The Time Has Come

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O impacto da flecha contra a adaga demarcou o momento derradeiro em que todos se livraram do transe provocado por Lyfallia. Subitamente, o que antes eram murmúrios de adoração transformaram-se em gritos de desespero enquanto dezenas de pernas disparavam para fora do salão de festas.

Lyfallia, com olhos vidrados e odiosos, encarava a imponente figura da irmã, os lábios tremendo. Recuando com o susto, Jon sentiu a presença de todo o seu grupo se reunindo ao seu redor e suspirou, devolvendo o olhar mortífero de Hersa Goldstein, fixo nele.

— Eu sabia... — disse o necromante. — Eu sabia que isso não tinha a menor chance de dar certo...

— Você... — Samwell arrotou. — ...consegue fazer com que tudo sempre termine em sangue, não é?

— Não jogue isso para cima de mim. Não fui eu que acabei com todo o plano dessa vez.

— Convenhamos que o plano era ridículo — Mya falou ao se posicionar ao lado dele, firmando os pés no chão e contraindo os poderosos músculos das pernas treinadas. — Mas agora não resta escapatória. Elas não vão nos deixar fugir. E, se agora só resta lutar... então que assim seja.

— Poético — disparou Hersa, girando a lança na mão e apontando-a para o chão. Ao seu lado, a elfa ainda trocava olhares com a irmã. A Rainha Dourada sorriu quando todo aquele grupo a encarou com ódio e se posicionou em uma intimidadora formação; viu o fogo brilhar nas mãos da piromante, as cartas flutuarem ao redor da cigana, raios piscarem no corpo do bárbaro. — Oh, que belos. Muito, muito belos. Mas estúpidos, decerto, se pensam que estamos sozinhas aqui.

Uma gota pingou do teto, sujando o chão de mármore. Vermelha. Outras seguiram, mais volumosas, barulhentas — uma poça de sangue formou-se no chão, e dela emergiu a figura de uma mulher encapuzada, de pele pálida, cabelos pretos e longas unhas vermelhas. Kristy rilhou os dentes.

Subitamente, um estrondo: uma das paredes do salão acabara de ser perfurada, e do buraco destroçado vinha correndo desembestada uma grotesca e enorme criatura, salivando por sangue. Derrubando mesas e quebrando o piso com seus passos, Hallgor parou obedientemente ao lado de Lyfallia — assim como Rafhyr, em sua reluzente armadura verde-esmeralda, que saía de trás do trono.

A rainha élfica analisou cada pessoa presente ali, olhos seguidos de olhos.

— Cinco contra sete... ainda não me parece justo — disse com um sorriso maquiavélico —, mas eu deixo vocês saírem na vantagem.

— Sua luta é comigo! — gritou Yilliandra, pousando perto dos outros com o arco em mãos.

— Oh? — Lyfallia ergueu uma sobrancelha e lambeu os lábios. — Estou surpresa, irmãzinha, admito. Não sei dizer, no entanto, se é por causa da sua persistência ou da sua burrice.

— Você saberá quando eu chutar sua cabeça na parede e esmagá-la a pisadas!

— Que violência, queri-

Yilliandra tornou-se um borrão no ar e chocou-se contra Lyfallia em um intervalo de tempo menor do que um piscar de olhos. A expressão chocada no rosto da rainha élfica foi a última coisa que se pôde ver — então ambas brilharam em um clarão de luz e desapareceram.

Menos de um segundo após isso, Samwell e Khron deram de ombros e berraram, então dispararam na direção de Hallgor. O brutamontes berrou de volta e correu na direção deles — chocando-se contra os dois e os derrubando de costas a três metros de distância. Desviando dos dois, Jon e Mya, confusos, olharam ameaçadoramente para a Rainha Dourada — ela assumiu uma postura defensiva e sinalizou para Rafhyr e Bellatriz, que correram simultânea e respectivamente na direção de Kristy e Yasmin...

Draconia - Trilogia Gjallarhorn, Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora