Capítulo 17

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Anton
Passaram-se duas semanas, desde encontro no restaurante com Hanna. Tentei ligar para o Brian para tentar me aproximar da Hanna, ou pelo menos tentar. Eu sabia que não seria fácil, e imaginei que a essa altura ele já sabia de tudo que acontecido com Hanna no passado, aliás, tudo que fiz ela sofrer.
Mesmo assim eu precisava tentar, em uma das vezes que eu liguei, e a única vez que me atendeu, ele me disse que não deixaria eu me aproximar mais de Hanna, nunca mais! Que eu sumisse e me afastasse da vida dela, como eu já tinha feito outra vez. Dito isso, ele desligou não me deu chance de falar nada.
Porém, eu precisava me aproximar de Hanna, de qualquer jeito, custasse o que custasse, então resolvi, pesquisar um pouco mais sobre Brian, já que não nos víamos a muito tempo. Descobri tudo que precisava sobre ele, inclusive o endereço e do trabalho dele. Eu precisava descobrir como chegar até Hanna.
Vocês devem estar se perguntando porque, ao invés de pesquisar sobre a Hanna, pesquisei sobre ele. Até tentei, mas minha ex-mulher é pessoa muito reservada a ponto de ninguém acha-la, mesmo ela sendo uma mulher bem sucedida e com um trabalho muito reconhecido, não sei como ela faz para preservar sua vida privada, mas foi impossível, achar algo sobre ela, deve ter sido por isso que nunca tinha encontrado nada sobre ela, e passei esse tempo e não obtive sucesso algum, pensei até que a terra tinha a tragado.
Então o jeito foi o Brian, depois que descobri o endereço da casa e do trabalho dele, montei campana durante duas semanas, e consegui descobri onde ela mora e onde trabalha. Depois que a reencontrei não tive mais paz, não tive um segundo de sossego, meus pensamentos eram todos voltados ela, principalmente a ideia de imaginar vê-la com outro, ir para cama, o calor da pele dela, a boca dela sendo de outro. Não suporto essa ideia, o Brian não vai ficar com ela, não mesmo!
No meu trabalho, pedi autorização para exercer minhas funções apenas meio período, aleguei um desculpa bem convincente para ter problemas.
Depois dessas semanas, já estava na hora de encontrar com ela. Decidi ir no trabalho dela, entrei e fui em direção a uma moça que estava sentada por trás de uma mesa, acredito que seja a secretária dela, pedi para ela ligar para Hanna e avisar que eu estava ali, mas com um detalhe, não falei o meu verdadeiro nome, eu sabia que se falasse ela não me deixaria entrar, pela atitude que ela teve da primeira vez que me viu.
A secretária me anunciou como Pedro, demorou uns minutos, mas resolveu me atender.
Não falei nada, apenas fui entrando e caminhando em direção da mesa dela, Parei em frente, ela deixou de olhar uns documentos para me olhar, ela começa a me olhar pelo pés, e sua visão vai subindo até fitar totalmente o meu rosto. Assim que vê que sou eu, paralisou, petrificou, mas dessa vez ela não fez menção de correr, apenas congelou na cadeira sentada, e eu de pé parado bem a sua frente. Percebi que ela não encontrava as palavras para falar comigo, então quebrei aquele silêncio constrangedor.
‒ Hanna...eu fiz uma pausa, e continuei: ‒ Precisamos conversar! ‒ Será que eu posso sentar? Apontei para a cadeira que estava bem a minha frente.
‒ NÃO, NÃO PODE SENTAR, E NÃO PODEMOS FALAR, NÃO TENHO NADA PARA FALAR COM VOCÊ, SAIA DAQUI AGORA!!!! Ela me respondeu da maneira mais seca possível, senti o ódio que ela tem de mim pela forma como falou, gritando, então ela levantou da cadeira e apontou para a porta, fazendo gesto para eu sair.
