Steve part

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nem sei por onde começar a contar... devo começar pela parte que venho de uma família extremamente religiosa e conservadora e eu sou gay, ou pulo direto pra parte que sn me fez ser quem eu sou hj? são tantas coisas, tantos momentos, é necessário recapitular tudo pra conseguir entender o quanto sn foi e é importante pra mim...

sempre sofri pressão da minha família, sempre tive esse meu jeito afeminado de ser, sempre gostei de me vestir bem, na moda, sempre gostei de maquiagem, fazer compras, tudo... tudo que uma família conservadora acha que é função de mulher... mas não recrimino por ser gay, tipo, qual é o problema de um homem gostar de estar na moda? só pq nasci com um pinto no meio das pernas eu tenho que andar desarrumado com uma bermuda tactel? eu não posso ir ao shopping fazer comprar e gostar de fazê-las? eu necessariamente tenho que andar por lá entediado, querendo ir embora a todo momento, sentando no primeiro banco que encontrar? É uma regra?

por não querer bater de frente com eles, por amá-los, eu tentava me esconder, esconder meus gostos, minhas vontades, pelo bem de todos, a confusão que eu arranjaria se simplesmente falasse a todos que eu sou gay, seria devastadora... daí todos pensam, saindo de casa tudo melhora né? sem pais te vigiando, sem pressão... enganados

na escola eu sofria bullying, por não ser igual a maioria dos meninos, não gostar de futebol, não sair falando dos peitos das meninas, ou mostrando um vídeo porno muito bom que encontrei na noite passada... então posso dizer com todas as minhas forças que minha vida era um IN-FER-NO, literalmente

até duas meninas chegarem na cidade, eram de uma família da capital... todo mundo ficou sabendo pq a cidade é pequena, então se vc cai na esquina e rala o joelho até o prefeito vai ficar sabendo... enfim, as duas não tinham muitos amigos e me viram isolado andando pelos corredores da grande escola, e então se sentaram comigo no intervalo, e juro por deus, essas duas não sabem o quanto isso foi importante pra mim, eu tinha pensamentos errados, eu queria acabar com o meu sofrimento, pq sabia que ia fazer outras pessoas sofrerem também... e elas me mostraram que a vida não é tão ruim assim...

lembro até hj quando um moleque 1 ou 2 anos mais velho que a gente, jogou uma bola de basquete na minha cara e gritou mandando eu andar que nem homem... devíamos ter uns 10, 12 anos no máximo... aquilo doeu tanto, e nem to falando pela bolada não, e sim pela humilhação de ver todos rindo da minha cara... até que sn foi pra cima dele e no final paramos os 4 na diretoria... mesmo sendo pequenos a maturidade que Sn tinha era de impressionar, lembro da diretora dando bronca nela falando que não pode bater nos colegas até ser interrompida pela mesma "e vc acha certo um aluno receber uma bolada na cara e ser humilhado com brincadeiras de mal gosto só por ser gay? vc sabia que essa escola podia ser fechada por acobertar um crime chamado homofobia?" eu gelei na hora...

nunca comentei nada com elas, mesmo sendo amigos, eu nunca disse pq tinha vergonha, lembro da diretora arregalando os olhos e olhando pra mim que já estava com lágrimas nos olhos... a velha levantou rapidinho fechou a porta e deu uma suspensão para o menino, e não aconteceu nada com a gente... depois disso as meninas foram pra minha cara e fiquei horas conversando sobre oq sentia por dentro, oq eu tinha vontade de fazer.... e desde o começo elas sempre me apoiaram, nunca me olharam de outro jeito...

depois fui amadurecendo e tomei a coragem de contar primeiro para os meus pais... meu pai se revoltou e me expulsou de casa, falou que eu iria o envergonhar na frente das pessoas da igreja, já minha mãe não falou nd... fiquei um tempo morando na grande casa da sn... até um dia minha mãe aparecer na porta e pedir pra eu voltar pra casa...

*flashback on*

- vamos steve, vamos pra casa - ela disse calma, eu não conseguia entender, se estava bem, triste, envergonhada, brava

My boyfriend is a tiktoker - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora