Cap 12= Tocar como você

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08.03.1989- Guarulhos

Aurora

Acordei vidrada no 220, era 07:00 AM da manhã e eu já estava de pé. Meus pais estavam se preparando pra sair como de costume - até aqui eles eram ocupados - Tomei um banho pra tirar o cheiro de cama e fui tomar meu doce café.

- Já vão sair?? - perguntei me assentando a mesa.

- Sim, a vida corrida nos chama, e muito - disse minha mãe me dando um beijo na testa e correndo pela casa com seus saltos altos.

- Minha gravata ta certa? - Me perguntou meu pai.

- Ta sim pai, afinal vocês vão pra onde? - perguntei tomando meu café ( só de café vive a Aurora )

- Resolver coisas de adulto - disse minha mãe - Não temos hora pra voltar, cuida da casa e qualquer coisa, nos liga ou pede socorro - disse minha mãe saindo de casa sendo seguida por meu pai.

- Amor você pegou a chave do carro? - Perguntou meu pai - Tchau filha - disse me dando um beijo na testa.

- Peguei!!! - disse lá da frente - VEM LOGO JOSÉ!!!

- Tô indo Marta não me apressa!! - gritou meu pai fechando a porta da sala.

Novamente a casa ficou em um silêncio. Não podia negar que meu passatempo de sempre estar na rua, surgiu devido a esse problema de ficar muito tempo sozinha em casa. Era legal, ter a casa só pra você, poder fazer o que quiser, mas as vezes eu me sentia sozinha, até porque eu amo casa cheia.

O único barulho daquela casa era o rádio da sala e meu coração, que grata sou por ele não ter pedido demissão e ainda estar fazendo sua função que é bater.

Arrumei minha bagunça e fui até meu quarto, afinal não tinha nada pra eu fazer, deitei na minha cama e fiquei encarando o teto pensando em absolutamente nada. Olhei para a mesinha do lado da minha cama e avistei a carta que tinha recebido na noite passada, sentei na cama peguei o envelope e comecei a ler a carta novamente. Ficaria o dia todo lendo a simples escrita do meu baterista, aquela carta superou todas as minhas expectativas.

- Nunca alguém me deu uma carta - pensei alto sorrindo boba para o envelope com meu nome.

Levantei rapidamente, peguei meu violão e meu ukulele, e sentei novamente na cama. Abri a gaveta da mesinha do lado da minha cama e peguei meu caderno de composições, era um pequeno caderno de brochura onde eu escrevia minhas simples composições. Um dos meus passatempos favoritos era compor, eu não sei explicar, mas eu tinha uma facilidade de escrever e criar melodias musicais.

Fiquei umas três horas compondo, nem percebi o tempo passar, realmente eu era boa naquilo.

- Por hoje deu de música de corno - disse largando meu instrumento.

Ouvi a campainha, mas... Dessa vez eu fui ver quem era da janela da sala me deparando com Alberto. Abri a porta e fui em sua direção, o mesmo que estava me esperando no portão.

- Alberto!!! Que surpresa, a quanto tempo que eu não te vejo - falei tirando sarro.

- Oii Aurora!! - disse sorrindo

- Quer entrar?? - Perguntei alegre.

- Não não, eu vim aqui pra te chamar pra tocar...- disse me encarando - Pra gente tocar.

- Ah okay okay, vem entra, eu ainda tenho que fechar a casa - disse abrindo o portão para o Japonês.

Alberto me acompanhou e ficou me aguardando na sala de minha casa enquanto eu a fechava. Deixei apenas a janela da frente aberta pois ela tinha grade, então não haveria perigo algum.

 Ai de mim se fosse apenas uma corda de guitarra || Mamonas AssassínasOnde histórias criam vida. Descubra agora