DEZ

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Na manhã seguinte Lauren não estava de bom humor. Até as primeiras horas da manhã tinha sido impossível adormecer, e agora acordar e não encontrar Camila em seu apartamento o irritara ainda mais. E não deveria — o que só fazia aumentar seu nervosismo.

    Lauren saiu do chuveiro e entrou em seu quarto coberto apenas por uma toalha. Escolheu vestir um daqueles que o seu pai chamava de “vestido de poderosa”. Em menos de uma hora estaria mergulhando no jargão jurídico, junto com Camila, no escritório do advogado dela. O seu humor mudou de ruim para péssimo quando o celular tocou.

    “Sofia? Ela deve estar desesperada.”

    Mal Lauren atendeu, ouviu uma acusação vinda do outro lado da linha:

    — Que diabo você anda fazendo com minha irmã, Lauren?

    — Acho que você não quer que eu faça um gráfico com os detalhes.

    Sofia respirou alto, furiosa:

    — Por que ela está na sua casa?

    — Por que você não pergunta isso para ela? Ah, lembrei, ela não atende seus telefonemas. Ela odeia você tanto como eu. Isso dói, né?

    — Como você é baixa, Lauren.

    — Talvez, mas eu não rapto mulheres. — Ah, sim, ela havia visto as notícias. No final, Sofia acabara sendo considerada uma super romântica, mas ela sabia a verdade. A pobre professorinha não teve qualquer chance contra Sofia. Sentia pena da mulher que havia tentado fugir dela e falhara. Camila era diferente. “Ela está me usando tanto quanto eu a estou usando.” — Sua irmã se mudou para minha casa porque ela quis — zombou Lauren.

    — Deixe ela fora de suas vinganças.

    “Bom, Sofia, você parece bastante desesperada. Como se sente agora? Espere, porque vai ficar ainda pior.”

    — Não posso. Você não está sabendo? Nós estamos noivas. Isso nos torna praticamente família, Sofia.

    — Vou matar você.

    — Seja mulher e não envie seus capangas. Ao contrário de você eu não me escondo atrás de seguranças. Mas eu acho que alguém que coleciona inimigos como outros colecionam moedas, precisa mesmo de proteção.

    — Você não vai vencer, Lauren. Eu vou te esmagar.

    — Isso é maneira de você falar com sua futura cunhada?

    Sofia ia começar outra ameaça quando Lauren deu uma gargalhada e desligou. Sofia estava exatamente como Lauren queria: furiosa e fora de foco. Quando voltasse atrás para verificar seu novo e cobiçado software, seria demasiado tarde.

    Lauren se dirigiu ao escritório de seu apartamento mas logo lembrou que agora aquela sala era um quarto de dormir. Praguejou.

    Normalmente seus instintos eram bem aguçados quando se tratava de ler as outras pessoas, mas sempre que pensava saber o que Camila estava fazendo descobria que ela fazia exatamente o oposto.

    A única certeza absoluta que ele tinha sobre ela era que Camila monopolizava demasiado seus pensamentos.

    Camila fingiu não reparar quando Lauren entrou no escritório de seu advogado. Virou a página da revista feminina, mas a verdade é que havia parado de ler quando o viu sair do elevador.

    Pelo ar afobado da secretária quando Lauren se dirigiu a ela, se poderia pensar que a mulher era uma estrela de cinema. Quem poderia criticar? Era bem possível que ela estivesse em um calendário, na página do mês mais QUENTE. Ela nem precisava tirar a roupa para fazer as mulheres babarem. Tinha o tipo de magnetismo animal que sempre provocava a libido feminina, independentemente do que estivesse vestindo.

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