Here Comes Revenge

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A aniquilação de Lydavasta já celebrava suas vinte e quatro horas, mas o ódio ainda fervilhava em Hersa como no momento em que ela vira sua cidade ruir. Sentada à ponta da mesa de jantar, sua ira era facilmente notada por todos os representantes da nova aliança, sentados à mesa com ela. A qualquer momento, cozinheiros reais trariam um banquete a todos ali presentes, mas a antecipação deliciosa da comida de primeira classe não conseguia sobrepujar a ansiedade horrível que corroía o peito de todos.

Afinal, após a destruição da capital do reino por dragões e a declaração de guerra por sua rainha, como tudo seguiria em frente?

Hersa estava deslumbrante, o que não era surpreendente, mas ainda assim aprazível. À ponta da mesa, na maior e mais confortável cadeira, ela tinha as mãos perfeitas delicadamente apoiadas no cedro envernizado, estáticas, refletindo a luz tremeluzente dos archotes e candelabros nas unhas polidas e nos anéis dourados. Pulseiras preciosas se entremeavam aos arabescos costurados com fios de ouro na seda branca do vestido. A gola cobria metade de seu pescoço, e deste pendia um pingente de esmeralda que ninguém jamais a vira usando antes. Os cabelos, como fios de ouro e fogo, estavam trançados em volta da cabeça como uma coroa, e, sobre os fios, a verdadeira coroa demarcava seu poder indiscutível.

Mas o rosto maquiado, embora absurdamente belo e perfeito, não refletia toda a graça do restante do corpo. Naquelas feições só reinava a cólera, o ódio e a vingança. Nada mais.

Ao lado dela, seu braço direito na corte: Caesar, alto e loiro, o rosto sisudo ostentando uma barba rala e perfeitamente contornada, o peito liso exibido pela túnica dourada aberta. Ao outro lado, uma cadeira vazia. As outras cadeiras eram ocupadas pelos Mestres de Guerra do reino de Hersa, e eles preenchiam todos lugares... até o último, na ponta oposta da mesa.

Ali sentava-se uma figura sombria. Seu vestido era inteiramente preto, quase sem nenhum adorno. Um capuz assombreava seus olhos e nariz, deixando visível apenas uma linda boca pintada por um batom muito vermelho. A pele pálida como giz que cobria as mãos magras sobre a mesa já eram indício o suficiente de sua identidade, mas não mais que as unhas imensas e pontiagudas. Bellatriz não dava a mínima importância para formalidades, e era visivelmente reprovada por Rafhyr, ao seu lado, que trajava suas vestes esmeraldinas finas e buscava manter sua melhor etiqueta.

Vinho havia sido trazido como preparação para o banquete, e um dos mestres de guerra já se impacientava, tamborilando os dedos sobre a mesa.

— Estou ficando com fome — disse ele com uma voz desagradável. — Mandem trazer essa desgraça de banquete logo.

— Não até ela chegar — disse Caesar, interrompendo Rafhyr, que parecia querer dizer a mesma coisa.

Resignado, o homem grunhiu e se acatou, mas logo foi tomado por uma... aura. Todos foram. Espiralando das escadas perto da mesa, descia, agraciando o ar de todo o recinto, uma aura divina, uma fragrância sedutora e inumana. Pé ante pé, degrau ante degrau, Lyfallia Vallene se revelava do andar superior, e cada movimento seu era gracioso o suficiente para agradar aos deuses. O verde-escuro, mais escuro do que o normal, de seu vestido longo se moldava como líquido às curvas de seu corpo; a mais pura e preciosa seda élfica, decorada com pétalas multicoloridas ainda mantidas vivas pela magia inerente da elfa. Um dos braços e uma das pernas eram revelados pelo vestido, descobertos, reluzindo naturalmente à iluminação do salão, a pele dourada absorvendo a luz do fogo. Logo após o ombro, uma serpente dourada envolvia seu braço; um bracelete estonteante. As unhas compridas e verdes roçavam o corrimão conforme ela descia os degraus com seus pés leves e coordenados, geralmente descalços, mas agora envoltos por sapatilhas que complementavam o vestido.

Draconia - Trilogia Gjallarhorn, Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora