Capítulo 14

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Boa leitura maravilhosas.

Ludmila Oliveira.

Há alguns meses eu teria ido para a
danceteria direto da empresa, apenas para evitar ver minhas filhas e lembrar que agora são apenas elas
duas, que Michel não está mais aqui e precisarei repassar o império construído pelo meu bisavô para
uma menina, passível de ser apunhalada pelas costas nesse mundo cruel que é o dos negócios.

Não que eu acredite que uma mulher não seja capaz de presidir um grande império empresarial, até porque apesar de tudo eu sou uma mulher,eu
acredito, o problema é que uma mulher não pode ser feliz assim.

Para começar, quando apaixonada
uma mulher perde o poder de julgar claramente, o que poderia acarretar a uma empresária um casamento por interesse, regado a mentiras e traições.

Não era o futuro que eu esperava para uma de minhas filhas.

No entanto, o fato da Bruna me fazer enxergar o quanto eu estava sendo uma babaca,me reaproximou delas, derrubou a grossa barreira de hostilidade que em minha infinita dor eu havia erguido entre nós.

Jantamos juntas na sala de refeições da mansão, com a Bruna também à mesa, em um momento inigualável, repleto de uma paz gostosa,que há muito eu não experimentava.

É impressionante como as meninas se apegaram a ela tão rapidamente.

Nunca vi minhas filhas se abrirem
assim facilmente para uma pessoa, embora possa compreendê-las, Bruna é muito especial, tem algo nela que atrai, que cativa.

Sortudo será o homem ou a mulher que um dia conquistar o seu amor e embora eu queira, como jamais quis algo na vida, não posso ser essa mulher .

Após o jantar, coloco Luna na cama e
praticamente me obrigo a sair de casa. Só vou a essa danceteria com a Thaisa porque já prometi e porque seria ainda mais difícil ficar em casa
sabendo que o objeto dos meus desejos mais primitivos está a apenas algumas portas de distância do meu quarto e ainda assim eu não posso
chegar perto.

Opto por sair em um dos carros, para não ter que obrigar o Rock a ficar acordado até de madrugada, esperando por mim, afinal ele está
velho demais para isto.

Como combinado, pego a Thaisa em sua casa e rumamos para o centro de
Fairbanks.

A nova danceteria se difere de todas as demais casas noturnas da cidade.

Com a fachada na réplica de um castelo medieval mal-assombrado,
traz imagens de bruxos e duendes do lado de fora,sendo bem iluminada e bastante chamativa.

Acredito que agradará ao gosto dos jovens baladeiros da cidade. Do lado de dentro a decoração continua no mesmo estilo, só que com mesclagens de detalhes futurísticos, presentes
principalmente na arquitetura do espaço, nos jogos de luzes e até no conforto dos assentos.

Como eu já imaginava, a maioria das pessoas presentes são jovens entre dezoito e vinte dois anos, ainda assim não me sinto deslocada com meus trinta anos , mas apenas incomodada com a barulheira da música alta demais, ao som da qual todo mundo se agita freneticamente.

Thaisa e eu subimos para a área vip, onde o som da música é mais ameno e nos acomodamos confortavelmente a uma mesa, de onde podemos enxergar os dançarinos pulando como loucos.

Aos meus dezoito anos, eu teria
adorado um lugar como esse. — falo, alterando o tom da voz para que se sobressaia ao som da música.

Ainda há tempo de gostar. Você não está velha, nem eu. — Ela me dá uma piscadela maliciosa e relembro o tempo em que éramos amantes.

Cicatrizes (versão brumilla ) Onde histórias criam vida. Descubra agora