1991, Guarulhos
Aurora
O dia passou tão rápido, que quando me dei por si, já se passavam das seis da tarde. Já era mais que a hora de voltarmos pra casa.
- No mais é isso, vai praticando esses acordes, que logo logo, você vai conseguir tocar umas músicas aí. - Falou o japonês, enquanto guardava sua guitarra.
- Nossa, valeu mesmo, e obrigado vocês por terem vindo! - Disse o rapaz de óculos, sorrindo.
- Nós que agradecemos por terem recebido a gente. - Abracei Ana Paula que retribuiu sorrindo.
- imagina, vocês são bem vindos sempre - A menina de franjinha nos acompanhou até a porta.
- Uma hora apareçam lá no Cecap, a gente sempre tá por lá estragando a música dos 'zoto - Dinho puxou eu e Alberto pelo pulso.
- Ou 'vamo marcar de vocês irem lá em casa! - Sorri amigávela afinal, adoro casa cheia.
- Passei meu telefone pro Alberto, marcamos daí! - Sorriu amigável, o rapaz de óculos.
- Tudo bem, se me derem licença - pausa dramática - agora levarei essas crianças abandonadas para uma casa, ou um canil - Disse Dinho nos puxando - A gente se vê! - Olhou para o rapaz.
- A gente se vê!
- Tchau Aurora! - Gritou Ana Paula.
- Tchau Xuxu! - Fomos caminhando em direção a parada de ônibus mais próxima, para enfim, voltarmos pra casa.
- Posso dormir na sua casa? - Perguntou o Japonês.
- Se ele puder eu também posso!
- Podem ir tirando o cavalinho da chuva, minha casa não é orfanato não! - Empurrei os dois, que estavam sentados ao meu lado.
- Ah qual é Aurora, é só hoje! - Choramingou o japonês.
- Vai Aurorinha! - O baiano fez uma carinha de cão sem dono.
- "Vai Aurorinha" - Fiz uma careta para os dois patetas em meu lado - Vocês podem até ir lá em casa - Vi um sorriso brotar nos rostos dos mesmos - Porém a janta quem vai bancar é vocês - Perderam o brilho na hora.
- Sempre comendo nas nossas custas essa esfomeada - Disse Alecsander, enquanto puxava minhas orelhas.
- Ai Ai! O combinado é esse, eu empresto a casa e vocês bancam a comida seus folgados!
- Ta bom - O Japonês se deu por rendido - O que você quer comer então, 'draguinha? - Perguntou dando seu típico sorriso.
- Deixo o cardápio da noite nas mãos de vocês, porém se for uma pizza melhor ainda! - disse sorrindo - Ou sei lá um pastelão.
- Eu vou de pastelão! - Manifestou-se o japonês.
- Tá, então 'vamo comprar aqueles pastel grande lá da padaria perto da sua casa - Disse Dinho, intercalando o olhar entre eu, e o guitarrista.
- Mas... Tem que comprar um pro Sérgio e o Samuel - Disse sorrindo amarelo, enquanto os dois rapazes me encaravam sério - Ah gente não me olhem assim, deixem de ser pão duro.
- Só porque você falou isso, 'cê vai ficar sem nada. - Disse o japonês indignado, enquanto caminhava em direção a avenida.
- Pra onde 'cê vai? - Perguntou o baiano, seguindo o mesmo.
- 'Vamo pegar um táxi! Se não a gente vai mofar aí na parada! - Sorriu sapeca - E a Aurora que vai pagar!
- Ei! Japonês! - O mesmo saiu correndo - Uma hora ele vai me pegar errada...
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Ai de mim se fosse apenas uma corda de guitarra || Mamonas Assassínas
Teen Fiction☼︎𝒮ℯ𝓇𝓰𝒾ℴ ℛℯℴ𝓁𝒾 Outubro¹⁹⁹⁵ = O nervosismo lhe consumia, Aurora tremia da cabeça aos pés. Naquele momento se passava tudo em sua mente, todos os perrengues que ela e seus amigos passaram para estarem ali. Mas Aurora sabia que aquele nervosismo...