permitia estar sempre dez passos à frente em relação aos outros.

Trabalhava como um jogador de xadrez, prevendo os movimentos de seu oponente e as próximas jogadas que daria. Começou a chefiar sua família e seus negócios sem nunca perder a postura autoritária, ousada e, para alguns, irritantemente calma.

Polly, sua tia, Arthur e John, sendo seus irmãos e fazendo parte daquele mundo, enfrentavam junto de Thomas os desafios consequentes. O fato é que, quanto mais o tempo passava, aquele universo que estava incluído, funcionava quase como um remédio contra suas dores passadas.

Thomas se divertia com as apostas, principalmente quando ele e seus parentes começaram a conquistar muitos bens e puderam abrir um pub, o famoso Garrison. Porém, sobre tudo, a manipulação de corridas de cavalos se tornou o que mais gostava.

Desde aí, quanto mais aparecia nas apostas, mais crescia sua imagem. Principalmente no olhar das mulheres. Thomas às vezes se relacionava aqui e alí, mas era um homem reservado o bastante para não se aproveitar de uma moça qualquer.

O fato era engraçado, pois lembrava do quão bobo havia ficado ao receber um beijo de uma menina pela primeira vez, o de Emily Jones. Onde ela poderia estar agora? Ria ao se questionar daquilo.

Já havia tido casos com outras mulheres, mas nada era tão puro. Talvez fosse pelo charme que tinha, ou apenas interesse sobre suas posses. Por tal motivo, ele nunca se casou, muito menos teve filhos. Afinal, para quê? Não precisava daquilo.

Mas, como qualquer homem, Thomas não era de ferro. Havia momentos em que sentia a solidão o acompanhar, onde quer que fosse. Isto e suas péssimas memórias da guerra atormentavam suas noites; por isso, tinha de encontrar suas maneiras de afogar as mágoas; ou morreria afogado por elas.

Um, dois... De vez em quando, até três maços de cigarro, junto de garrafas de whisky, lhe faziam companhia, para pelo menos uma noite. Dava para o gasto... Pelo menos era o que pensava.

Numa dessas noites, Thomas se levantou da cama, com as tantas memórias lhe perfurando o sono. Seu olhar se voltou para o quarto, na tentativa de se distrair com algo, e mirou no terno pendurado nas costas da cadeira. Ele revirou os olhos, se lembrando que teria de passar na costureira para arrumar o rasgo feito por um idiota que se pôs a irritá-lo.

- Ótimo - murmurou ele tedioso, antes de tragar no cigarro entre seus dedos.

Soprou a fumaça que dançou diante de seus olhos. Naquele momento, Thomas já sabia que iria ter uma noite longa, e uma manhã cansativa.

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𝙊𝙨 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤𝙨 𝙎𝙝𝙚𝙡𝙗𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora