Dance of Death

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Com um estalo de dedos do tritão, emergiram do mar na velocidade com que afunda uma âncora. Arremessados pela própria força das águas, caíram desajeitados sobre um solo arenoso e macio, surpreendentemente não sentindo dor — mas engolindo muitos grãos. Tossindo, Kristy abriu os olhos irritados e sentiu a areia da praia sob os dedos, iluminada em dourado pelo sol já poente; e viu, mais à frente, a talvez duzentos e cinquenta metros, o porto de Marine. Sorriu e voltou-se para trás, procurando o restante do grupo, que se levantava com dificuldade.

— Quem diria que seria tão fácil!

Mya cuspiu areia, alisando a túnica molhada.

— Aquele tritão sabia — falou. — Tinha conhecimento do fato de que sou uma ponte espiritual entre raças. Eu só... precisei jogar na mente dele uma confiança cega em mim, e pronto. Livres e em Marine.

— Boa — disse Kristy, aproximando-se do necromante enquanto massageava os cotovelos. — Esses poderes na cama devem ser um barato.

Khron torceu a longa barba para drenar a água.

— Concluí, recentemente, que essa menina só sabe falar disso.

— E quer que eu fale mais de quê?

— Quero que vocês calem a boca — disparou Jon, virando as costas. O cansaço parecia pesar em seu corpo agora. Ele se direcionou a uma pequena abertura na pedreira ao lado da praia, buscando ocultar-se do porto. — Tem uma caverna aqui. Ficaremos nela até o amanhecer.

Caverna? — Samwell fez um bico ao olhar para a belíssima cidade ensolarada no horizonte. — Não quis dizer taverna?

— Nada de tavernas por hoje. Se entrarmos em Marine assim, pelo menos oitenta e sete flechas vão voar na nossa cara. — Ele perscrutou a entrada da caverna, apertando os olhos. — Amanhã de manhã, tentaremos nos disfarçar e arrumar roupas para a porra do baile. Não estamos aqui para brincar; precisamos chegar até aquele rei de um jeito ou de outro. Antes de Hersa, pelo menos.

⊱◈◈◈⊰

O ambiente era felizmente mais espaçoso por dentro, mas ainda assim muito escuro — porém, com uma singela ajuda de Mya, Kristy e Yasmin, conseguiram projetar uma iluminação acalentadora e relaxante, de modo que, mesmo com o desconforto das pedras, conseguiram dormir em pouco tempo, ao suave som do oceano lá fora...

Um feixe invasivo de sol penetrou a entrada estreita da caverna, iluminando diretamente o rosto do necromante. Jon abriu os olhos e espremeu as pálpebras, desviando o olhar da luz cegante, embora prazerosamente morna. Tentou cobrir os olhos com a mão e surpreendeu-se ao sentir o braço preso: Kristy adoravelmente dormia apoiada na dobra de seu cotovelo, uma das mãos sobre seu joelho.

Em condições normais, Jon certamente a empurraria com raiva e possivelmente cuspiria em cima — mas, por algum motivo, naquela manhã, ele cautelosamente apoiou a cabeça dela na pedra, certificou-se de que não a acordara e se direcionou à praia, estranhando a ausência de todos os outros ali dentro.

Encontrou Khron na entrada, alongando o pescoço e os ombros tensionados pela cama nada confortável. Ele o fitou pelo canto dos olhos, soltando um sorriso meio dolorido.

— Você sendo cauteloso com a garota de fogo? Isso é novo.

Jon suspirou e recostou-se na pedra.

— Não que eu me importe, mas prefiro que ela durma como um anjo do que fique me infernizando como um demônio.

— Faz total sentido.

O necromante olhou brevemente para dentro da caverna e franziu a sobrancelha ao novamente sentir falta de algumas figuras.

Draconia - Trilogia Gjallarhorn, Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora