"Uma vez me disseram que vermelho é a cor do amor puro, da paixão ardente e das questões que só se resolvem entre quatro paredes. Mas também é o símbolo do ódio flamejante, do desejo de vingança. Parecer que algumas pessoas vivem essas duas vidas intensamente.
Uma vida vermelho sangue."
Lucy Vaughan.
O céu já havia sido pintado com tons de rosa e laranja quando eu e Haiah, a moça grávida a quem dei assento em meu cavalo, nos demos conta do horário e do tempo que nossa extensa conversa durou. Estamos voltando para o acampamento formado por 8 barracas, que foram erguidas a pouco tempo, com alguns balde de água do rio que está a 15 metros de nós.
— Quer que eu leve seu balde? — Ofereço minha ajuda a Haiah, que já está carregando praticamente outro balde na barriga de 8 meses de gestação.
— Não precisa, estou bem. — Ela me dá um sorriso singelo que ilumina seu rosto redondo e levanta suas bochechas rosadas.
— Você tem certeza? Não acha melhor ir descansar?
— Por Genévieve Lucy, você parece meu marido falando. — Ela gargalha, o que me tira uma risada. — Olha, parece que você sabe rir!
— É, parece mesmo.
— Você pretende ter filhos? Ficar assim que nem eu? — A observo passar a mão sobre sua grande barriga enquanto penso em uma resposta.
— Eu não sei. Antes de vir pra cá eu até queria. Eu tinha toda a minha vida planejada, a faculdade que eu faria, o lugar onde moraria... — Paro um pouco minha frase e Haiah toma sua deixa.
— Pretendia sair do país?
— Sim. Claro que eu adoro a Escócia e tudo mais, mas Paris era minha grande paixão. No entanto esses dias me mostraram que não adianta planejar seu futuro se não isso que o seu destino guarda para você.
— Entendo, você tem medo de criar expectativa.
— Basicamente.
Continuamos nosso trajeto em silêncio, o que deu espaço aos meus pensamentos reflexivos. Eu nunca pensei sobre como eu mudei nesses últimos dias. Eu era tão alegre e extrovertida, do tipo que fala a primeira coisa que vem à cabeça sempre com um sorriso. E hoje em dia eu estou tão contida e séria, posso sentir uma aura de tensão pousar sobre meus ombros cansados. Esses últimos tempos tem exigido muito de mim e do meu psicológico. Entre treinos, reuniões de atualização e falsas esperança de evitar a guerra e salvar meus pais meu corpo tem se desgastado e sentido fortemente a abstinência da pior droga que há.
Ivan.
A falta do calor do seu corpo me abraçando e das risadas que dávamos com suas piadas de humor ácido me dão a sensação de ter um aperto no peito. Não pretendo perdoa-lo tão cedo e me pergunto se isso é orgulho ou autocuidado. Ele proferiu à mim insultos que ainda me deixam com raiva quando vem à minha mente. Acho que preciso de mais tempo para pensar sobre o ocorrido.
— Soldados, venham aqui — Rutts nos convoca e em 5 minutos todos nós estamos enfileirados esperando o anúncio do nosso general. — Nós faremos duplas para cuidarem dos turnos de vigia. — Ele explica os horários conforme fala os nomes que formarão as duplas. — Ivan e Rhayon, vocês serão do turno da manhã. — Eles assentem com a cabeça e se retiram — Lucy, você será do turno da noite com o Josh. — E sem mais uma palavra ele vai embora.
— Quem é Josh? — Pergunto achando que ele errou o nome de alguém.
— Quantos Josh's você conhece para não se lembrar de mim? — O dito cujo surge de trás de uma tenda creme que estava à minha direita. O sorriso branco convencido dá um belo contraste com a pele amendoada que deixa os olhos verde esmeralda em destaque.
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Irmãos da Rosa
Fantasy"Até a rosa mais bela traz, em sua base, os piores espinhos" Na simplicidade de sua pacata cidade Escocesa, Lucy se vê diante de um desafio, um menino misterioso e sério que subtamente entra em sua vida e a confronta com o caos. Junto à esse caos co...