𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 21 - 𝕮𝖔𝖓𝖋𝖚𝖘𝖆𝖔 𝖘𝖆𝖇𝖔𝖗 𝖒𝖊𝖓𝖙𝖆

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''Divago por jardins mortos, com galhos secos e flores malcheirosas; por rios envenenados e cavernas desabando sob minha cabeça. Encaro meus demônios refletidos na natureza. Sobrevivo por necessidade, não por opção. Se eu falhar, não serão apenas as flores que morrerão. O mundo vai queimar.''


Lucy Vaughan

Hoje é nosso dia livre e minha tia me convidou para um piquenique nas encostas da campina. Não demora muito para arrumarmos tudo e irmos até os grandes portões do Castelo.

   — Animada querida? — Tia Maggie está sorrindo abertamente com olhos, apesar de ter nos lábios um sorriso singelo.

   — Estou sim Tia. Não saio do Castelo desde o dia do ataque, já me sentia sufocada. — Estávamos saindo quando uma voz feminina e um pouco grave me chama. Yala está com seu semblante sério de sempre e com sua espada ao lado.

   — Vão sair senhoritas?

   — Sim, gostaria de nos acompanhar? - Minha tia a surpreende com esse convite inusitado.

   — Não posso sair do meu posto senhorita.

   — Ah vamos Yala. Você é a que mais trabalha aqui e sempre cumpriu muito bem o seu trabalho, um descanso para você é mais que merecido. — A palavra descanso parece ter um efeito químico em seu cérebro, o que faz seu corpo, que estava com postura de soldado, relaxar e perder essa batalha.

   — Está bem, mas irei como sua protetora senhorita Lucy.

Sem mais demora nós vamos até nosso destino final. Durante o caminho, percebo que Yala carrega uma expressão tensa e preocupada em seu rosto. Ela está calada e com o olhar distraído e vago, o que chama minha atenção.

   — Está tudo bem? — Ela parece voltar de um transe quando ouve minha voz.

   — Sim senhorita, só estou um pouco preocupada.

   — Posso saber o que te preocupa? — a possibilidade de iniciar uma conversa assim a deixa hesitante, mas ela sabe que pode confiar em mim.

   — Meus irmãos. Edy, o que te trouxe quando vocês vieram para cá, está andando muito com Julius e Rhayon não está se dedicando nos treinos.

   — Perai, Rhayon é seu irmão? — Paro para pensar sobre isso e consigo ver a semelhança entre eles. Os olhos âmbar brilhantes que se destacam sobre a pele negra que reluz quando tocada pelos raios de sol. - E quem é Julius?

   — Sim, ele é meu irmão caçula. E Julius, politicamente, é o braço direito de Theodora L'amuff e treinador do exército de elite do reino. No âmbito profissional ele é competente e sabe seu lugar aqui, mas no dia a dia...

   — É um tremendo babaca! — Diz minha tia de repente, surpreendendo a mim e a minha fiel escudeira. Ela percebe o efeito que sua frase disparada causa e logo se explica brevemente — Tive o desprazer de trombar com ele nos corredores do Castelo. Ele é extremamente arrogante. Entendo sua preocupação, ninguém merece tê-lo por perto. — Ela bufa, como um sinal de estresse, mas logo deixa isso para lá. — Seu nome é Yala certo?

   — Sim senhora.

   — É um nome bonito. A quanto tempo trabalha aqui? — Nós vamos conversando até chegarmos onde queríamos.

É um campo vasto e repleto de árvores e flores. Jogamos a toalha sobre a grama úmida que deve ter sido molhada pela chuva dessa madrugada. A nossa frente está a uma paisagem dos sonhos de qualquer um. Um rio imenso está estabelecido entre outras duas encostas que são iluminadas pelos raios do sol que hoje está tímido com as nuvens brancas que estão no céu. Passamos a manhã e à tarde conversando e comendo as delícias preparadas na cozinha do Castelo.

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