1991, Guarulhos
Aurora
As fortes gotas de chuva batiam de encontro a minha pele gélida, talvez eu pegue um resfriado.
Maldita hora que eu resolvi sair correndo feito uma criança, ou melhor, maldita hora que resolveu chover.Chuva... Chuva...
Camuflando minhas lágrimas com suas gotas nada acolhedoras;
Chuva... Chuva...
Ofuscando a tristeza em meu olhar, gelando com destreza o que resta de calor em meu corpo.
Chuva... Chuva...
Talvez não seje culpa da chuva, não...
Eu já estava me sentindo assim, antes mesmo da chuva cair do céu.
Antes mesmo do sol dar as caras, e as pessoas saírem para trabalhar, e eu notar que já se passavam das oito e meia da manhã;
Antes mesmo da chuva, que anteriormente maltratava minha pele e agora cai suavemente sobre a terra;
Antes mesmo do arco íris aparecer para me trazer um bocado de esperança, que infelizmente eu não conseguia manter.Antes mesmo, de eu fugir como uma criança indefesa que de forma inocente, foge de um pesadelo.
Sentada no meio fio, meus olhos observavam a água da chuva escorrendo pelo chão úmido.
- Moça, querida? - Uma voz calma e doce entrou de maneira suave em meus ouvidos - Tá tudo bem? - Uma senhora de cabelos brancos, toma conta da minha visão, quando educadamente me protege da chuva com sua sombrinha vermelha com bolinhas brancas.
- Não... na verdade não tá nada bem... - Nem para mentir eu estava prestando.
- Eu percebi... Menina você está toda molhada! Pode ficar doente! "Perigando" pegar uma pneumonia!
Meu ranger de dentes e meus cabelos molhados sobre minha testa, não melhoravam minha situação.
- Eu quase não fico doente, não se preocupe - Dessa vez não há santa imunidade que me ajude.
- Vem, levanta! - Puxou meu braço com delicadeza - Aonde você mora? Precisa ir pra casa! Não pode ficar sentada aqui sozinha, principalmente na chuva!
- Senhora eu não posso ir pra casa eu preciso trabalhar...
- E pretende trabalhar desse jeito? Minha filha você ao menos dormiu?
- Não...
- Pois então, trate de ir pra casa e fique longe dessa chuva!
- Sim senhora...
- Vamos o que há com você? Vem eu te dou uma carona, espero que você more perto daqui.
- Senhora Não precisa! Obrigada mas eu não quero lhe incomodar.
- Que me incomodar o que! Vamos venha, aproveite e me ajude com as sacolas.
Meus pensamentos estão tão conturbados, que nem notei que a tão simpática senhora, carregava sacolas de mercado. Coitada devem estar pesadas, levando em conta que a mesma está carregando todas as sacolas apenas em uma mão, enquanto segura sua sombrinha nada descreta na outra.
- Tudo bem, já que a senhora insiste...
- Vem segura essas sacolas pra mim, e pode me chamar de Irene, melhor do que senhora não acha?
- Sim senho... Quer dizer Irene.
A tão simpática mulher, abre a porta de seu fusca azul, e permite que eu entre, não se importando com minhas roupas encharcadas.
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Ai de mim se fosse apenas uma corda de guitarra || Mamonas Assassínas
Teen Fiction☼︎𝒮ℯ𝓇𝓰𝒾ℴ ℛℯℴ𝓁𝒾 Outubro¹⁹⁹⁵ = O nervosismo lhe consumia, Aurora tremia da cabeça aos pés. Naquele momento se passava tudo em sua mente, todos os perrengues que ela e seus amigos passaram para estarem ali. Mas Aurora sabia que aquele nervosismo...