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Karina's pov:

"Quem é você que me faz sentir algo que nunca soube que podia ser sentido?"

Eu adorava vir a galeria quando não estava trabalhando no estúdio de arte. Era incrível passar horas pelos salões de exposição, imaginando quando seria a vez das minhas obras serem reconhecidas pelo público. Além disso, eu auxiliava minha mãe com alguns projetos. E é por isso que meu retorno está sendo péssimo.

— Desculpe, o que você disse? — Eu me inclino para a frente, em direção a minha mãe. Ela está sentada à sua mesa, coberta de documentos, papéis e amostras para a próxima exposição. 

Ela assumiu total responsabilidade sobre a nova exposição, e está bem claro que se empolgou com o projeto. Depois de se formar em artes plásticas na faculdade, minha mãe começou a trabalhar como curadora de arte da galeria. Seu empenho não demorou para ser reconhecido. E logo ela estava sendo promovida a diretora, um cargo que aceitou de bom grado.

Minha mãe não se vê como empresária, mas, depois de todos esses anos a frente da galeria, consegue representar esse papel muito bem.

— Quando propus que voltasse a trabalhar na galeria, não imaginei que fosse ter problemas já na primeira semana. — Ela olha para os documentos em cima da mesa e os folheia, evitando me encarar. 

— Você pode contratar outra pessoa para ficar no meu lugar — digo.

Ela deixa os documentos de lado, olha para mim e respira fundo.

— É só isso que você vai dizer? Você não tem nenhum interesse em saber o que causou o conflito?

— Independente do que seja, eu sei que isso vai se repetir. Então não quero saber. — Eu me levanto para ir embora, mas ela faz um gesto para que volte a me sentar. 

— Você fez um dos estagiários quase chorar ontem.

— Ele cometeu um erro. — O garoto perdeu as cópias da radiografia de uma obra importante. Eu encontrei uma hora depois na sala de leitura de arquivo. — Achei que eu devesse prestar serviços de curadoria e não servir de supervisora no setor de restauração. 

— Exatamente. Cuidar do seu trabalho — Ela concorda. — Não desequilibrar a equipe do professor Park. Você é a pessoa mais qualificada para o cargo quando se trata do aspecto técnico. É bacharel em artes visuais e sabe avaliar muito bem o trabalho dos artistas que entram em contato. Mas quando falamos no aspecto emocional… Você não age da forma adequada com as pessoas com quem trabalha. 

Fico olhando para ela, impassível.

— Você está me advertindo por conta disso?

— Sim… Não. Quero dizer… — Ela recosta na cadeira e passa a mão nos cabelos. — Jimin, será que você não percebe que não vai conseguir se relacionar com as pessoas se continuar sendo fria assim?

— Eu realmente não entendo aonde você quer chegar. 

— Escute, eu não estou dizendo que você deve relevar os erros, mas dizer que um estudante não é capacitado o suficiente para estar aqui não é a melhor abordagem. Eu entendo tudo pelo que vem passando, mas isso não é do seu feitio, Jimin. 

— As pessoas mudam. 

— E nem sempre é uma mudança positiva — minha mãe retruca.

— Eu quase não falo com ele. Quase não falo com ninguém.

Isso também é verdade. Eu falo o mínimo possível. A maioria das pessoas não faz ideia de como é minha voz, e eu não me importo nenhum pouco com isso.

Art and Soul - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora