Cap 28= Prestes a explodir

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Julho, 1990

Alberto

Estava sentado na sala de Samuel, observando o tempo pela janela de sua casa, o clima estava agradável, porém, creio que logo haverá uma mudança no tempo.
Eu estava esperando a volta de Sérgio, pela demora, creio que ele e Aurora, estavam se resolvendo, ou melhor, já se resolveram. - Ingenuidade a minha.

Perdido em meus pensamentos, quase pegando no sono naquele sofá tão confortável, apenas escutei o barulho da porta da sala se abrindo, e fechando com força...

Era Sérgio.

Não tive nem tempo de falar com o mesmo, afinal, ele entrou pra dentro de seu quarto, e provavelmente, não sairía tão cedo.

- Sérgio? - Samuel escutando o barulho, veio em direção ao quarto do irmão mais velho - Ta tudo bem? - Perguntou sem obter resposta alguma.

Eu e Samuel apenas nos olhamos, e eu logo percebi a preocupação em seu olhar.

- Merda - me levantei as pressas e fui em direção a casa da frente.

Minha maior preocupação agora, era saber o que aconteceu, e principalmente, como iríamos resolver esse problema, que eu ainda não fazia ideia da imensamente.

Sem me importar, adentrei o portão da menina que por sinal, estava aberto.
Meu único desejo naquele momento, era saber o que tinha acontecido, não por curiosidade, mas porque eu temia que o pior pudesse acontecer.

Quando abri a porta da sala, me deparei com uma cena de cortar o coração.
Aurora, sentada no chão, olhando para o nada, com os olhos vermelhos de tanto chorar.

- O meu bem... - Fechei a porta atrás de mim.

Me aproximei dela, porém ela não disse nada, não teve reação alguma, apenas ficou sentada naquele chão.
Fico me perguntando, o que será que aconteceu para que ela ficasse nesse estado?

A abracei de lado, tentando ser o mais atencioso possível. Porém, ela começou a chorar mais ainda, eu realmente não sei o que fazer.

Queria apenas poder entender o que ela estava sentindo, não gostava de vê-la naquela situação.

Seu choro era sofrido, expressava toda a amargura dentro de si;
Ela tremia, como uma pobre criança passando frio;
Seu rosto demonstrava arrependimento, por mais que eu não soubesse o que se passava em sua cabeça.

Fiquei uns bons minutos, tentando ser o ombro amigo dela, por mais que eu não fosse tão bom nisso. De repente, Aurora levanta sua cabeça de meu ombro, e limpa as lágrimas de seu rosto, ela me olha, e solta um sorriso fraco, que logo é substituído por uma expressão séria.

Ela se levanta, fazendo com que eu me levantasse também. A mesma vai em direção ao seu quarto e volta com uma quantia de dinheiro em mãos... Sérgio não conseguiu fazê-la desistir.

- Alberto me prometa - ela coloca a quantia em minhas mãos - Não importa o que o Sérgio te disser! Você vai pegar esse dinheiro, e pagar o que tiver que ser pago. - pausa dramática - Você promete?

Percebi que seus olhos se encherem d'água, ela aparentava estar esgotada, tanto emocionalmente, quanto fisicamente.

- Eu prometo - olhei fundo em seus olhos - Só me prometa que você vai ficar bem.

- Eu prometo - deu um sorriso fraco, porém sincero

Eu não tive coragem de perguntar nada para ela, não queria que ela se sentisse desconfortável, ou que começasse a chorar para tirar minhas dúvidas sobre o que aconteceu entre ela e o Sérgio. Até porque, no tempo dela, ela me contaria.

- Eu vou indo, preciso resolver isso, tudo bem? - fez sinal de concordância com a cabeça.

- Antes de você ir, pode me fazer um favor? - Perguntou receosa

- Claro, se estiver no meu alcance - disse em um tom brincalhão

- Vê se o Sérgio tá bem pra mim?

Seu semblante demonstrava preocupação.
Uma preocupação de quem ama;
Uma preocupação sincera, porém tão tímida...
Uma preocupação, verdadeira.

- Vejo sim - dei um selar em sua testa - Se cuida, qualquer coisa fala comigo. - disse abrindo a porta.

- Ah só mais uma coisa - disse me olhando sapeca - Pede pro Samuel trazer minha guitarra? Ficou no carro do seu Ito...

- Você não vai hoje a noite com a gente? - perguntei surpreso

- Eu vou! Mas, pra não criar nenhum alvoroço, eu prefiro ir de táxi - disse cabisbaixa

- Faz o seguinte - Parei em sua frente - Eu e o Samuca levamos sua guitarra, e você encontra a gente lá, beleza?

- Tudo bem...

- Não quer que eu leve mais alguma coisa?

- Não, tá tranquilo - disse mais animadinha

- Então tá, a gente se vê mais tarde - falei agora, realmente saindo de sua casa - Até as sete!!

- Até... - disse em um tom cabisbaixo.

Saí da casa de Aurora mais preocupado ainda.
Se ela já estava daquele jeito, quem dirá Sérgio.

Quando entrei pela porta da frente da casa do baterista, todas as minhas dúvidas foram concretizadas.

Altos barulhos eram ouvidos do quarto do mesmo, enquanto Samuel tentava arrombar a porta.

- SÉRGIO!! ABRE ESSA PORRA - gritava Samuel, porém, Sérgio não lhe dava ouvidos - SÉRGIO!!

Percebendo minha presença, Samuel me olha desesperado.

- ELE TÁ SOCANDO A PAREDE!!

Se minha ideia, era não me estressar, creio que foi em vão, até porque...

Essa merda está prestes a explodir.

























Opa, tudo bem? 🐧
Mais um capítulo quentinho e curtinho pra início de madru 🌌🌌
Dessa vez, com a nossa flor japonesa 🌸
Espero que gostem, é simples mas é de coração 💛💛
Deixem a estrelinha se quiserem 💫
Obrigada por tudo 💞💞
Até a próxima 💜💜
( esse cap pode conter erros ortográficos )

- Beijos Hortiga 🍀🍀

 Ai de mim se fosse apenas uma corda de guitarra || Mamonas AssassínasOnde histórias criam vida. Descubra agora