Assumir um cargo de extremo poder não é para qualquer um. Isso se torna óbvio na teoria. Mas às vezes, mesmo treinando, mesmo se esforçando para aquilo, você não pode adivinhar como as coisas vão se suceder na prática. Ela é como uma bela rosa vermelha: tentadora a ser tocada, mas quando a alcança, você sente os espinhos perfurando sua pele, te fazendo sangrar.
É assim que funciona.
Eu, Russel Dickson, alcancei essa prática aos 18 anos de idade, e estou liderando o comando desde então, por 10 anos. O Primum mandatum é um Comando Supremo — Primeiro Comando —, por isso ela exerce poder sobre tudo, tudo mesmo. No ramo das facções, todos trabalham para mim. A Corte comanda as facções, e eu comando a Corte. Ela é o cabeça das decisões, especialmente quando surge algo que atinge duas ou mais facções por motivos desconhecidos e que o Capo de determinado grupo não encontra solução, então a Corte estará lá para enviar reforços e auxiliar no caso. E em situações mais extremas, arrancar alguém de seu posto, seja de Capo ou não. Temos poder para isso se notarmos desordem na facção.
É isto. Nós somos a Ordem.
Então, a prática nisso requer muito de mim, do meu corpo, da minha energia e da minha capacidade intelectual. Nas minhas costas é onde se encontra o maior alvo, que será atingido caso eu cometa qualquer deslize. Então eu não posso errar. Eu não posso me dar ao luxo de fazer nada fora do meu dever como Supremo. A coroa pode ser inexistente na minha cabeça, mas ela carrega um peso quase insuportável de aguentar.
— Russel! — Jason, meu irmão mais novo - com 24 anos -, me chamou enquanto permanecia na esteira. Geralmente treinávamos juntos na academia da minha casa. Acordamos cedo para isso, porque no restante do dia não temos tempo na maioria das vezes.
— Sim? — Respondo, sentindo alguns fios do meu cabelo grudarem em minha testa enquanto eu levantava peso, podendo quase ouvir meu corpo gritar por um banho.
— A cidade do pecado. Não te lembra nada? — Provocou, e essa foi a minha cota para fazer uma pausa no treino, abandonando a barra de ferro e me sentando, pegando minha garrafa com água e bebendo quase todo o restante que havia nela. Estava com tanta sede, que acabou escorrendo água pelo canto da minha boca pela necessidade absurda de me hidratar. Aproveitei a deixa para jogar um pouco em minha cabeça, me refrescando um pouco.
— Não me esqueci. Mas realmente não estou acreditando ter que ir à Las Vegas para resolver uma coisa tão idiota como essa — Resmungo, ajeitando a faixa enrolada na palma das minhas mãos, como o único meio de proteção para as barras. — Você podia muito bem resolver essa merda. — Aponto, bebendo mais um pouco da água, retirando minha camiseta ensopada dado ao calor que fazia, mesmo tendo três ar-condicionados ligados na academia.
— Ele insultou você, Russel. É você quem precisa mostrar a ele que não se insulta um Dickson. — Jason falou, e não tive como contra-argumentar. Ele tinha razão. Ninguém poderia falar mal de um Dickson sem sofrer as devidas consequências por seus atos. É assim que funciona. Mas para isso, eu precisaria me deslocar de Nova York para Las Vegas. Isso não me agradava, pois eu tinha afazeres muito mais importantes para tratar do que quebrar o pescoço de um ser tão insignificante que se diz CEO de uma empresa de diamantes. Ele se acha importante o suficiente por isso e me insultou em rede nacional. Mas a notícia chegou até mim. Sempre chega. Então ele pagaria por cada palavra proferida na mídia.
Veremos se ele tem o mesmo culhão que teve em frente às câmeras e dizer a mesma coisa na minha cara.
— O voo é às duas da manhã. — Jason avisou e eu apenas assenti, passando uma toalha úmida e pequena pelo meu rosto, pescoço e tórax, me secando o suficiente para poder voltar ao treino.
— Certo. — Falo, em um suspiro, voltando a levantar peso. Eu só tinha mais uma hora para finalizar o treino, tomar um merecido banho e estar devidamente apresentável, como o Supremo que todos esperam que eu seja.
O dia passou rapidamente. Com tanta burocracia, acabo nem vendo o tempo passar. Jason iria comigo a Las Vegas, afinal, um festeiro como ele não perderia essa oportunidade por nada nesse mundo.
Nos preparamos devidamente e embarcamos no jatinho particular.
— Será que lá tem muita mulher bonita? — Jason questionou, com um sorriso travesso nos lábios. Suspiro, abrindo meu notebook, o ignorando completamente e focando no trabalho.
Há algum tempo que eu parei minhas aventuras sexuais. São ocasiões raras, porque já ocorreu de uma mulher se passar por prostituta e tentar me matar. Bem… ela não está mais aqui para fazer seu péssimo papel. Está no inferno junto com o seu marido nojento que foi o autor da ideia. Algumas vezes, é Jason quem busca por prostitutas confiáveis e as oferece como prova de ser um bom irmão — segundo ele.
Mas a verdade é que tem muito tempo que não sei o que é me divertir…
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SECRETAMENTE - A Ascensão do Alto Escalão (Romance Gay)
Romance*Série Independente* Spin-off de Até Que A Morte Nos Separe II "Tudo! Tudo pode dá errado! Não, não! Tudo já deu errado! Me remexo, desconfortável, sentindo minha cabeça doer como o inferno. Eu nunca havia bebido tanto na minha vida e certamente n...