𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 4 - 𝕻𝖎𝖓𝖌𝖊𝖓𝖙𝖊 𝖉𝖊 𝕴𝖓𝖛𝖊𝖗𝖓𝖔 𝕴𝖓𝖋𝖊𝖗𝖓𝖆𝖑

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"Flocos de neve. A beleza delicada do inverno. Caem do céu lentamente, assim como as lágrimas frias que deslizam sobre o rosto macio congelado graças ao forte vento cortante nessa madrugada solitária. Tão solitária quanto a alma que tenta proteger o coração que agora é só uma joia bruta que, por não conhecer o calor de mãos humanas, se contenta com as águas gélidas da cachoeira de lágrimas."


Lucy Vaughan

Ivan.

Significa agraciado por Deus. Nome imponente, outrora usado por imperadores da Bulgária e czares russos, atualmente usado por um adolescente cabeça quente. É uma queda brusca, apesar que o estresse combina com o nome, deve ser a única semelhança entre ele e os antigos poderosos.

Apesar de ser um nome que me faz viajar através da história, mantenho uma expressão indiferente e avoada, olhando todo o quarto. Me sento em sua cama e fico observando ele montar e desmontar um cubo mágico. A velocidade e agilidade de seus dedos são impressionantes. Eu não consigo nem fazer aquela cruz inicial. Aparentemente olhei demais para ele, já que sua atenção se virou para mim. O desinteresse está escrito na sua testa, só faltam umas luzes coloridas apontando para a palavra. Apesar disso, seus olhos coloridos me encaram de volta e começam a percorrer meu corpo, como se conseguissem ler a minha alma nua. Ele percebe que estou sentada em sua cama e comprimi os lábios, mostrando incômodo, mas não diz nada sobre isso.

   — Perdeu alguma coisa na minha cara? — Sua impaciência se eleva e seu lábio inferior sendo mordido por dentro é um claro sinal disso.

   — Perdi! A vontade de continuar aqui na sua casa! — Me inclino para a frente e coloco os cotovelos apoiados nas pernas para poder retribuir a intensidade de seus olhares avassaladores.

   — Então por que não vai embora? Isso aqui é um apartamento, não um parque de diversões para você passar o dia todo. — Ivan imita meu último movimento e também se inclina para frente.

   — Porque eu, ao contrário de você Senhor, sou educada o suficiente para não sair de repente dos lugares onde eu fui convidada.

   — Bom, e pelo menos eu, ao contrário de você, Senhorita, sou educado o suficiente para não entrar no quarto de um estranho na primeira oportunidade que me dão! — Touché, seu filho da mãe! Continuamos nos encarando enquanto mudo de posição, colocando as mão apoiadas na cama atrás das costas, e respirando fundo.

   — Tsc. — Volto minha atenção para as minhas unhas, quebrando o contato visual, e continuo falando. — Você tá muito ferrado.

   — Por quê? Você vai me bater? Ou chamar seu papai para fazer isso por você? — Sua arrogância é tão intensa que tornou o ambiente pesado ao transbordar de seus lábios.

   — Eu? Te bater? haha... — uma risada sem humor escapa de minha boca. — não... quem vai fazer, provavelmente, são os meninos da nossa escola. Sabe, por mais que lá tenha pessoas arrogantes como você, elas já são conhecidas, e se você chegar lá falando com eles desse jeito... bem, eles vão te colocar no seu lugar rapidinho.

   — Como você sabe onde eu vou estudar? — Ele levanta a sobrancelha esquerda em desconfiança. Deve achar que eu sou uma stalker ou algo tipo.

   — Viram sua ficha de matrícula e descobriram que somos vizinhos. Acho que você pode ser "famosinho" lá se for mais educado, já que você nem foi na escola e já está dando o que falar. — Ele mantém a sobrancelha levantada, dessa vez mostrando não ter entendido, ao certo, o que eu quis dizer, se mantendo calado em relação a esse assunto.

   — Acha mesmo que eu sou arrogante?

   — Acho. Não só arrogante, mas também é mal-educado. — Após falar isso sinto o impacto de uma almofada bem na minha cara, me fazendo cair deitada na cama — Agora você vai... — Ao tentar levantar da cama me vejo presa novamente por dois braços dos meus dois lados e cabelos negros bagunçados em cima de mim.

Irmãos da RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora