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O som crocante da grama sendo esmagada por pés era inexistente, porque os passos daquela figura eram leves como penas. Mesclando-se à escuridão do verde sombrio à volta, o capuz baixo e a capa farfalhante ocultavam completamente sua identidade a qualquer um ao redor — mas não havia ninguém ao redor. Naquela escura, densa e vasta floresta, não se via uma única flor, um único fruto, uma única criatura: era como um deserto coberto por grama e tomado por árvores. E, por entre os troncos musguentos e anciões, a figura caminhava lentamente, mas apreensiva.
Quando enfim alcançou seu destino, emaranhado em meio às folhas, a figura parou e encarou a entrada de uma caverna. Era enorme, e seu interior parecia ser ainda maior. A caverna aparentava integrar uma pedreira que não era visível devido à quantidade excessiva de árvores em volta.
Encarou a escuridão ao mesmo tempo repulsiva e convidativa lá dentro, a figura suspirou. "Há quanto tempo eu não venho aqui?"
Ela ergueu o braço, e, por baixo da capa pesada, uma mão esguia, delicada e quase brilhante saiu de baixo do tecido e plantou-se na pedra. Unhas compridas, pontiagudas e verde-esmeralda arranharam a superfície áspera. A outra mão, tão delicada quanto, fez o capuz deslizar pelos cabelos sedosos e dourados. O rosto fino, surrealmente perfeito e simétrico era conhecido até pela própria natureza, que, em resposta à sua revelação, fez soprar uma brisa temerosa que preencheu o silêncio pesado de farfalhares.
Inspirando o aroma úmido do bioma, Lyfallia Vallenne entrou na caverna.
Seu primeiro passo, por mais leve que fosse, fez reverberar pelo interior da caverna o estalido ínfimo da sola da sapatilha se plantando na pedra. Em resposta à sua presença, o ambiente se preencheu com luzes alaranjadas difusas — inúmeras velas se acenderam sozinhas, encaixadas nas arandelas que pendiam das paredes secas. A iluminação revelou um caminho de ladrilhos assimétricos que levavam a uma pequena passagem na parede oposta.
Lyfallia atravessou o portal, que curiosamente parecia ter sido projetado para o seu tamanho, e adentrou um recinto peculiar. No centro, uma pedra sacrificial idêntica àquela onde Jon a havia consumado e onde a Espada Esmeralda fora materializada. O lugar era muito alto: todas as prateleiras e escadas em caracol que permitiam acesso aos andares superiores eram feitos de pedra, e cada um dos tijolos de pedra que compunham a estrutura do local era decorado com um arabesco de esmeralda, e todos os arabescos brilharam com a presença da elfa. Mas em algum lugar nessas prateleiras era onde estava o que Lyfallia viera buscar.
A elfa caminhou elegantemente, a ponta de suas unhas trilhando as lombadas dos incontáveis livros nas prateleiras. Por toda a biblioteca, seus olhos verdes reluziam em conjunto com os arabescos enquanto ela avidamente buscava algo específico. Um livro específico.
"Onde?" Os olhos atentos percorriam cada lombada, estudando cada cor e textura. "Onde está? Onde está? Onde..."
Uma súbita percepção, uma onda de escuridão, uma aura repulsiva. Uma flecha sombria invisível disparada do alto relevo da lombada de couro até o coração e os olhos da elfa, interligando-se à alma dela, preenchendo de desejo as fissuras em seu cérebro.
Lyfallia sorriu. "Achei você."
Suas unhas se encaixaram na curva da lombada do livro e o puxaram. Tocá-lo a fazia sentir uma estranha, mas prazerosa, sensação de nostalgia e sabedoria. A capa era de couro escuro, tinha alguns confusos detalhes em ouro e ostentava um notável arranhão no centro.
— Há quanto tempo eu não te vejo? — sussurrou a elfa, acariciando a capa do livro. — Há quanto tempo você está esquecido aqui?
Ao abrir o livro, Lyfallia encontrou páginas em branco. Folheando-o até o fim, confirmou que não havia nada escrito ou ilustrado, mas isso apenas a fez sorrir com a certeza de que era aquilo que ela buscava. Estendendo um dedo, tocou com a ponta da unha uma das páginas... e, de imediato, do ponto de seu toque até as bordas, escritas élficas surgiram como tinta pingada, preenchendo todo o espaço em branco... Então as letras brilharam em sincronia com seus olhos, e ela perdeu os sentidos.
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Draconia - Trilogia Gjallarhorn, Vol. I
FantasíaJon Hansen, um necromante de poder inimaginável, tem um objetivo definido e imutável que perseguirá com determinação absoluta até que o concretize completamente: provar ao resto do mundo que é o ser vivo mais poderoso . No entanto, realizar tal feit...