"Não existe um botão de "esquecer". A gente lembra, lembra, lembra... Até que um dia aprendemos a conviver com a lembrança sem ter vontade de voltar para vivê-la".
No carro, na ida para o tribunal, lembranças vieram vagando em minha mente. Agora, voltando para a casa de Namjoon dentro do mesmo carro, mais uma vez estou com as lembranças. Depois de toda a agonia no tribunal, eu afundo mais e mais em pensamentos.
Sabe quando você passa por uma situação ruim, na qual você jamais quer passar, nem se quer havia pensado que passaria? É... estou horrível por isso. A sensação é uma das piores, o ruim de tudo isso é que você sabe que sempre vai lembrar.
Você pode simplesmente perdoar uma pessoa, mas você sempre vai lembrar do que ela fez.
Lembro-me bem quando vi escondido Chung Hee e minha mãe brigar no quarto deles, a porta estava um pouco aberta. Sei quando vi minha mãe chorar e lembro bem que eu tinha colocado a mão no meu peito quando ele desferiu um tapa no seu rosto. E pela imensa dor que senti, prometi em um sussurro a mim mesmo que não seria como ele, não prometi só a mim como a minha empregada quando desabafei com a mesma na cozinha.
Mas eu falhei na promessa, eu fui pior que ele, errei com Taehyung de diversas formas, com meus avós, com meus amigos, comigo mesmo. Chung Hee me fez sentir os piores sentimentos naquele dia, me tornou uma pessoa cheia de traumas e cicatrizes, e ainda me faz odiar tudo em mim.
Não sei a quem de verdade devo culpar, por tudo isso que vem acontecendo comigo, se é a Chung Hee ou a minha progenitora, quem sabe... eu mesmo.
Lembro das noites de crises, a minha pior foi quando eu soquei a parede diversas vezes na tentativa de fazer a dor do peito parar.
Se ela tivesse conseguido ir morar com meu pai de verdade, afinal... teria sido diferente? Ela poderia não ter me odiado por tanto tempo e eu não teria sofrido tanto.
Entra em mim um alívio ao saber que aquele homem não é meu pai, e que não terei que conviver mais um minuto com Junghyung, não precisarei mais me preocupar com Daehy, ela já não está mais casada com aquele asqueroso.
Espero que dessa vez tudo fique bem.
Agora vou fazer a minha terapia como planejado, voltar para a faculdade e viver realmente, respirar um novo ar.
Livre, essa é a palavra certa a se usar. Eu poderei viver de verdade agora, sem me preocupar com nada ao meu redor, apenas em dar carinho e atenção a Taehy e ao meu futuro.
Lembro-me também de como eu acreditei nas palavras de Chunghee todo esse tempo, de como elas doíam de uma forma estrema por achar que ele realmente era o meu pai. Tal
humilhação como:"Você é uma vergonha para mim!"
"Nunca será como seu irmão!"
"Você é a porra de um inútil!"
"Se perguntarem, não diga que eu sou seu pai. Eu tenho vergonha de ser seu pai."
Tudo aquilo doía de uma forma avassaladora, foram várias palavras ruins que mexiam com meu psicológico pouco a pouco, me fazendo criar paranóias e sempre chorar do nada
ou até quando fazia algo errado. Um verdadeiro trauma.Lembro-me também quando Junghyung falava para nossa mãe das vezes que eu fazia algo errado em casa, ela sempre falava a Chung Hee e eu sempre acabava recebendo tantas palavras quando apanhava. Em momentos ele segurava o meu rosto quando tinha receio de o olhar e eu ficava tão abalado que chorava facilmente.
O dia em que precisávamos ir na festa do prefeito da cidade se tornou um dos principais tópicos para o meu trauma. Foi quando minha mãe apresentava somente Junghyung a suas amigas e eu ficava um pouco distante. Chunghee pedia a todo momento que eu colocasse um sorriso no rosto mesmo não estando feliz, mas eu simplesmente não sorria, eu continuei como estava e um novo bolo na garganta se formava a todo momento. Eu só pensava em
maneiras de sumir.Naquele mesmo dia, quando voltamos para casa, eu apanhei por simplesmente não sorrir como Chunghee queria. Daehy vivia como se nada estivesse acontecendo, ía ao
salão, comprava coisas novas e continuava todos os dias agindo como se nada estivesse acontecendo.Ouvir Daehy dizer que se arrepende de tudo que ocorreu e chorar copiosamente me fez pensar, será que devo perdoá-la? As palavras dela me deixaram ainda mais deprimido, toda a verdade ao ser revelada foi um baque, as pessoas diziam que eu era a cara dela e diziam que eu e Chunghee não parecia nada. Isso me incomodava, mas depois que ela disse o real parentesco entre eu e Chunghee foi um alívio para o meu coração e um grande baque também. Vivi o tempo inteiro apanhando e pensando ser um erro por conta de uma pessoa horrorosa que só pensava em si mesmo.
Tudo isso que aconteceu comigo serviu para os traumas psicológicos que tenho, no fim de tudo, só restou histórias para contar, histórias ligadas ao terror, memórias que nunca conseguirei esquecer. Acho que a única razão de sermos apegados as memórias, é que elas nunca vão mudar, permanecerão sempre ali, mesmo que as pessoas tenham mudado.
É de fato aterrorizante tudo isso, por muitas vezes pensei em suicídio, mas por ter conhecido Taehyung e os meus outros amigos uma esperança pequena nasceu em mim. Não me sentia sozinho. E por isso, justo agora, eu acredito que tudo vai ser diferente.
Tudo vai ser melhor.
×××××
Volteiiii
Galera pesso a vocês que votem nos capitulos.
O capitulo foi corrigido por angelbblue
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Maniac
FanficTaekook | +18 | Transtorno Bipolar | Hipomania | Doença Maníaco-Depressiva | Drama | Estresse Pós-Traumático Maníaco - relativo a mania , ao hábito estranho, incomum e geralmente repetitivo, obstinado, obsessivo, que demonstra interesse em algo ou...