Havia uma pequena loja que vendia produtos de natal perto da casa onde Jungwon morava. No resto do ano, era um local que vendia bugigangas e raramente tinha movimento. Mas no natal, se transformava em uma loja decorada com itens de natal de cima abaixo. No entanto, todos diziam que as coisas vendidas ali eram antiquadas, por isso a maioria das pessoas preferia comprar seus enfeites de natal em lojas do shopping. Jungwon, no entanto, era diferente.
Todos os dias que saia da escola, ele olhava para aquela loja vazia, o dono era um garoto cego que a tinha herdado do falecido pai, então ele administrava tudo sozinho mesmo que nem pudesse enxergar. Além dele, havia apenas um border collie que dormia na porta e era seu cão-guia e fiel companheiro. Jungwon achava que aquilo era um tanto lamentável, por isso ele bolou um plano: todos os dias, ele iria comprar um adorno para sua árvore de natal. Se ele fosse todos os dias, o dono da loja pensaria que os produtos que ele colocava para vender com tanto amor eram adorados pelo público, certo?
E foi assim que a mãe de Jungwon estava apavorada quando notou que havia um monte de adornos esquisitos na árvore de natal da sala. Mas diligentemente, ele continuou indo todos os dias, até a véspera de natal. Naquele dia, ele iria comprar um adorno pela última vez, por isso estava um pouco triste. Ele entrou pela porta e o sino tocou, avisando que tinha um novo cliente. O border collie abanou o rabo para ele, que acariciou sua cabeça e foi sorridente até o caixa. Jungwon tirou alguns trocados do bolso e colocou em cima do balcão, ao que o atendente se aproximou e sorriu como sempre fazia.
- Se não é o meu pequeno cliente – falou.
Jungwon ficou pensando como ele sabia que era ele – e mais ainda, como sabia que ele não era alto. As pessoas cegas eram surpreendentes.
Em seu peito sempre havia um crachá com seu nome: Park Sunghoon. No outro dia, Jungwon tinha perguntado se ele poderia chama-lo pelo nome e recebeu permissão, por isso depois disso sempre o chamava pelo primeiro nome.
- Sunghoon, como você está?
- Estou ótimo – o vendedor sorriu – Você quer chocolate quente? Eu acabei de preparar.
- Oh, eu posso? – ele perguntou um pouco tímido.
O rapaz assentiu e sumiu por uma porta. Depois de alguns minutos, ele voltou com duas canecas e colocou uma delas diante dele. Sunghoon tinha movimentos tão leves e impecáveis que ele nem parecia humano, era como um anjo.
Os dois beberam um gole cada e Jungwon sorriu ao sentir o calor do chocolate descer por sua garganta.
- Deixe-me adivinhar – Sunghoon falou – Ainda há espaço na sua árvore para mais adornos?
O garoto pensou sobre sua mãe enlouquecida sobre isso e deu uma risadinha.
- Só mais um espaço – falou.
Sunghoon sorriu e se agachou para pegar algo debaixo do balcão. Logo depois, ele colocou um papai noel pequeno nas mãos do outro.
- Então o de hoje é como um presente – falou – Feliz Natal, Yang Jungwon.
- Oh? – ele arregalou os olhos – Por quê?
- Você veio todos os dias do mês para me fazer companhia, mesmo que os jovens não estejam interessados em uma loja velha como a minha – explicou – Eu fiquei muito grato pela sua gentileza.
"Então ele sabia..." Jungwon pensou um pouco desapontado, seu plano tinha falhado.
- Obrigado – agradeceu – Vou colocar esse adorno o mais alto possível na minha árvore.
Sunghoon sorriu e disse para ele beber o chocolate antes que esfriasse. Era incrível como ele sabia de tudo o que estava acontecendo ao seu redor, mesmo que não pudesse enxergar. Ele vivia sozinho, administrava a loja sozinho e sua única ajuda vinha de seu cachorro. Jungwon ficou pensando que se fosse ele, provavelmente ficaria muito deprimido. Mas ao contrário disso, aquele vendedor era sorridente e caloroso, como se não houvesse nenhum obstáculo em sua vida. Por causa disso, ele o admirava mais a cada dia.
Depois de se despedir, Jungwon voltou para o apartamento onde morava e pendurou aquele papai noel no topo da árvore, assim como o prometido. Era verdade que Sunghoon nunca saberia se ele tinha ou não colocado aqueles adornos ultrapassados ali, mas ele jamais os tiraria, só de vê-los Jungwon se sentia feliz, como se aquele fosse o verdadeiro espírito do natal.
Naquela noite, ele jantou com sua família e recebeu presentes. Era muito caloroso que pudesse dividir aquele momento com seus pais e sua irmã mais velha, mas quando pensava sobre isso, ele automaticamente lembrava do dono da loja. Será que ele estava bem?
Ele estava tão curioso que se ofereceu para descer e tirar o lixo, apenas para verificar se a loja estava aberta. Ele escapou rapidamente pela rua e virou a esquina, esperando que as luzes estivessem desligadas. No entanto, para sua surpresa, a loja estava iluminada. Ele se aproximou e espiou pela janela do vidro, para logo se deparar com uma cena muito surpreendente: Sunghoon estava lá dentro, ele tinha trancado a porta e o border collie estava dormindo no tapete do lado de dentro. Mas diferente das vezes em que apenas ficava sentado atrás do balcão, agora ele estava no centro da loja tocando um violino. Jungwon apoiou as mãos no vidro para ouvir aquilo, mas apenas um som baixo saia para o lado de fora. No entanto, aquela era uma das visões mais bonitas que já teve: Sunghoon debaixo de uma luz fraca, seus olhos fechados enquanto sua mão desfilava pelo violino, como se ele fosse um anjo. Naquele momento, Jungwon teve a certeza absoluta de que aquele vendedor não era humano.
Ele tirou o celular do bolso, mandou uma mensagem para os pais e então bateu na porta. No mesmo instante, Sunghoon parou de tocar e o border collie levantou e latiu. No entanto, quando viu que se tratava de Jungwon, o animal balançou o rabo.
- Oh? – Sunghoon largou o violino com cuidado e se aproximou – Quem é?
- Jungwon – o mais novo respondeu do lado de fora.
O vendedor abriu a porta, surpreso.
- Meu pequeno cliente, o que você faz aqui a essa hora?
- Eu... estava passando e vi que as luzes estavam acesas – respondeu – Você não foi para casa?
- Hum, em casa é solitário – ele deu uma risadinha – Desde que meu pai morreu, não sinto como se fosse natal, então eu apenas prefiro ficar aqui na loja.
Ele estava falando sobre algo triste, mas estava sorrindo, por isso Jungwon se sentiu um pouco melancólico.
- Eu não sabia que você tocava violino – falou.
- Ah, ainda não sou muito bom – Sunghoon disse um pouco envergonhado.
- Você tocaria para mim?
- Você não deveria voltar para ficar com os seus pais em uma noite como essa?
- Está tudo bem – ele sorriu – Eu posso ficar aqui por algum tempo.
Ao ouvir aquelas palavras, Sunghoon deu um largo sorriso e então pegou seu violino novamente. Jungwon puxou uma cadeira para sentar e o border collie deitou aos seus pés. Aquela era a primeira vez que aquele vendedor tocava violino para alguém, então ele estava um pouco nervoso e também bastante feliz. Pela primeira vez em bastante tempo, ele não estava sozinho.
Sunghoon achava que não era muito bom, mas assim que tocou as primeiras notas, Jungwon ficou espantado. Ele tocava bem e colocava muito sentimento nisso, por isso parecia emocionante. De repente, aquela pequena loja se tornou um ambiente muito caloroso e cheio de amor. Aquele era, sem sombra de dúvidas, o espírito do natal.
Enquanto o ouvia, Jungwon só conseguia pensar que ele teria que inventar um novo plano para aparecer naquela loja pelos próximos 365 dias. Aquele era alguém que ele queria muito ter ao seu lado como um grande amigo.
Pela próxima hora, ele ouviu melodias bonitas e aplaudiu. Ele também recebeu uma nova caneca de chocolate quente. Em momentos como esse, ambos só conseguiam pensar que as vezes a felicidade era muito, muito simples.
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Flocos de neve, encontros e jingle bells
FanficColetânea de oneshots do ENHYPEN que se passam no dia do natal. Do dia 01 ao dia 25 de dezembro, uma oneshot por dia! (Não aceito adaptações.)