• ° Words That Destroy

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"O poder que as palavras tem podem matar"






"O poder que as palavras tem podem matar"

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Jungkook passa muito tempo chorando comigo em seu colo, mantendo o rosto sob meu ombro. Seus braços envolvem meu corpo como se eu pudesse fugir a qualquer momento, enquanto seu coração está sempre acelerado. Por um momento, sem saber como agir, seguro seu rosto e olho em seus olhos buscando respostas já que ele só soluça e não procura se acalmar para dizer o que foi. Seu olhar escuro transmite angústia, prestes a transbordar novamente. Ele está sentindo muito por alguma coisa e não me conta.

Quando Jungkook me ligava quando eu estava cuidando da minha mãe, ele dizia que estava com dor de cabeça e nos músculos, e eu sempre lhe dava um carão por estar malhando muito naqueles dias e colocava a culpa nos exercícios. O corpo de Jungkook está perfeito ultimamente por ele voltar a se exercitar como o Doutor pediu, mas agora eu sei que essas novas dores são devido a preocupação. Por isso, eu pergunto sempre se ele está bem e Jungkook me responde um “sim” baixo.

Enquanto estava com minha mãe pensava se ele estava comendo direitinho, porque ele sempre come umas três a quatro colheres e diz estar satisfeito. Ele só come no café, no
almoço e no jantar, mas não lancha nada. Eu percebi sua falta de apetite e comecei a comprar vitaminas, mas nada muda.

Jungkook tem motivos para estar com tanto desgosto, e eu o respeito ao dar espaço para ele, mas não permito que se afogue nisso. Ao me colocar no lugar dele, sinto a dor por um momento, pois crescer em um lugar sem apoio nenhum, como se fosse uma máquina
apenas recebendo comandos, e no final descobrir que tudo é uma mentira por um problema causado por outra pessoa, que nem pensou em algum momento em você, é um dor sem igual.

Eu penso nesse final triste de Jungkook todos os dias quando acordo. Conviver desde bebê com uma pessoa que pensou ser o seu pai e fazer de tudo para agradá-lo para depois descobrir que ele é o seu tio e, mesmo assim, não merecia o título de pai. Um verdadeiro tempo perdido sem ter como recuperar, deve ser um sentimento devastador.

Se eu estivesse em seu lugar só seria capaz de sentir decepção, angústia, agonia, desânimo e frustração. E esses mesmos sentimentos o consome aos poucos e eu me preocupo quando o vejo chorando. Tenho medo que ele simplesmente desista.

Por incrível que pareça, Jungkook ainda tem sua humanidade, e o que eu mais tenho medo é que ele a desligue. Eu quero o curar, mas ele tem que se curar sozinho, porque só Deus sabe o que está passando em sua cabeça.

Sentindo meu ombro molhado pelas lágrimas, eu o afasto e seguro seu rosto e coloco seu cabelo para trás. Enfim, o desespero me faz chorar também.

– Não chore, Taehy... por favor.

– Como? Eu estou preocupado.

– Desculpe. – Ele pede, ainda segurando minhas mãos em seu rosto.

– Pare com isso… – Odeio suas desculpas sobre coisas sem sentindo. – Não chore mais e me diga o que foi que aconteceu, por que está assim?

Ele continua me olhando por alguns segundos para logo me abraçar. E eu simplesmente sei:

Ele não quer contar.

– Vamos comer. – Jungkook chama ao tentar escapar.

Levanto-me com ele e vamos para a cozinha. Vejo quando ele seca as lágrimas e não sei como ele faz isso. É uma mudança de humor que eu não consigo acompanhar e faz parte
do seu transtorno bipolar. Ele senta, espera que eu faça seu prato e assim eu preparo e deixo em sua frente. Sento em seu colo e o vejo ficar confuso, mas segura minha cintura e espera que eu diga ou faça algo.

Coloco colheres da macarronada em sua boca e também como. Está muito gostoso. Na quinta colher ele tenta recusar alegando estar satisfeito, ele sempre pede que eu coloque pouca comida para ele, no entanto dessa vez comemos juntos. Faço uma cara feia pela sua recusa e ele abre a boca. Eu não gosto de forçá-lo a comer, mas ele não irá ganhar músculos e ter uma melhora desse jeito.

Depois de comermos, me levanto de seu colo levando o prato para pia e percebo Jungkook sair para algum lugar, com certeza o quarto. Ele passa horas olhando para a varanda que tem as portas fechadas pelo vento da noite. Após lavar os pratos, decido tomar
um banho e aproveitar para escovar os dentes para deitar com ele, assim não o deixando sozinho com seus pensamentos.

Ao terminar minha rotina, vestido em um pijama, deito ao seu lado. Quase todas as luzes estão desligadas, resta apenas o abajur para me guiar quando procuro o rosto de Jungkook em minha frente. Sua atenção logo é voltada para mim, ele se põe de lado como eu e
ficamos cara a cara. Ele inspira pelo nariz e suspira pela boca fazendo com que eu sinta o seu hálito de menta.

– Você quer contar agora ou quer enfrentar sozinho mais uma vez para me contar tudo no final? – Talvez eu esteja pegando um pouco pesado, mas estou preocupado, com medo de
perdê-lo, com medo que ele ache algo que o faça desistir.

O seu semblante triste faz com que me arrependa das palavras que usei no mesmo instante, seus olhos se enchem de lágrimas prontas para transbordar. Quando vejo os olhos de Jungkook úmidos, sinto a insegurança de que não posso ajudar assim como não pude
antes.

– Você pensa em mim, Taehy?

Mas que pergunta é essa? É claro que sim.

– Enquanto estava cuidando da minha mãe, que mal conseguia se levantar da cama pela febre, me perguntei se você estava comendo bem para manter o corpo e se manter saudável, se você estava saindo e não trancado nesse quarto, eu desejei que você estivesse bem. A todo momento eu penso em você, quando vou dormir, quando vou
cozinhar, quando vou tomar banho, por mais engraçado que seja… – Sentindo certa necessidade, procuro uma de suas mãos em meio os lençóis e seguro para entrelaçar nossos dedos. – Jungkook, eu penso em você quando estou fazendo qualquer coisa. – Encaro seus olhos e sorrio com sinceridade. – Meus pensamentos sempre estarão em
você.

As finas lágrimas deslizam dos seus olhos e eu estou confuso. Por que ele fez essa pergunta?

– Q-que bom... – Sua voz sai trêmula, ele parece aliviado por ouvir o que eu disse. – Pelo menos você pensa em mim…

– Amor... eu te amo! Por que não pensaria em você?

– M-meu avô veio conversar comigo. Ele quer que eu converse com minha mãe, mas eu não estou pronto, você entende? – Ao escutar eu apenas confirmo com a cabeça. – Ele disse que sou covarde. – Sua voz sai em um tom diferente, como se não quisesse repetir as palavras.

Por mais simples e besta que as palavras tenham sido, as vezes é como um tapa, principalmente quando são ditas por alguém que temos carinho. As palavras tem o poder muito grande de destruir e é assustador.

– Eu sinto que algo em mim está quebrado, Tae... – Jungkook está parecendo uma criança, e só essas palavras faz com que eu sinta um aperto.

Seguro seu rosto com as duas mãos e beijo sua face diversas vezes, tanta que chego a sentir o gosto salgado das lágrimas em minha boca.

– Quebrou aqui? – Coloco a mão em seu peito, me referindo ao coração e ele confirma. – Eu prometo que vou juntar os cacos quebrados para você, um por um! Prometo que isso vai passar, Jungkook, que vou beijar seus machucados até sarar, hm? Não sei quando, mas vai ficar tudo bem.

– Obrigado, Taehy, eu te amo tanto que dói. – Jungkook segura minhas mãos em seu rosto.– Você é tudo que tenho. – Ele confessa como um segredo.

Não sei se fico triste com suas declarações ou se gargalho de felicidade.

– Você também é tudo que tenho. – Repito suas palavras com tanto amor em mim que não sei descrever.

Por fim, nos abraçamos e ele para de chorar.

– Seu avô só está preocupado com a situação, tenho certeza que ele não disse por querer. Ele só quer resolver e ver você e ela bem. – Dou minha opinião.

– Certo. – Ele apenas concorda.

Não é como se eu vá arrancar a história da cabeça dele, até porque existem coisas que nunca esquecemos.

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O capítulo foi revisado por angelbblue

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