''O pulsar em minhas veias é o que me recorda sobre a minha vida. Às vezes sinto o peso em meu peito oscilar e suavizar momentaneamente. E em dados lampejos de tempo, ver o piscar da minha luz aparecer diante de meus olhos. Mas ainda há perigo. A luz pode indicar a salvação da vida ou na morte alma.''
Lucy Vaughan
Minhas lembranças da minha família vagam pela minha mente e se entrosam com as minhas preocupações. Percebo que a mente de Ivan também está tão perdida quanto a minha. Apesar de seus óculos escuros, que me incomodam um pouco, posso sentir o local vazio e obscuro em que seu olhar está. Estamos há dez minutos sentados nesse banco de madeira crua em um canto escondido do refeitório de paredes de tijolos. O local é amplo e comporta uma grande quantidade de mesas, apesar do número de homens aqui não passar de 60 - o que é preocupante, visto que esse é o refeitório do exército desse lugar. Eu e Ivan estamos comendo, silenciosamente, nosso café da manhã até que ouvimos alguém nos chamar.
— Ei Guardiões — É um menino que aparenta ter a nossa idade. O cara negro é da minha altura e não parece possuir um físico muito forte, apesar de seus olhos cor de mel exalarem uma confiança impactante. Ele mal chega até a minha mesa e já se senta ao meu lado, quase colado no meu braço. Me afasto e mantenho a distância adequada para conversar com um estranho. — Eu e meus amigos românticos estávamos te olhando e decidimos chamar vocês dois para sentarem lá com a gente. — Eu e Ivan nos olhamos sem saber o que responder, enquanto o mesmo ajeita os óculos, em desconforto.
— Vocês querem nossa companhia para conversar ou apenas para babar em cima dela? — Ivan destrói o breve silêncio à pouco implantado, o que assusta o rapaz ao meu lado. Sua irritação sendo tão transparente quanto a água de praias paradisíacas.
— A-Ah, não, não, me desculpe por favor. — O menino parece ter caído em terra firme abruptamente quando percebe a situação que causou. É visível que ele é um só gatinho medroso e pacífico. — Me perdoe, essa não foi a minha intenção. Aceno com a cabeça, aceitando suas desculpas, o que o deixa aliviado, e aceito seu convite.
O cara de nome desconhecido nos leva até uma mesa com mais sete meninos, todos com um uniforme militar igual ao que nos foi entregue, apesar do meu ser maior por, evidentemente, não ter sido feito para uma mulher. Por ser um ambiente que me deixa incomodada, decido me sentar na ponta, ao lado de Ivan. Os meninos começam a falar sobre as lutas que estão aprendendo e decidem incluir Ivan no papo. Ele se mostra relutante no início, mas não demora muito para que se sinta mais à vontade e seda a roda de conversa, onde os meninos o ensinam a teoria de alguns golpes.
— Qual é o nome de vocês mesmo? — Pergunta um menino de cabelos escuros e olhos roxos, como os de Renne.
— Me chamo Ivan. — Responde ele, enquanto me dá uma cotovelada para que eu me apresente. Pensei que ele me pouparia essa interação social e faria isso por mim.
— Lucy. — Sou sucinta, mantendo o foco no meu prato de ovos com torradas.
— Nome bonito. — Seus olhos ametista se perdem em meu rosto.
— Igual à dona. — Diz o menino que nos chamou.
— Rhayon! — O rapaz de olhos roxos volta de seu transe e o repreende.
— Que foi? Ela é uma gata, até você acha isso Levi. — Ele fica vermelho de vergonha com uma afirmação do amigo.
— Enfim ... Vocês sabem alguma luta? — Levi prossegue, tentando mudar de assunto e afastar o constrangimento.
— Não sei nada de luta. Estou há quase 1 ano sem praticar nenhum exercício. — Conta Ivan
— Em resumo, um bicho preguiça. — A piada de Rhayon arranca risadas de todos na mesa, até mesmo as minhas.
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Irmãos da Rosa
Fantasi"Até a rosa mais bela traz, em sua base, os piores espinhos" Na simplicidade de sua pacata cidade Escocesa, Lucy se vê diante de um desafio, um menino misterioso e sério que subtamente entra em sua vida e a confronta com o caos. Junto à esse caos co...