Capítulo I

16.8K 1.1K 277
                                    

***

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

***

Emily Jones

O sol, que adentrava pela janela, tinha raios suaves. Era uma manhã bonita na cidade.

Os passos de Marta eram ouvidos no assoalho da escada enquanto subia, mas os filhos não ouviram; o que a fez sorrir ao ver os dois juntos na cama.

- Queridos, acordem - falou com doçura, quase em um sussurro.

- Mamãe...? - Isaac começou a falar esfregando os olhos, ainda com sono. Emily junto, começou a despertar, tentando averiguar o latejo em sua cabeça causado pela cegueira da luz do sol em seus olhos. A camisola fina e comprida, abaixo de seus joelhos, estava amassada. Seus cabelos escuros, tinham fios bagunçados, iguais aos de seu irmão naquele momento.

- Bom dia aos dois - a mãe sorriu mais uma vez. - Queridos, recebi o empréstimo de meu irmão que eu tanto prometi a vocês. Então, Emily, precisamos comprar um vestido novo para você, meu bem. Isaac, precisamos de novos suspensórios, não é?

Os dois pularam da cama, ansiosos, enquanto ouviam Marta dar risada. Adoravam ir às lojas da cidade, mas não pelas compras, gostavam mesmo era de ver as pessoas chiques que entravam e saim delas. Os vestidos das moças eram tão bem trabalhados que davam inveja. Os homens sempre de ternos bem passados, sapatos lustrosos e cabelos penteados.

Emily gostava de observar estas pessoas silenciosamente. Algum dia estaria com um homem bonito de terno ao lado... Ou com um vestido bonito como aqueles? Como as princesas dos contos de fadas...

A menina se dispersou dos pensamentos quando sua mãe a chamou novamente. Trocou de roupa o mais rápido que pôde, enquanto sua animação crescia no peito. Desceu as escadas em passos rápidos e fechou a porta às suas costas.

***

As ruas estavam movimentadas naquele dia. O céu ainda estava nublado, mas desta vez entre o cinza e o laranja do sol nascido, que junto às nuvens, brilhavam suaves raios de sol.

Emy segurou na outra mão de sua mãe, pois a da direita já estava ocupada com a de seu irmão, enquanto caminhavam. Distraidamente, a morena tinha os olhos perdidos para as lojas com os títulos chamativos.

Respirava o ar da manhã em Birmingham, e tinha os ouvidos abertos. Os trotes dos cavalos na terra, pessoas em conversas animadas, passos de todos na rua. Vibrava sentindo tudo aquilo, mas estava tão distraída que mal reparou quando esbarrou em alguém.

- Olhe por onde anda! - Um garoto, mais alto, resmungou. Devia ter uns doze anos, era mais velho com certeza. Seus olhos azuis passaram por Emily em julgamento.

- Desculpe - ela murmurou baixo.

Viu que eram três meninos andando juntos, em perfeita ordem de altura. O maior e aparentemente mais velho, que havia falado com ela, andava na ponta. O do meio, que tinha uma feição séria e taciturna, era mais baixo, talvez tivesse oito ou nove anos. E por último, do outro lado, o menino mais novo e mais baixo de todos, sorria alegremente, nem mesmo parecendo entender a situação.

Era incrível como estavam bem vestidos. Os cabelos castanhos eram cortados igualmente, as roupas eram parecidas quase que em combinação, sem um amasso se quer. As meias brancas, longas, e os sapatos escuros e lustrosos. Igual os homens das lojas..., pensou Emily.

- Venha, Arthur - chamou o garoto do meio que fez o mais alto acompanhar seus passos. - Pare de dar em cima das garotas na rua - falou em claro tom de ironia.

- Ah, cale a boca, Tommy - riram os dois, seguindo pela calçada até virarem a esquina. Jones, quando se virou para frente voltando a respirar novamente, sentiu um puxão de sua mãe.

- Emily, venha aqui - Marta pediu.

Não... Aquilo não era um pedido, era uma ordem para se aproximar. A filha obedeceu por mais que estivesse receosa de receber uma bronca. Indo para um canto, sua mãe lhe penetrou os olhos escuros.

- Sabe quem são aqueles garotos? - Questionou.

Emy balançou, nervosa, a cabeça em negação. Não conhecia, nunca havia visto nenhum deles e desejava desesperadamente que sua mãe acreditasse nela.

- Filha, - Marta começou a acalmar a voz, afinal Emily não era culpada - aqueles são os irmãos Shelby - ela pronunciou aquele nome com cuidado. - São apenas garotos ainda, mas o pai deles é perigoso. Mexe com coisas erradas. Não se meta com eles, está bem? Nunca, Emily. Entendeu?

Sua mãe a olhava necessitando de um assentimento em resposta. A voz coberta de preocupação fez a menina balançar a cabeça, enquanto ainda pensava no que havia ouvido.

Shelby... Ela já havia ouvido aquele nome... Talvez em conversas que acabava escutando das pessoas na rua.

Os Shelby.

Marta suspirou e depois sorriu para a filha, que ainda tinha o rosto gravado dos garotos em sua cabeça. Os olhos azuis... Os cabelos castanho...

- Está certo - sua mãe suspirou. - Agora vamos, venha - ela voltou a lhe segurar sua mão.

Dentro da loja, enquanto olhavam alguns vestidos, por mais bonitos e encantadores fossem, a mente de Emily ainda se debruçava sobre aquele nome. Shelby...

"Eles são os irmãos Shelby", lembrou de sua mãe falando.

- Este é ótimo - a mulher pegou do cabide um vestido, junto a muitos outros que estavam na ala de promoções, vazia, da loja. Emy mal havia visto a roupa antes de chegar em casa. Estava distraída mais uma vez enquanto pensava naqueles garotos.

Seriam eles maus? Ou apenas garotos?

Quando chegou em casa, prestou melhor atenção em sua roupa nova. A cor vermelha, em vinho, combinava de maneira adorável com o bordado branco e cuidadoso em suas extremidades. Emily sorriu ao se ver no espelho com ele. Em seus pés, as famosas sapatilhas pretas, estilo boneca, nas quais sonhava dias e noites e que havia ganho naquele ano de aniversário. Estava mais feliz que nunca.

Marta, ao seu lado, fazia uma trança em cada lateral de seu cabelo, por fim, as amarrando no final, transformando-as em uma espécie de coroa. O restante dele caia em seus ombros. Seus cabelos de fato não eram longos, simplesmente até os ombros, e Emy gostava deles daquela maneira. Nem muito curtos, nem muito longos. Era perfeito. Agradeceu sua mãe, que sorriu de volta.

- Você está linda, filha. Agora, - falou ela se levantando da cadeira e alisando o vestido - vou ajudar seu irmão. - Marta lhe deu um beijo doce na testa e saiu do quarto, um dos únicos dois existentes na casa.

Quando Emily ouviu a maçaneta se fechar, se deitou na cama. Novamente, com a cabeça vazia dessa vez, o nome daqueles garotos e seus pares de olhos azuis voltaram à sua mente.

Os Shelby...

𝙊𝙨 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤𝙨 𝙎𝙝𝙚𝙡𝙗𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora