A CADA AMANHECER - Sr LUKE HOWARD - Saga Homens Fortes - LiaWale

Capítulo 4 - CG

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Algumas horas mais tarde

Eu.. sempre sentava no fundão. Sabe, passar aquela vibe de ser descolada. Porém, sempre acabava sendo a nerd esquisita. Para ter uma ideia, por mais que eu andasse com as meninas mais descoladas da minha sala, o mundo só girava em torno delas. Quando algum menino notava o nosso grupinho, eram sempre elas que eles queriam. Eu nunca gostei de "farra" ou matar aula para ir no motel com dois.. três.. cinco em um dia. Lembro quando uma delas falava que ia escolher um rapaz da sua lista pois era bem "disputada". Claro, sexo fácil e de graça, qual seria o mané que pagaria uma garota de programa se tinha aquilo ali em um estalar de dedos?! A boba sou eu, isso sim!
Quando abriam a boca, era só macho! Só tinha uma menina que eu conseguia lidar mais facilmente. Ela era como eu, a nerd.. mas como era amiga de infância de uma delas, ela foi aceita por todas. Quando tinha matéria nova, eu corria para ver se ela tinha entendido. Quando não, ela vinha saber se eu tinha entendido.. ou vice e versa. Só sei que, pela misericórdia mesmo, eu nunca deixei de tirar nota boa em trabalhos e avaliações bimestrais. Poderia ser daquele grupo perdido do fundão mas.. não era uma perdida ali. Eu só colocava o meu fone e ficava estudando enquanto elas bagunçavam o tempo todo. Isso quando não me zoava.. o jeito que eu andava, o esmalte que eu usava, a maquiagem quando passava para me sentir aceita naquele bonde.. até mesmo quando me calava para não ofender ninguém.. odiava brigas. Querer agradar a todos mas.. perder a sua essência por carência de amizade. Era frustrante!
Quando o sinal para ir embora tocou, saímos pelo corredor passando pelas escadas naquele vuco vuco. Se não andasse, era capaz de ser pisoteada. Só sentia liberdade quando saia do portão para fora. Quando saiamos, todo dia era a mesma coisa. Lá na frente da escola tinha aqueles carros com som alto que era um inferno. A maioria das vezes eram tudo músicas de putaria e desvalorização da mulher.. pior que tinha umas garotas que rebolava até no chão chamando de burras em cada refrão. A rua se fechava de "abelhudos" como muitas ali diziam zoando cada um. Subi pela calçada da escola, saindo daquele fervor. Subi até a parte do campinho, onde tinha uma passagem para ir até o outro lado da rua. Ali, segui ouvindo uma das minhas playlist pelo fone.

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Tinha chegado meia hora antes do horário na frente da escola. Estava tremendo, as mãos suando, a minha barriga dava uma fisgada. Eu não sentia isso desde o tempo de escola. Nem se comparava!
Enquanto aguardava dentro do carro, vi como era o nível ali. Mexia no celular, olhava nos retrovisores.. parecia que o tempo não passava. De repente, ouvi o som, um sinal.. finalmente!! Saio ou fico? O que eu faço??! Calma! Fiquei analisando aquelas pessoas saindo lá de dentro, estava a sua procura. Como estava aqui em cima, era mais fácil de olhar. Será que ela não tinha vindo?? Seria muita "sorte" a minha. Ri irônico e de nervoso. Porém, quando olhei para o lado, perto do meu ponto cego do carro, eu a vi. Estava apenas com uma alça da bolsa em um ombro e na mão, o seu celular. De cabeça baixa, sem olhar para os lados, eu a vi caminhando entrando no terreno aberto bem de esquina. A acompanhei com os olhos.. ela estava tão linda. De cabelos soltos, levemente ondulados nas pontas. Não esbanjava a "modinha" dos jovens mas o seu jeito simples me encantou. Liguei o carro e comecei a subir lentamente. Virei a rua e continuei causando trânsito pelo jeito lento que estava andando.. dane-se!! Queria saber onde ela ia virar. Ela atravessou a rua e subiu para a avenida.. perfeito! Continuei seguindo sem chamar a sua atenção. Ela atravessou mais uma rua e seguiu. Tive que fazer o retorno pois ali não dava para subir.. droga! Não posso perder ela de vista! Foi quando virei na rua que ela tinha entrado.. era muito escura, só tinha alguns postes funcionando.. de resto, só que não! Estava deserta, escura e um silêncio predominante. Só ouvia o barulho do vento e do motor do meu carro. Tinha deixado apenas a lanterna ligada e me aproximei dela. Ela olhou para trás e não notou quem era, vi o seu jeito como caminhava.. estava receosa. Continuei seguindo bem devagar.. a luz iluminava o seu corpo.. até o jeito de andar ela tinha seu charme!