Capítulo XII

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Thomas Shelby

- Santo Deus, que mulher... - Foi o que Thomas ouviu de um homem na mesa ao lado.

Honestamente, estava um tanto desinteressado em se virar de costas. Encarava o copo vazio à sua frente, sem saber se aquela era sua segunda ou terceira dose de whisky, mas tinha certeza de que precisava pensar em outra coisa a não ser os olhos verdes da bendita costureira.

Como diabos descobriria que ela iria aparecer na corrida? Seria impossível!

Thomas soltou um suspiro. De fato não tinha foco em absolutamente nada até Arthur, ao seu lado, dizer:

- Ei, aquela não é aquela mulher que você conversou antes da corrida começar?

O Shelby soltou um muxoxo de desdém.

- É verdade - John apertou os olhos. - Vire-se.

Thomas finalmente desistiu de resistir a tentação de se virar. E lá estava. A costureira.

- O que deram a ela? - Perguntou John, em um sorriso ladino, parecendo se divertir. - Queria algo forte assim.

Thomas sentiu algo estranho. Não deveria fazer nada, não deveria se importar. Aquilo era um bar e as pessoas poderiam beber o quanto quiserem, até onde quisessem. Mas daquela vez se importou. Quis se importar. Foi assim que acabou se aproximando do balcão, perto do acento em que Emily se encontrava.

- Jones?

- Senhor Shelby - exclamou ela, com uma voz que qualquer um poderia deduzir que estava fora de si.

Thomas reparou na garrafa de Martini quase vazia ao seu lado e lançou um olhar tedioso à Jack, do outro lado do balcão, que automaticamente levantou as mãos.

- Juro ao senhor que ela me obrigou a lhe dar a garrafa.

Tommy olhou novamente para a costureira. Aqueles olhos verdes lhe fitavam enquanto sua cabeça estava apoiada em sua mão, lhe bagunçando os cabelos negros. Como podia ser tão bonita... Não. Ela é só uma mulher bêbada, ela só está bêbada, foi o que Thomas começou a costurar na cabeça antes que pudesse pensar algo mais.

- Quantas doses você bebeu?

- Hum... - A moça desviou o olhar. - Bem, deixe-me pensar... Quantas doses cabem nessa garrafa?

- Emily, - Thomas, assim que repetiu aquele nome, sentiu o mesmo quando se deparou com a costureira na corrida, horas antes. Era algo familiar, como se já o tivesse dito mais de uma vez, porém, ignorou e continuou: - você deve ir para casa.

- Oh, não - murmurou Jones, enfadada. - Gosto da música daqui.

- Mas...

Thomas iria se antepor, mas antes que pudesse, Emy se pôs de pé, caminhou até a mulher que cantava em cima de uma das mesas e cochichou algo em seu ouvido, o que fez Thomas às olhar com uma incógnita acima da cabeça. No fim, para piorar a confusão, a moça apenas sorriu e saiu da mesa, dando lugar a Emily que então, começou a cantar.

No começo, não havia reconhecido a música, até ouvir o refrão que levava nome da música: "Dream A Little Dream Of Me". Por um segundo, Thomas perguntou a si, se ela estaria realmente alcoolizada. Cantava tão bem quanto uma mulher sóbria.

Mas simplesmente deixou a dúvida de lado quando viu a mesma se pôr de pé na mesa e começar a rodopiar o vestido azul em seu corpo.

Os homens ao redor a comiam com os olhos, e Thomas sabia onde aquilo iria parar. Uma mulher bêbada em um bar lotado de homens. Não acabaria bem. Ele então se aproximou da mesa e, em alto e bom som, falou:

- Emily, venha, desça daí.

- Por que eu deveria? Já disse que gosto daqui - a costureira respondia com a língua embolada, gesticulando e abrindo os braços teatralmente.

Thomas suspirou, exasperado. Estava detestando como todos do bar a olhavam sem o menor escrúpulo, enquanto ela lhes devolvia um olhar alegre e inocente.

Emily tentou girar em seu próprio eixo ao ritmo da música, porém por estar tonta demais, teve quase que sua queda livre. Enquanto a costureira dava altas risadas descontroladas, Thomas agradeceu pela chance de, finalmente, segurar aquela mulher nos braços e poder tirá-la do bar, antes que pudesse quebrar o próprio pescoço em mais uma rodopiada daquelas.

A levou para fora no mesmo instante, com medo de que pudesse querer voltar para dentro.

- Vou lhe pôr no chão, sim? - Anunciou Thomas, esperando uma resposta que não recebeu; entendeu aquilo como um sim. Devagar, a colocou de pé. - Você está bem?

- Nunca estive melhor - respondeu a costureira, antes de tentar dar um passo convencido e suas pernas falharem.

- Ah, claro - murmurou Thomas ironicamente, antes de passar um braço de Emily por trás de seus ombros e lhe segurar o corpo com a outra mão.

- Ei, eu sei andar, não tenho dois anos - protestou ela, em um tom zangado.

- Certo, se eu te soltar você não vai cambalear, cair no meio da rua e ser atropelada, não é?

Emily se calou. Talvez tivesse entrado em sua cabeça que simplesmente não tinha capacidade de fazer nada, além de dar passos vacilantes. Thomas não se importava de servir de apoio, afinal já havia ficado bêbado antes e tinha convicção de como Jones estaria no dia seguinte.

- Só não me leve para minha casa, está bem? - Murmurou ela, de repente, fazendo o Shelby virar o rosto em sua direção.

- Por quê?

- Não quero que meu irmão me veja neste estado - a costureira, que minutos antes se acabava de dar risada, naquele momento estava séria, quase que melancólica.

Há vários estados de uma pessoa alcoolizada, de fato, pensou Thomas.

O único lugar que lhe ocorreu foi pedir ajuda de sua tia Polly, pois pelo estado de Emily seria necessário um belo banho gelado. E foi exatamente o que fez.

- Thomas? - Perguntou a tia Polly encarando os dois, incrédula. Estava enrolada em um grande casaco, que tentava manter os botões fechados enquanto abria a porta. - Quem é a moça?

- Bom... - Tommy olhou para a jovem que naquela altura já tinha a cabeça em seu ombro e se apoiava por trás de seu pescoço. - Uma amiga. Ela está...

- Sim, eu sei que está - tia Polly respondeu, quase que em um sorriso, como se já imaginasse uma cena daquelas acontecendo. - Explique-me depois. Agora entre, antes que ela piore.

***

𝙊𝙨 𝙄𝙧𝙢𝙖̃𝙤𝙨 𝙎𝙝𝙚𝙡𝙗𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora