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Karina's pov:

"Eu estou bem. Embora sinta que uma parte de mim está morrendo pela segunda vez."

Acordo cedo na segunda-feira. Depois de uma péssima noite de sono acredito que isso seja o mínimo esperado. Mas acho que dormi um pouco, porque, assim que abro os olhos, a lembrança da manhã anterior me assalta como uma sombra a passar pelo quarto.

Será que eu estraguei tudo? Foi por isso que Minjeong tomou aquela decisão? 

E esse pensamento me enche de… o que, exatamente?

Eu só queria um momento de paz, quando a encontrei no parque. Não teria problema se não conversássemos sobre os últimos acontecimentos, se tivéssemos apenas mergulhado num mundo só nosso, como fizemos tantas outras vezes. Mas ela tinha planos diferentes. 

Só a queria em meus braços, beijar seus lábios, ficar na sua companhia. 

E, por essa razão, mais do que por qualquer outra, fui uma idiota. Parte de mim está sendo consumida pela culpa, enquanto outra parte se recusa a acreditar que as coisas tenham terminado daquela forma. 

Mas, desde a manhã passada, estou incomodada com uma coisa.

Quando perguntei por que estava fazendo aquilo, Minjeong ficou em choque e em silêncio, como se estivesse escondido algo. Mas, em seguida, simplesmente se virou e foi embora, como se não se importasse. Como se merecesse aquilo.

Conheço Minjeong bem o suficiente para saber que tem muito mais nessa história do que ela se dispôs a falar. 

Vou direto para o banheiro e entro debaixo do chuveiro para tentar me livrar da névoa que cobre meus pensamentos e da dor que hoje veio visitar meu braço. A água escorre pelo meu corpo por vários minutos. Ao sair do banho, troco de roupa e vou até a cozinha.

Na noite passada, Aeri veio ver como eu estava algumas vezes, mas garanti a ela que eu ficaria bem. Eu tenho que ficar. Embora lá no fundo sinta que uma parte de mim morreu pela segunda vez. 

— O que você faz acordada tão cedo? — Pergunta minha mãe ao entrar na cozinha. Ela veste suas habituais roupas sociais, mas ostenta uma expressão sonolenta no rosto. 

— Que desânimo é esse? — Pergunto a ela.

— Bom, você não foi a única a ter uma noite de sono desagradável. — minha mãe senta-se na banqueta do outro lado do balcão. — Como você sabe, o trabalho na galeria anda intenso. A exposição na qual vínhamos trabalhando vai ser aberta ao público em dois dias. 

Sorrindo, vou até a cafeteira, sirvo uma xícara e coloco na frente dela.

— Vi que ontem entregaram o resto das obras de arte. Acredito que vou ter que gerenciar tudo sozinha, né? — Comento, obviamente tentando conseguir algum tipo de ajuda.

Minha mãe sorri, entendendo.

— Você ainda não me respondeu o que faz acordada nesse horário? 

— Eu queria conversar com você sobre o encontro com a mãe do ex namorado de Somi. 

Ela balança a cabeça.

— Veja bem, Jimin, eu amo você, mas se está aqui para me convencer a desistir…

— Não é isso…

— Então o que você quer afinal?

Enfio as mãos nos bolsos e troco o peso de um pé para o outro.

— Você não precisa fazer isso para me proteger. Eu sei que não quis ouvir nada da última vez, mas entendo o seu ponto. 

Ela arregala os olhos.

Art and Soul - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora