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Winter's pov:

"Eu te vejo. Eu te escuto. Você não está sozinha."

Depois que saio da galeria, vou direto para a livraria e fico por lá até o fim da tarde. Isso está aos poucos se tornando parte da minha rotina. Mas nem sempre eu fico focada na compra dos livros. As vezes, fico divagando sobre o rumo que minha vida tomou nas últimas semanas. A experiência de trabalho na Bae's Gallery está sendo enriquecidora e não tenho do que reclamar. Mas é impossível não andar pelos salões sem cruzar com Jimin. 

Quando me fez companhia na exposição de Zin Lim, pude perceber o quanto ela um dia esteve em contato com a arte, mas agora… não encontro nenhum brilho naqueles olhos castanhos e intensos. Olhos que parecem tão tristes. Sofridos. Lindos.

Depois de comprar alguns livros novos, vou para casa. Deveria ter trazido um casaco extra para vestir por cima do meu sueter. Está congelando. Fica claro que o inverno de Seul está se aproximando do seu ápice. As lâmpadas dos postes iluminam bem a rua e o céu está escurecendo.

Mudando um pouco minha rota, passo pelo memorial em suyu-dong e paro assim que olho pela área gradeada. Primeiro vejo o carro dela parado no estacionamento. Então a vejo. Meu coração para, mas depois acelera. Jimin faz meu coração tranquilo fazer coisas malucas.

Ela está ali sozinha, olhando para uma lápide.

— Ah… — sussurro para mim mesma, colocando a mão em meu peito.

Parece que ela também acabou de sair da galeria, considerando o casaco por cima do blazer e os sapatos sociais.

Ela se inclina, colocando um delicado buquê de flores sob a lápide. Sua boca está se movendo, e ela passa a mão pelos cabelos, antes de dar uma risadinha. Ela ri, mas parece que também está franzindo a testa.

Essas são as risadas mais dolorosas; as tristes.

Ninguém devia ficar sozinho em um lugar como este. Especialmente Jimin. Eu deveria me aproximar, mas também não sei o que posso dizer. E não quero que ela pense que estou invadindo seu espaço pessoal. 

Então respiro fundo e me viro para ir embora. Mas quando dou os primeiros passos, escuto Jimin chamar meu nome. 

Em poucos segundos, ela está de pé ao meu lado. 

— Oi — sussurro, sem saber ao certo o que dizer.

— O que faz aqui? — Ela pergunta. Há surpresa em seu tom de voz quando ela olha para mim.

— Eu estava indo para casa. Acabei vendo você aqui e pensei… — Pensei o quê? — Pensei em nada — murmuro.

— Ninguém nunca vem comigo aqui.

— Acho que minha presença não vai faz muita diferença — sussurro.

Ela estuda meu rosto por alguns segundos antes de colocar as mãos nos bolsos, e o sorriso mais singelo abrir-se em seus lábios.

— Faz bastante diferença para mim.

Olho ao redor, percebendo a escuridão que nos rodeia. Não tenho certeza se devo ficar ou ir embora. Mas meus pés estão me dizendo que não tenho planos de voltar atrás.

— Você está com pressa? — Pergunta Jimin. 

Sorrio quando ela olha para mim. Interpreto isso como um convite para ficar.

— Na verdade não.

— Você quer dar uma volta? — Ela pergunta. — Tem um parque ambiental bem agradável próximo daqui.

Art and Soul - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora