CAPÍTULO QUATRO - Batatas fritas e danças

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As ruas estão um pouco vazias e os passageiros do trem se misturam tentando pensar em algo para fazer enquanto o frio da tarde não dá trégua.

A cidade é muito bonita, pequena e claramente antiga. Nem todas as casas são pintadas pelo o que vejo e tudo parece ser perto demais, mas o que realmente chama a minha atenção é uma igreja velha no meio da cidade.

- Que igreja bonita. - Digo encantada.

- Quer ir vê-la?

- Agora? - Viro-me para ele.

- Por que não? Vamos conhecer essa cidade.

Está frio demais agora.

- Hum, acho melhor encontrarmos um lugar para nos aquecer primeiro.

- Tem razão.

As mãos dele encostam levemente nas minhas coisas e o sinto me guiando pelo caminho como se ele conhecesse a cidade.

- Olha, aquilo parece uma lanchonete. - Ele aponta para um lugar.

Atravessamos a rua e a lanchonete está a apenas uns metros de nós, não muito distante da estação de trem. Caminhamos lado a lado em silêncio e quando chegamos ao lugar, ele segura a porta para que eu entre.

- Obrigado.

O lugar é quente e bastante confortável, também está totalmente vazio, a gente decide se sentar perto de uma árvore de natal, bem no canto.

- Amo músicas de natal. - Ele diz tirando o casaco.

Ele usa uma blusa de lã preta por baixo e ainda assim posso perceber que ele tem ficado forte.

- Aqui é tão quentinho. - Digo esfregando as mãos.

- Tome. - Ele diz me entregando um saquinho branco e pequeno.

Percebo que é um aquecedor de mãos, aqueles coreanos.

- Obrigado.

- De nada. Já sabe o que vai comer?

Sorrio.

- Acabei de comer chocolate quente com biscoitos.

- Mas pode comer mais um pouco se quiser.

E ele tem total razão.

Uma moça com o nariz vermelho e aparência abatida chega para anotar nosso pedido.

- Acho que vou querer batatas fritas e um suco. - Ele diz olhando para o cardápio.

- Vou querer o mesmo. - Digo a moça. - Mas quero um suco de laranja.

- O mesmo para mim.

Ela nos avisa que deve ficar pronto em alguns minutos e se vai.

- Então, onde paramos a nossa conversa? - Ele pergunta segurando o rosto com as mãos e me olhando atentamente.

- Hum, você estava flertando comigo e nós falávamos de moda. -

Eu o lembro e ele sorri.

- Era realmente um flerte, mas você também estava flertando.

- Eu só entrei no seu jogo.

- Você não se sente intimidada por mim?

- Por que eu sentiria isso? - Solto uma risada alta. - Você é do tipo que eu preciso manter distância?

- Eu só estava brincando.

Esfrego as mãos.

- Você já namorou antes? - Ele pergunta me olhando seriamente.

O Natal que prometemosOnde histórias criam vida. Descubra agora