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Winter's pov:

"Não tenha dúvidas. Apenas confie no coração existente na sua mente."

Na sexta-feira, estamos envolvidos na restauração e conservação das primeiras pinturas a óleo de Hong-do. Nossa sala é diferente de todas as outras da galeria. As mesas ficam dispostas de forma minimalista pelo cômodo, e há pelo menos duas áreas reservadas para pesquisas e análises. No laboratório ao lado, estão dispostas as telas nas quais temos que trabalhar.

No início da semana, fui relegada a tarefas secundárias, como fazer pesquisas ou auxiliar a arquivista-­chefe em seu trabalho. Hoje, no entanto, estou sentada em uma cadeira no laboratório de restauração, segurando pincéis e cobrindo cuidadosamente parte da superfície da obra‑prima de Hong-do com um verniz protetor.

O professor Park havia me garantindo que eu aplicaria as segunda e terceira camadas depois que uma aluna de pós‑doutorado houvesse completado a primeira. Ele não queria interromper o trabalho que ela havia começado antes da minha chegada, mas estava bem interessado em ver o meu potencial já que tive excelentes recomendações mesmo ainda sendo uma aluna em formação. 

Toda essa pressão deveria afetar o meu desempenho, mas não afeta. Eu adoro o cheiro das tintas, a calmaria do laboratório. Em Busan, toda vez que eu estava com a cabeça muito cheia, pegava meu material de trabalho e saia para desenhar, pintar ou simplesmente apreciar alguma criação.

Tem algo de sobrenatural na arte, algo capaz de fazer os problemas parecerem menos importantes, minha situação parecer menos dramática.

Nem sequer percebo as horas passarem e quando menos espero está na hora de fazer uma pausa. Enquanto volto do meu almoço, sou acompanhada por Jaehyun, um dos estagiários da minha equipe. 

— Fiquei sabendo que você foi designada para o trabalho de restauração hoje. — Ele comenta, abrindo um grande sorriso. — Parece que o professor Park está bem interessado em extrair o máximo de cada um dos estagiários. 

Não respondo, mas ele continua.

— Ah! Estou com as radiografias da obra na minha mesa. Quer dar uma olhada? 

— Acho melhor você entregar esse material ao professor Park. Não vai querer causar nenhum problema como o que aconteceu da última vez. 

Ele leva a mão a nuca, constrangido.

— Bom, você tem razão. Eu só…

Ele continua falando por um bom tempo, mas eu mal presto atenção porque nesse momento vejo Jimin entrando no corredor.

Ela parece não ter dormido nada na noite anterior. Está vestindo um casaco xadrez e seu cabelo castanho ainda está úmido do banho. Nossos locais de trabalho estão separados por apenas alguns centímetros, mas Jimin parece estar a quilômetros de distância.

Eu não sou próxima o suficiente para perguntar o que a está incomodando, se dormiu mal ou se quer conversar.

E depois da noite de ontem, ela deve me achar uma intrometida. Eu podia simplesmente ter pegado minhas coisas e ido embora. Não era minha intenção ter entrado em um assunto tão pessoal com ela, mas quando a vi parada ali, olhando para mim, achei que seria a oportunidade perfeita para conversar com ela. 

Yoo Jimin, uma garota que eu não sei por que desperta tanto o meu interesse. Isolada emocionalmente do mundo, mas que de vez em quando abre um sorrisinho que me passa a impressão de que no fundo não quer estar tão sozinha.

Além disso, tem a velha sensação de familiaridade, tem algo no jeito dela que me faz se sentir bem. 

Jaehyun é o primeiro a chegar na sala. Antes de entrar, ele empurra os óculos nariz acima e diz:

Art and Soul - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora