VINTE E UM

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Camila abriu a porta de sua suíte de hotel pensando que se tratava do pedido que havia feito na recepção. Em vez disso, quem apareceu na sua frente, humilhado, foi sua irmã bilionária.

    — Posso entrar? — perguntou rispidamente Sofia.

    Ela segurava a porta com a mão esquerda.

    — Ainda não me sinto preparada para falar com você, Sofia.

    Ela não a pressionou e isso, para um mulher como ela, era sinal evidente de arrependimento.

    — Eu só queria saber se, depois do que aconteceu ontem, você está bem.

    — O que você tem medo que eu faça? — Ela empalideceu ao perceber o que a expressão dele revelava. — Não estou tão triste, Sofia. Não vou me matar.

    Sofia ficou mais pálida ainda e seus ombros caíram, abatidos. Parecia que ela não dormia havia muitos dias. Ela disse:

    — Não posso perder você de novo, Camila.

    Ela deu uns passos para trás e abriu a porta completamente.

    — Entre — convidou.

    Elas escolheram cadeiras afastadas. Camila sentou-se nervosa na ponta do seu assento. Sofia se instalou com as mãos entre os joelhos. Camila perguntou:

    — Onde você encontrou nossa mãe?

    Ela estudou a expressão dela e respondeu com cuidado:

    — Ela mesma me encontrou quando levei Abby para a ilha. A mãe achou que eu estava ficando parecida de mais com o nosso pai e quis me salvar desse destino.

    — Onde ela estava durante todo esse tempo? — Camila perguntou, em um sussurro.

    — Louis a ajudou a fugir de volta para a cidadezinha onde ela nasceu, na Cuba… Então ela forjou a própria morte, mudou de nome e viveu escondida até a morte do nosso pai.

    — Ela tinha tanto medo dele?

    — Sim.

    — Então, não fugiu porque não nos amava? — Camila mordeu o interior da boca, se impedindo de chorar.

    Sofia se inclinou um pouco para a frente, na direção da irmã:

— Ela nos amava, Camila. Ainda nos ama. Mas temia seriamente por sua vida e, provavelmente, estava certa. Mas ela quer muito ver você. Quer pedir perdão por tudo o que aconteceu.

    Camila balançou a cabeça:

    — Eu não a quero ver. Ainda não.

    Sofia assentiu com a cabeça.

    — Eu também não queria. Achei que não poderia perdoá-la. Mas ela é a nossa família, Camila, e só temos uma mãe.

    Camila tapou a boca com a mão trêmula:

    — Eu ainda estou tão brava com você, Sofia.

    Sofia se recostou na poltrona:

    — Eu sei.

    Com os olhos cheios de lágrimas por não chorar, Camila disse:

    — Você estava certa sobre Lauren. Ela não me ama.

    Sofia levantou e foi sentar ao lado dela. Repousou a mão suavemente sobre o seu braço.

    — Não, Camila. Eu estava errada. Lauren está sofrendo muito… — parou abruptamente e depois voltou a falar — Ela me procurou, hoje de manhã, e contou que usou o noivado de vocês para me manter distraída enquanto sabotava meu novo servidor de internet para a China.

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