‒ Por favor, me ouça, tenho algo muito importante para falar. Colocou uma das mãos no bolso e com a outra alisei o cabelo. Eu precisava falar com ela, estava escolhendo as palavras certas para dizer a verdade. Mas como se faz isso? Ela já me odeia, e quando descobrir a verdade ela vai me desprezar ainda mais. Pensei nervoso.
‒ NÃO TENHO NADA PARA FALAR COM VOCÊ, AGORA SAIA. Ela saiu de onde estava, deu a volta na mesa passando por mim, ela queria chegar até a porta, mas foi inútil, a acompanhei e segurei pelo seu braço.
‒ Eu amo você! Me perdoa! Falei segurando o braço dela. Foi o que me veio à mente, e falei sem pensar, mas é a pura verdade, nunca a esqueci e não pretendo fazer isso.
‒ Você é muito cínico mesmo, depois de tudo que me fez, aparece com a cara mais lavada do mundo dizendo que me ama. E pior ainda, pedindo para eu perdoar. Ela estava com muita raiva, vi o brilho do ressentimento em seus olhos.
‒ Eu errei, e errei feio com você, sei que não merecia nada daquilo, eu fui um fraco, um estúpido, idiota, cafajeste, tudo que você imaginar, mas eu percebi que eu estava errado. Tentei de todas as maneiras possíveis fazer com que ela me ouvisse, mas não estava conseguindo, sei que não será fácil, mas não vou desistir, pela nossa filha.
‒ Por favor, me solta, solta meu braço, não quero ouvir nada que venha de você. Apenas quero que saia daqui. Nesse momento ela me olhos bem o fundo dos olhos, tentando puxar o braço.
‒ Eu preciso...Quando estava prestes a falar sobre a nossa filha Latra ela não me deixou terminar.
‒ Eu não quero ouvir mais nada, quero que VÁ EMBORA, NÃO ME PROCURE MAIS. Puxou o braço que eu estava segurando com força para se soltar.
Nesse momento Brian entrou na sala desesperado sem bater, acredito que tenha sido porque a ouviu gritando desesperada.
‒ O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? Veio em minha direção segurando o colarinho da minha camisa ‒ VOCÊ NÃO OUVIU O QUE ELA FALOU? Ele falou descontrolado. Esse cara está pensado o quê? Tentei me soltar. A fúria dos olhos dele era nítida, mas ele não sabe quem sou eu.
‒ Brian não vale a pena, ele já está de saída, solte-o. Ouvi a voz de Hanna, que estava vindo na direção de Brian, tentando convencê-lo a me soltar. Morro de ciúmes dela, vê-la defendendo-o me tira do sério. Mas não posso perder o controle, ou ela irá me odiar mais.
‒ Você acha que vai ficar com minha esposa? Está muito engando, a Hanna temos muito incomum, mais do que ela pensa, e não vou deixá-la ficar com você! Segurei nas mãos de Brian, tentando me soltar e falando com uma voz irritada, mas com autocontrole. Fiz questão de deixar claro quais são minhas intenções com relação a Hanna, babaca idiota!
‒ BRIAN POR FAVOR, não suje suas mãos, já disse que ele não vale a pena. Hanna falou tentando fazê-lo soltar da minha camisa Foi então que ele soltou e ela entre nós dois, de costas para Brian e de frente para mim ‒ A única coisa que temos em comum é o divórcio que não tive como fazê-lo porque você me abandonou, mas já que agora você decidiu dar o ar da graça, podemos resolver isso mais fácil, e assim pode sumir da minha vida para nunca mais voltar.
Sério que ela está me dizendo isso, tenho certeza que ela mudar de ideia quando souber sobre a Lara nossa filha, e o Brian irá sair de nossas vidas, e seremos uma família feliz. Pensei para mim mesmo depois de ouvi-la dizer aquele absurdo.
‒ Você acha meu amor que vou te dar o divórcio? Deu uma gargalha jogando a cabeça para trás ‒ NUNCA! Disso tenha certeza, ainda és minha mulher, e não vou permitir que fiques com o Brian, nem com ele nem com ninguém. Você me pertence, é minha e de mais ninguém! Acariciei o seu rosto com uma de minhas mãos.
