TRÊS

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Quando Taylor saiu da ambulância em uma maca, seu marido a esperava, ansioso. Ele segurou a mão dela, sem vergonha de mostrar as lágrimas que corriam por seu rosto. Um dos paramédicos pediu a Richard para sair do caminho, mas ele ainda deu um beijo em sua esposa e na testa de seu filho recém-nascido. Acarinhou seu filho, como se estivesse querendo se certificar de que tudo estava bem, e depois deixou que os enfermeiros levassem a maca pelo corredor, continuando a segurar a mão de Taylor.

    Camila saiu sozinha da ambulância, se sentindo um pouco zonza com tudo aquilo. Ela não queria interromper o encontro de Taylor com seu marido, mas não sabia direito o que deveria fazer agora. Ela deveria ficar ali? Deveria ir embora? O que uma pessoa deveria fazer naquela situação?

    Uma enfermeira de meia-idade tocou o braço dela e perguntou:

    — Você gostaria de se limpar?

    Camila olhou as manchas de sangue em suas calças que nem mesmo a fazenda escura de suas roupas conseguia esconder. Ela havia se focado tanto na mãe e no bebê que nem havia reparado no sangue seco que continuava salpicando seus braços.

    — Sim, por favor. Eu não havia reparado…

    — Os bebês sempre fazem muita bagunça! — A enfermeira riu enquanto levava Camila para uma sala onde ela poderia se lavar e trocar suas roupas luxuosas por um jaleco de hospital. — A mãe deu sorte em ter você por perto. Nos contaram que você ficou todo o tempo calma e fez um excelente trabalho ajudando no parto. – Camila começou a esfregar a sujeira de sua pele, feliz por poder compartilhar sua experiência com alguém.

    — Eu me senti aterrorizada. — E se deu conta do quanto isso era absolutamente verdade.

    A enfermeira se voltou de costas, permitindo que Camila trocasse de roupa, mas continuou conversando.

    — Coragem não é não ter medo. Coragem é fazer o que é preciso ser feito, apesar do medo.

    Camila terminou de vestir o jaleco e se aproximou da moça:

    — Preciso me lembrar disso. Gostei!

    — Podemos ir? — a enfermeira perguntou, abrindo a porta da sala.

    “Ainda não”, ela gostaria de ter dito, mas não disse. Não estava certa do que queria. Sua participação em tudo aquilo havia terminado. Estava na hora de sair por uma porta lateral do hospital e ir para casa. Ela havia ajudado Taylor, mas seu lugar não era ali, com a família de Lauren. Quanto mais cedo ela fosse embora, melhor. Em vez de compartilhar seus pensamentos, ela disse que sim com a cabeça e seguiu a enfermeira até a entrada da área de emergência.

    Camila telefonou para seu motorista e ele informou que já estava com a outra limousine a caminho do hospital, mas iria demorar algum tempo por causa do tráfego. Ela foi sentar na sala de espera do hospital, se protegendo da umidade da noite. Ficar sentada lhe deu uma sensação boa. Pouco tempo depois, uma mulher idosa com um leve sotaque Espanhol se aproximou dela:

    — Camila?

    — Sim? — Camila respondeu sem entusiasmo, levantando-se cansada, agora que a adrenalina havia desaparecido. Sentia-se suja e esgotada. A última coisa que ela queria naquele momento era encontrar alguém.

    — Meu nome é Clara Jauregui, sou a mãe de Taylor. Richard nos contou que você estava aqui e eu precisava encontrá-la e agradecer por tudo o que você fez.

    “Nossa! Não podia ser algum conhecido do meu pai? Alguém para quem eu pudesse dar um sorriso fingido e me afastar rapidamente? Por que tem de ser alguém que um dia eu sonhei em conhecer?”

Amor por interesseOnde histórias criam vida. Descubra agora