𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 35 - 𝕻𝖎𝖓𝖌𝖔𝖘 𝖉𝖊 𝕻𝖆𝖟

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"Estava tudo tão escuro, que até a menor luz se fez clarão. Tudo tão amargo que até o mais azedo limão era doce como torta de maçã. E bastou um toque a pele carente, que se dizia autossuficiente, que tudo brilhou. Estava em casa criança.

Está um pouco em casa."


Lucy Vaughan

   — Qual é a previsão para ela acordar? — Uma voz feminina e pesarosa é a primeira coisa que escuto quando minha mente desperta, mas mantenho os olhos fechados.

   — As salvadoras disseram que a qualquer momento, se acordar, é claro. — Essa é a voz de Rhayon? Por que ele está falando assim?

   — Rhayon! Não fique dizendo essas coisas! — rebate Yala, tenho certeza que é ela.

   — Estou apenas sendo realista. Viu o estado em que aquele corredor ficou? Parecia que alguém tinha sido morto lá.

   — A culpa é toda minha... — Sinto o colchão afundar levemente do meu lado esquerdo. — se eu não tivesse deixado ela sozinha, talvez eu conseguiria ajudá-la ou até reconhecido algum sintoma de mal-estar... — A voz do início agora é um gemido triste e melancólico, um pouco embargado. — sou uma pessoa horrível!

   — A culpa não foi sua Sadie. Você apenas fez o que achou melhor no momento, ninguém poderia prever isso. — Yala a consola com um tom de voz que jamais pensei que poderia sair de sua boca. Ela está sendo... meiga.

   — Yala tem razão Sadie, você não tem culpa nisso. O problema é que Rhayon também está certo. — A voz grave que tomou a palavra faz uma pausa pesada. Levi talvez?— Eu e ele vimos quando chegamos com ela na Sala da Cura. Estava pálida e com os lábios roxos, como se tivesse sido asfixiada. — Um silêncio fervente sela a boca de todos. Nem sequer o vento se atrevendo a roubar a cena.

   — Bem, de uma forma ou de outra, Lucy é muito forte e tenho certeza que em breve acordará. Ela já sobreviveu a vários submundos para desistir agora. — O tom de voz de minha guarda-costas volta à endurecer, ainda que sua incerteza continue ali.

   — Espero que esteja certa, irmã - sinto as costas de uma mão tocar minha bochecha e, em seguida, minha testa. — porque a febre dela ainda não cessou totalmente, por exemplo.

   — Será que se a cutucarmos um pouco, ela acorda? — sugere Sadie. Imagino a cara de todos nesse 1 segundo sem respostas. — O que foi? Isso não vai matá-la. — O colchão afunda um pouco mais e sua mão logo toca meu ombro, me dando a oportunidade de "acordar" se assustá-los.

Abro os olhos com dificuldade, devido à forte luz do sol. Mal tenho tempo de me sentar na cama quando um forte enjoo me paralisa e uma azia queima dentro de mim. Meu pulmão se incomoda com minha respiração e minhas pernas doem absurdamente. Rapidamente todos à minha volta se aproximam de mim. Yala está sentada timidamente na ponta esquerda da minha cama e Levi está apoiado na coluna direita da mesma. Braços cruzados, olhos ametista transbordando preocupação genuína

   — Ela acordou! Viram? Eu disse que aquilo poderia funcionar. — Sadie comemora sorrindo de orelha à orelha enquanto me oferece um copo d'água e arruma meu cabelo que foi amassado pelo travesseiro.

   — Vou chamar uma salvadora. — Rhayon logo se retira. Corpo relaxado, um sutil sorriso de satisfação no rosto, mas o estresse ainda manchando sua aura. Ele não está bem.

   — Como se sente Lucy? — Yala me fita com seus olhos amarelos.

   — Como se um cavalo tivesse sapateado nas minhas costas, mas sei que Tzar não faria isso comigo apesar de já ter tentado comer minha mão quando fui alimentá-lo. — Sorrio o máximo que consigo para certificar a eles que estou bem. Os 3 riem em resposta.

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