Nesse exato momento, o Brian que estava por trás dela, agora já estava me pegando pelo colarinho da camisa e deferiu dois socos na minha face, não tive como me defender porque fui pego de surpresa também, Hanna foi para cima Brian e o puxou pela cintura tentando tirar ele de cima de mim.
‒ Desgraçado vou acabar com sua vida. Sussurrei baixinho, me levantando. Minha vontade era de matá-lo ali mesmo, mas eu não podia dar mais motivos para ela me querer longe dela. Mas o que dele está guardado.
‒ BRIAN, NÃO! POR FAVOR, NÃO SUJE SUAS MÃOS. Odeio ver essa cena, a minha mulher abraçando um outro cara que não seja eu ‒ Vai embora Anton por favor, suma de nossas vidas.
‒ Eu vou meu amor, mas ainda nos veremos, o que temos é algo muito forte que vai além de qualquer coisa. Falei indo em direção a porta. Foi a melhor coisa ter ido embora naquele momento. Não consegui falar com ela hoje, mas não vou desisti, prometi a minha filha que a mãe dela iria voltar, e assim vai ser!
Brian quando ouviu essas palavras queria avançar mais uma vez em cima de mim, mas Hanna continuou segurando-o.
Quando saí de lá, fu direto para casa, entrei no meu carro e acelerei o máximo que pude, eu estava furioso, morrendo de raiva.
Gastei apenas meia hora para chegar em casa, de rápido que acelerei. Quando desci do carro, peguei meu paletó, joguei em minhas costas, segurando pelo ombro com um das mãos, e adentrei minha casa feito um raio. Subi direto para meu quarto, joguei o paletó em cima da cama, me sentei em uma das poltronas que tem em meu quarto, apoiei minha cabeça entre as mãos me inclinando para frente. Minutos depois, ouço uma batida na porta e autorizo a entrada.
‒ Papai, papai, o senhor chegou! Minha filha entrou em meu quarto se jogando em meu colo, e eu a abracei com muito carinho.
‒ Oi minha pequena, papai chegou sim! Como você está? Dei um beijo em sua bochecha depois que falei.
‒ Estou mais ou menos, querendo ver minha mãe, o senhor disse que em breve ela viria me ver, mas até agora não veio. Falou fazendo um biquinho, e olhando para mim.
‒ Eu sei meu amor que está demorando mais do que eu tinha falado, mas papai precisar resolver umas coisas ainda para ela voltar. Sei que você já esperou demais para uma criança, mas o papai prometeu e vai cumpri. Por acaso eu já deixei de cumpri uma de minhas promessas? Acariciava seus cabelinhos cor de mel, da mesma cor que da mãe, e fazendo cócegas para ela gargalhar. 
‒ Não...não papai. Ela respondeu demonstrando uma gargalhada doce ‒ papai, o que foi isso em sua boca? Ela perguntou, agora me fitando atentamente.
‒ Não foi nada meu amor, eu machuquei na porta, mas não se preocupe! Falei tocando no canto de minha boca sentindo doer ao meu toque.
‒ Presta atenção por onde anda papai. Não aguentei esse repente dela e comecei a gargalhar ‒ Agora vai, desce para ficar com a Nanci que o papai vai tomar um banho. Depois ficaremos juntos, e você irá me contar como foi na escolinha.
Ela assentiu com a cabeça, desceu do meu colo e saiu do quarto batendo a porta. Depois, fui ao banheiro estava precisando de um banho para aliviar um pouco o estresse, parei em frente ao espelho, me olhei e vi o machucado em minha boca.
‒ Isso não ficará assim Brian Bellini, vou te dar o troco da pior forma possível, tirando a Hanna de você. Murmurei sozinho me olhando no espelho e passando medicação no machucado.

Entre o amor e o ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora