QUATORZE

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Camila se sentia ridícula zanzando pela casa naquele biquíni vermelho e minúsculo, esperando Lauren chegar do trabalho. Quando ouviu o estalido da porta da rua, correu para a cadeira que tinha colocado no terraço e fingiu que estava apanhando sol.

    Lauren foi até lá.

    Ela fingiu não ter dado pela chegada dela. Depois disse casualmente.

    — Ah, Lauren, você já chegou.

    A expressão do rosto dela era quase cômica. Na verdade, não podia ser assim tão fácil. Podia? Primeiro passo: A Sacodida. Clara havia garantido que era superfácil porque os biquínis sempre tiravam os jauregui do sério. Até aquele momento, Camila não acreditava nela. Era tão magra e sem curvas nos lugares certos que ela própria jamais havia se considerado sexy. No entanto, quando ficou de pé, os olhos de Lauren brilharam e a boca dela abriu.

    “Afinal, isso pode ser bem divertido.”

    — Como foi o trabalho? — Ela tentou parecer normal.

    Ela não respondeu logo e isso deu a ela confiança para continuar. Camila arqueou as costas, como se estivesse se espreguiçando após um longo descanso, apreciando o impacto que seus movimentos tinham sobre ela. Então era por isso que as mulheres investem em sutiãs e roupas sexy? Saber que olhar para ela provocava estragos na capacidade de pensar de Lauren era uma grande mudança.

    Agora fazia sentido o comportamento dos homens e mulheres que haviam passado pela vida dela. Camila fora passiva e insegura, grata por qualquer pedacinho de afeto que dessem a ela, e sempre se sentia devastada quando os namorados a abandonavam. Não era surpreendente eles não a amarem quando ela própria não se valorizava.

    Sua passiva aceitação da perda também lhe custara Lauren. Agora entendia isso. Sim, ela tinha ido falar com Sofia para pedir que parasse, mas também aceitou a decisão de Sofia sem lutar. Ela aceitou a indiferença do irmão diante dos seus sentimentos como sempre havia aceitado a indiferença do pai, convencida de que não havia chance alguma de vencer os  Cabello.

    Mas ela venceu.

    Vendendo a empresa para Lauren, finalmente derrotara o pai e a irmã. Ela não era mais uma flor em meio de um espinheiro. Não precisava mais ser salva.

    Ela era livre.

    Era forte.

E desta vez iria lutar por Lauren.

    Naquele momento, isso significava viajar com ela para a Califórnia, mesmo que fosse o último lugar onde ela quisesse ir. A estratégia para conseguir isso era simples, mas ficava difícil se focar quando os olhos dela brilhavam de desejo por ela. Em resposta, o corpo dela ficava mais e mais quente, o calor se espalhando.

    — Lauren?

    — Hum?

    — Você está me ouvindo?

    O rosto dela ficou um pouquinho vermelho e Lauren balançou a cabeça, tentando clarear as ideias.

    Ela se aproximou de Lauren, apreciando a maneira como os seus olhos se abriam de prazer com os avanços dela, a maneira como ela parecia parar de respirar. O clima entre elas era… delicioso. Lauren estendeu uma mão para a cintura dela.

    — Você está mudando as regras, Camila?

    Ela deu um passo atrás.

    — Não, eu só quero perguntar uma coisa para você, mas posso vestir alguma coisa se estou incomodando.

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