''O amor e o ódio. Extremos opostos? Não... eles são inteiramente iguais. Ambos tão intensos, fortes. Vendas tão grossas que nos cegam por completo. Ligados pelo mesmo fio, vívidos e resplandecentes. Vagam de mãos dadas pelos corações pulsantes que imploram por emoção; que se movem conforme manda o sentimento. Seja bom ou ruim, seja algo que dá ou que tira a vida, eles sempre estarão lá, unidos e esplendorosos.''
Ivan MillbornJá se passaram três dias desde o ataque ao vilarejo durante o Festival de Primavera e as investigações para descobrir quem está por trás disso continuam sem grandes sucessos. O treinamento de todos foi interrompido para que ajudem na reconstrução das casas, menos o meu e da Lucy. Eles dizem que nós dois precisamos ter total foco se queremos nossas famílias de volta, o que é visivelmente uma baita chantagem emocional que só está me deixando pior. Todos esses problemas e toda essa pressão acabam comigo e com Lucy.
Falando no diabo, devo dizer que ela é o meu maior problema. Não fala comigo desde o dia do incidente e a forma como ela me olha - quando me olha - é a mais fria e degradante que eu já vi, principalmente quando Melini se aproxima de mim me dando um beijo na bochecha. A raiva e o ciúmes que corre como fogo pelas veias de Lucy se tornam visíveis em seu rosto, mas sei que ela prefere morrer a admitir isso. No início era engraçado, mas agora sua ausência me atinge e me revolta. Ela sabe que estamos solteiros e podemos ficar com quem quisermos. Sabe tanto que está saindo bastante com Levi e parece bem feliz com isso.
Estamos no quarto nos preparando para o treinamento e ela está de costas para mim, enfaixando a própria mão esquerda, que ela machucou no treino de socos de ontem. A minha força parece estar aumento e descobri que tenho habilidade com arco e flecha, mas a força de Lucy é muito absurda e não parece ser fruto apenas de treino, já que fazia anos que ela não treinava. Nós estamos em completo silêncio, o que me incomoda muito, então decido tomar a frente da situação.
— Até quando pretende me ignorar? — Ela permanece em silêncio e imóvel, apenas com seus movimentos circulares em torno da mão. — Tsc, você está sendo ridícula Lucy. Não tem o direito de ficar chateada assim. — Seus movimentos paralisam por um instante até que um suspiro sair de suas narinas e ela se virar e me encarar. Seus olhos escuros brilham e parecem transbordar de dúvida e tristeza. Não devia tê-la chamado de ridícula.
— E, porque eu não posso ter ao menos esse direito? — Nesse momento eu percebo meu erro. Percebo o quão egoísta fui diante dela. O ridículo da história sou eu. A insultei e ainda a pedi para dominar seus sentimentos. Logo ela, a mulher mais intensa que eu conheço, cujo passado parece ser rodeado de espinhos e que, ainda assim, consegue ser delicada e suave como pétalas.
Não, minha Rosa Branca não merece isso.
Fico sem respostas para tal pergunta e vejo que ela começar a andar até a porta. Com uma aura entristecida, ela passa por mim e posso sentir seu perfume doce e marcante me dominar. Quando Lucy está com sua mão esquerda na maçaneta eu percebo que não posso deixa-la passar dessa porta. A segura pelo pulso direito e elas se vira para mim.
— Me deixa ir! — Sua fúria nasce.
— Estou a três dias te deixando ir sem poder falar o que quero. Não vou cometer esse erro hoje. — Ela se acalma e me olha no fundo dos olhos. Retribuo sua intensidade.
— O que você quer?
Você. Eu quero você.
Sem coragem para responder essa pergunta da forma que gostaria, eu apenas desço minha mão e entrelaço meus dedos aos dela. Coloca minha mão disponível delicadamente em seu rosto quente e colo nossas testas. Ela fecha os olhos e posso sentir sua respiração acelerada sobre mim. Quando estou prestes a beija-la entendo o porquê de sua respiração estar desse jeito. Ela está apreensiva. Ela está... Com medo? De mim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Irmãos da Rosa
Fantasy"Até a rosa mais bela traz, em sua base, os piores espinhos" Na simplicidade de sua pacata cidade Escocesa, Lucy se vê diante de um desafio, um menino misterioso e sério que subtamente entra em sua vida e a confronta com o caos. Junto à esse caos co...