Amor por interesse

OITO

“Eu não poderia ter planejado melhor.”

    Camila podia estar enganando a família de Lauren, mas não era tão inocente como fingia ser. Lauren ainda não entendia como Camila e Taylor tinham acabado dentro da mesma limousine, e, embora se sentisse grata por Taylor não estar sozinha no momento do parto, isso não mudava o que obviamente havia acontecido depois. Camila aproveitara esse acontecimento para se infiltrar na sua família e dar credibilidade a toda aquela história do noivado. Ela não se importava com o fato de a família ficar devastada quando ela fosse embora. A única coisa que lhe interessava era manter o controle sobre a empresa do pai e isso provava que ela era tão gananciosa e sem escrúpulos quanto a irmã.

    “Isso é bom, de outra maneira eu sentiria remorso por a estar usando.”

    O falso noivado significava que iam se ver muitas vezes durante o próximo mês. “Ah, sim!” Esse pensamento causou uma excitação imediata. Certo, ela o havia insultado e também havia dito que só queria a ajuda dela, mas o calor nos olhos de Camila quando cruzavam com os seus havia revelado o segredo.

    “Ela quer tanto quanto eu.”

    Por que não usar essa oportunidade para, finalmente, tirá-la de jogo? Se ela fizesse tudo certo, em breve poderia se livrar de dois Cabello sabendo que eles haviam recebido exatamente o que mereciam.

    Camila não era como outras mulheres que Lauren conhecia. Não havia elogios ou presentes que pudessem fazer com que ela baixasse sua defesa. Era como conquistar uma fortaleza bem protegida, requeria uma boa estratégia.

    Todo mundo tem um ponto fraco, um segredo, uma motivação inexplorada – algo que inconscientemente guia nossas decisões cotidianas. Você pode conseguir que os outros façam o que você quer se descobrir o ponto fraco delas.

    “Preciso lembrar de alguma coisa útil.”

    Camila gostava de rotinas. O terno conservador que ela usava todo dia e o fato de ela não conseguir se concentrar se o grampeador não estava no lugar certo da mesa mostravam que era uma mulher de hábitos.

    Tal como Sofia, provavelmente também era impulsiva quando não estava no controle da situação. Tudo o que ele precisava fazer era mexer um pouco com ela para fazê-la cair em sua cama.

    E sabia muito bem como realizar isso.

    Camila já havia acordado e vestido um terno cinza, como de costume, quando tocou o interfone da casa de seu pai, nos Hamptons. Há mais de um ano eles não tinham empregados porque o pai não queria que pessoas de fora da família testemunhassem o declínio de sua saúde.

    — DA Mudanças e Armazenamento.

    — Quem?

    — DA Mudanças e Armazenamento.

    Camila ligou a câmera de vigilância da calçada. O homem que falava para o intercomunicador parecia mesmo trabalhar com mudanças. A logomarca em seu uniforme era igual à do caminhão atrás dele.

    — Lamento, o senhor deve estar com o endereço errado.

    — Nos avisaram que reagiria assim, Senhorita Cabello. Fomos enviados por sua noiva.

    — Peço desculpa pela confusão, mas ela não devia ter mandado vocês virem até aqui. Eu não vou a lugar nenhum.

    O homem limpou a testa com a manga.

    — Ela também disse que você diria isso. Quer que ela cancele a reunião com seu advogado?

    “Serviço ameaçador. Que simpático!”